terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Uma raridade: prisão perpétua para um grande criminoso

Foto: Reuters

Ruanda, África. Em 1994, em 100 dias, hutus enfurecidos mataram 800 mil tutsis e hutus moderados. A maioria foi morta a golpes de facões. Foi um dos maiores genocídios da História.

Hoje, em dezembro de 2008, o coronel hutu Bagosora foi condenado à prisão perpétua por tribunal da ONU, por haver organizado e comandado o massacre. As fotos são de 1994 e 1995.




Leia mais sobre o assunto


Indicação de filme: Hotel Ruanda
Um novo genocídio anunciado
Genocídio à vista nos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU
Livro de Immaculée Ilibagiza: Sobrevivi para contar

Não dá para ficar calado.

Da série "Demagogia às custas de crianças"

Foto: André Teixeira / O Globo

Veja mais fotos da série "Demagogia às custas de crianças".

Não dá para ficar calado.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

"O americano de 16 anos é um idiota"

Com o título acima, a revista Isto É de 15/12 publica uma entrevista com Mark Bauerlein, professor americano, autor do livro "The dumbest generation" (A geração mais idiota).

O Observatório da Infância já divulgou com o título "Distrações digitais emburrecem a juventude, afirma especialista." artigo sobre as opiniões de Mark Bauerlein. Ele considera que os jovens gastam muito tempo nas redes sociais da Internet, como o MySpace; ou escrevendo, falando no celular e enviando mensagens de texto. Precisam falar de si mesmos.

O americano de 16 anos só está interessado em outros americanos de 16 anos. Nada mais interessa. Não gosta de ler porque dá trabalho. Não se relaciona com adultos. Sua cultura é limitada a informações rápidas e curtas na tela. "A primeira coisa que fazem quando saem da aula é ligar o celular e ver se receberam alguma mensagem. Basta olhar a cara deles para notar que não estão felizes, parecem apreensivos como que pensando: E se ninguém tiver escrito para mim?".

O fato é que apesar de todos os benefícios da Internet, ela além de servir aos pedófilos com eficácia e aos praticantes do cyberbullying, também está sendo acusada de ser responsável pelo "emburrecimento" da juventude.

O limite do uso da Internet e a busca de outras formas de lazer e o estímulo à leitura compete aos pais.

Não dá para ficar calado.

Eutanásia

O minúsculo Luxemburgo, país espremido entre a Bélgica, a Ruanda e a França, tornou-se o quarto país a legalizar a eutanásia, depois de Holanda, Bélgica e Colômbia.

O direito de decidir sobre a própria morte é um tema polêmico que já sem sendo enfocado no site Observatório da Infância e no blog Não dá para ficar calado. A indicação de filmes sobre eutanásia é das seções mais visitadas no site.

Leia os artigos:
Eutanásia. Hannah, 13 anos: "Quero morrer feliz, calmamente, em casa, entre os que me amam"
O direito a uma morte digna.
Eutanásia e suicídio assistido.

Não dá para ficar calado.

Jornalista, atirando sapatos sobre Bush e ofendendo-o com a palavra "cachorro", resgatou a dignidade do povo iraquiano.


Foto: Karim Kadim / AP
"Viva Sapato! Calçado é erguido em protesto contra a ida e George W. Bush a bairro xiita de Bagdá e em alusão aos sapatos atirados contra ele por um jornalista iraquiano, elogiado em países árabes."(Folha de São Paulo)


Em 6 anos de invasão do Iraque, o presidente George W. Bush comandou do seu gabinete americanos que mataram mais de 90 mil civis iraquianos, que promoveram a tortura (ver filme e ler livro "Procedimento Operacional Padrão"). Soldados americanos que arrasaram um país com a justificativa de democratizá-lo, que conseguiram gastar 576 bilhões de dólares com essa guerra absurda.

Pois depois disso tudo. Faltando poucos dias para o término do mandato, tem Bush o desplante de visitar o país, que destruiu sobre falsos e cínicos argumentos, e aparecer sorridente e otimista para entrevista coletiva com a imprensa. Recebeu o que merecia.

Parabéns ao jornalista, que com o seu ato de atirar seus sapatos sobre Bush, chamando-o de cachorro (palavra de forte significado ofensivo entre os árabes), simbolizou o desprezo do povo iraquiano pelo invasor e pelas tropas de ocupação. O jornalista, hoje considerado um herói, não só em seu país, mas também em países árabes vizinhos, teve a coragem de mostrar ao mundo que os iraquianos sabem bem quem são seus inimigos.

O simbolismo do ato praticado pelo jornalista ultrapassa em muito o próprio ato, considerado por Bush ironicamente como um momento bizarro na sua vida. E ultrapassa em importância até mesmo as palavras que o jornalista gritou para Bush:

"Este é um presente do povo iraquiano, seu beijo de despedida, cachorro! Pelas viúvas, órfãos e assassinados no Iraque."

Não dá para ficar calado.

Dislexia: uma realidade, exagero de diagnóstico ou invenção a serviço do mercado e do controle social?

Matéria publicada em 09/12/08 na Folha de São Paulo com o título "Projeto de Lei reabre debate sobre dislexia", tem merecido várias cartas publicadas no jornal. As opiniões são contraditórias. A última, publicada em 14/12, de uma psicóloga do Serviço de Psicologia Escolar da USP, critica o exagero no diagnóstico de dislexia, inclusive aqueles feitos pela Associação Brasileira de Dislexia, e faz sérias acusações.

O fato é que, antes de ser diagnosticada uma criança como disléxica, deve ser considerado o tempo de cada criança, que é extremamente variável, e as condições do ensino onde a criança estuda. O exagero leva a acusações de mercantilismo por parte de especialistas e sobretudo, pode causar graves danos a crianças e suas famílias.

O assunto é sério e preocupante e merece amplo debate entre especialistas.

Não dá para ficar calado.

Sobre crack: leia e discuta em sala de aula e na família.

No último fim de semana alguns jornais alertaram para o perigo da extensão do uso do crack pelo país. Uma reportagem especial, fruto de um jornalismo investigativo de alta qualidade, merece ser lida e discutida em sala de aula. Foi publicada no Estado de São Paulo de 14/12 e o repórter é Bruno Paes Manso.

O crack é uma forma de cocaína barata, de efeitos rápidos e fugazes. Pelo seu baixo preço tem se tornado popular. O crack é fumado em cachimbos improvisados e atinge rapidamente os pulmões e logo a corrente sanguínea. Os usuários tornam-se rapidamente dependentes. A necessidade da droga os leva a se agrupar em locais já chamados de cracolândia, para obterem a droga. Crianças, adolescentes e mulheres grávidas são vistas nesses locais, lutando em desespero e de uma forma degradante pelo acesso a um pouco da droga.

O tratamento para a dependência do crack é complicado. Os usuários resistem à abordagem médica ou psicológica e não há ou há raros centros ou hospitais especializados. O apoio familiar é fundamental. Mas o uso da droga avança rapidamente, pelo que se tem noticiado por todo o país. Os usuários costumam ser os próprios traficantes. Em São Paulo, a cracolândia está situada na confluência das ruas Helvetia e Guaianases. O ponto também é chamado de "Estação Zumbi" ou "Parque dos Monstros".

O acesso à reportagem do jornal O Estado de São Paulo (Em 20 anos, crack alcançou todo o País )de 14/12/08, pode ser feito através do link: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20081214/not_imp293568,0.php

É fundamental que pais e educadores leiam e discutam com seus filhos e alunos o teor dessa reportagem.

Não dá para ficar calado.

Bebê de 8 meses morre eletrocutado em casa

Os jornais noticiaram recentemente que um bebê de 8 meses morreu eletrocutado ao mexer em uma tomada elétrica, na própria casa, em Realengo, subúrbio do Rio.

Os acidentes são a principal causa de morte de crianças após os 2 anos de idade no Brasil. A maioria deles ocorre dentro da própria casa da criança.

No caso específico acima citado, não se conhece detalhes, mas é estranhável a morte de uma criança por choque elétrico com corrente de 110V. Se a criança estiver molhada, o risco de uma lesão grave pelo choque elétrico é maior. O fato de ser um bebê de 8 meses pode ser outro fator agravante. Também creio ser incomum que um bebê de 8 meses, que seguramente mal engatinha, tenha a habilidade para provocar tal acidente. De toda forma, é um alerta para todos.

Crianças devem ser vigiadas. E acidentes devem e podem ser prevenidos. A nuance entre acidente e negligência é muito tênue e deve sempre ser considerada.

Veja as dicas de prevenção de acidentes na infância, indicadas pela Sociedade Brasileira de Pediatra, no site Observatório da Infância.

Não dá para ficar calado.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O que nossos filhos aprendem: Teoria da Evolução X Criacionismo

Matéria do Jornal O Estado de São Paulo de 08/12 analisou o fato de as escolas do Ensino Fundamental adotarem o Criacionismo em aulas de Ciências. As escolas católicas, batistas e adventistas do país estariam adotando como correntes científicas a Teoria Evolucionista e o papel de Darwin, mas também como possibilidade científica contraditória, o Criacionismo.

Não dá para ficar calado.



Opine

Que explicação você aceita e como orienta seus filhos sobre a criação do mundo?

Criacionismo
Teoria da Evolução



Notícia a posteriore:
A Folha de São Paulo de 13/12/08 divulgou matéria sobre a tomada de posição do Ministério da Educação no debate relativo ao ensino do criacionismo nas escolas do país. Segundo o MEC, o criacionismo pode ser discutido em aulas de religião como visão teológica, mas nunca nas aulas de ciências.

Não dá para ficar calado.

Aos 60 anos da Declaração Universal do Direitos Humanos da ONU, persistem tragédias que são inaceitáveis



Hoje, 10/12, completa 60 anos a Declaração Universal do Direitos Humanos da ONU. São 30 artigos. O primeiro é o mais conhecido e incontestável: "Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos".

Algumas tragédias com as quais convivemos são tão degradantes que a sensação de impotência domina aqueles que depositam na Declaração suas esperanças de ao menos ver cumprido seu artigo 1º. Os países africanos talvez sejam os maiores protagonistas da violaçãos de todos os artigos da Declaração.

Já abordamos no site Observatório da Infância a grande possibilidade de ocorrer um genocídio na República Democrática do Congo, como já aconteceu em Ruanda, há anos atrás. Quando, em 100 dias, quase 1 milhão de pessoas foram mortas.

O Zimbábue, país do sudeste africano está vivendo um caos. Além da desnutrição e da AIDS, está em franco progresso uma epidemia de cólera, que já matou mais de 700 pessoas e corre o risco de se espalhar por países vizinhos.

A República do Zimbábue, a antiga Rodésia, era uma colônia da Inglaterra. Os ingleses lá se instalaram em 1890, para extrair ouro e outros minerais. A independência veio, após 90 anos de dominação e exploração, em 1980. Desde então, portanto há 27 anos, é o país presidido por Robert Mubabe, hoje um ditador que se nega a abandonar o poder. A inflação está hoje em 231 milhões por cento ao ano!!! O desemprego é de 80%. Há 1 milhão e 800 mil pessoas contaminadas pelo HIV (cerca de 20% da população).

O que deveria fazer a ONU para efetivamente controlar esse continuado desrespeito aos direitos fundamentais?


Não dá para ficar calado.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Vacina contra gripe

O artigo "Consenso para o Tratamento e Profilaxia da Influenza (Gripe) no Brasil" está sendo divulgado no site da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria). Em razão da sua importância, estamos reproduzindo aqui no Observatório da Infância.

É importante para todos saberem que existe vacina para evitar a Influenza (Gripe) e que ela deve ser aplicada em todas as crianças de 6 a 59 meses e em vários outros grupos de crianças, adolescentes e adultos, a critério médico.

Mas não confunda gripe (Influenza) com resfriado comum. Conheça as diferenças entre as duas doenças no artigo em questão. E não pense que seu filho deixará de ter resfriados porque recebeu a vacina contra a gripe.

Não dá para ficar calado.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Adoção por casais homossexuais

Em enquete publicada no blog, comunicamos a decisão histórica no Brasil, da Justiça conceder adoção a um casal homossexual, que estava na fila do Juizado da Infância e da Juventude de Recife. Até o momento, 55% mostrou-se a favor e 45% contra a adoção de crianças por homossexuais.

O tema é controvertido em todo o mundo e as opiniões são divididas.

Para esquentar a discussão, deve ser visto um bom filme francês, que está em cartaz. Uma comédia cujo título em português (Baby Love) nada diz. O título original é "Comme Les Autres".

Leia também: O destino das crianças não desejadas.

Não dá para ficar calado.

Rejeição de bebê pela mãe pode ocorrer logo após o parto

O jornal O Estado de São Paulo de 23/11 divulgou o resultado de importante pesquisa feita pelo Instituto de Psicologia da USP sobre a ocorrência da depressão pós-parto.

Os números mostraram que 35% das mães atendidas em hospitais públicos apresentaram quadro de depressão pós-parto. Em hospitais privados a incidência foi de 7%.

A depressão pós-parto é um sério problema de saúde que afeta não só as mães, mas também seus bebês. Tradicionalmente as mulheres esperam que a vivência de ter um filho e da experiência da maternidade sejam prazerosas, gratificantes e plenas de realizações. Não é o que ocorre em muitas vezes.

A mãe, logo após o parto, pode rejeitar o bebê, ter sentimentos agressivos em relação a ele e até agredi-lo. Se os sintomas não desaparecerem nas primeiras duas semanas após o nascimento do bebê, é imperiosa a procura de ajuda psiquiátrica. Muitas vezes essas mães necessitam de psicoterapia e de medicamentos antidepressivos.

A criança para bem se desenvolver no ambiente familiar precisa se sentir amada e, sobretudo, necessita criar um forte vínculo com a mãe. As primeiras semanas da relação mãe-bebê são fundamentais. A mãe que rejeita o filho pode desenvolver forte sentimento de culpa e o bebê, por sua vez, registrará muito bem aqueles momentos de rejeição.

Como sempre, a prevenção é o melhor caminho. Sabendo-se da sua grande incidência, a depressão pós-parto deveria ser abordada no pré-natal e no pós-parto imediato, por equipes multiprofissionais.

Não dá para ficar calado.

Crianças e adolescentes podem se tornar vítimas do bullying na Internet

Vocês se lembram da adolescente americana Megan Meier, que não suportando as perseguições feitas a ela através da Internet por um suposto Josh Evans, suicidou-se em sua casa, em uma pequena cidade americana do Missouri? O Observatório da Infância abordou o assunto em 18 de janeiro de 2008.

Agora, dois anos após, promotores públicos federais levaram ao tribunal a mulher Lori Drew, vizinha de Megan, sob acusação de ter ela criado o falso perfil no site de relacionamento com o objetivo de ofender e perseguir Megan, o que acabou motivando o seu suicídio.

Lore Drew pode pegar 15 anos de prisão por criar perfil falso no MySpace. A morte de Megan, tem levado a intensa discussão sobre a responsabilidade da mulher na morte da adolescente. Em recente pesquisa sobre se ela deveria ser condenada por criar conta falsa, 84% acharam que sim.

O cyberbullying é uma realidade. Os pais devem ficar atentos ao relacionamento de seus filhos com o computador. Leia as recomendações do Observatório da Infância.

Não dá para ficar calado.

Crianças esquecidas em carros pelos pais

Segundo uma usuária do Observatório da Infância, no Japão é freqüente o "esquecimento" de crianças no carros quando o pais vão, por exemplo, ao supermercado. A solução lá foi colocar um aviso no estacionamento dos supermercados: "Proteja este sono, você não esqueceu seu filho no interior do veículo?".

No Brasil, até mortes de crianças esquecidas já ocorreram. Há dois dias, um bebê de 5 meses foi esquecido pelos pais dentro de um carrinho de compras em um supermercado em Itu/SP. Os pais, horas após, disseram que estavam atrasados para um compromisso e esqueceram a menina no supermercado.

Por que não adotar no Brasil a mesma medida usada no Japão?

Não dá para ficar calado.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Símbolos de pedofilia

Recebemos vários e-mails (como este reproduzido abaixo) sobre símbolos de pedofilia e solicitando a divulgação.
É o que estamos fazendo.

Não dá para ficar calado.


Os triângulos representam homens que adoram meninos (o detalhe cruel é o triângulo mais fino, que representam homens que gostam de meninos bem pequenos); o coração são homens (ou mulheres) que gostam de meninas e a borboleta são aqueles que gostam de ambos. De acordo com a revista, são informações coletadas pelo FBI durantes suas investigações. A idéia dos triângulos e corações concêntricos é a da figura maior envolvendo a figura menor, numa genialidade pervertida de um conceito gráfico. Existe um requinte de crueldade, pois esses seres fazem questão de se exibirem em código para outros, fazendo desses símbolos bijuterias, moedas, troféus, adesivo e o escambau. Infelizmente, é o design gráfico a serviço do mal.


sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Abuso sexual por padres da Igreja Católica

Em Brasília, um padre foi acusado de abusar sexualmente de um adolescente. A notícia é do Correio Brasiliense de 15/10/2008.

Desde o ano de 2002, quando se descortinou a trágica realidade de inúmeros padres nos EUA que abusaram sexualmente de adolescentes durante anos, a notícia de outros casos se tornou repetitiva.

É evidente que o abuso sexual de crianças e adolescentes não ocorre predominantemente na Igreja Católica. A maior parte acontece na própria casa e o abusador costuma ser o pai, o padrasto, o avô, o tio e outros parentes. Além dos familiares, as estatísticas revelam como abusadores pessoas geralmente bem inseridas na sociedade e que detêm uma relação de poder com a vítima. No caso do padres católicos, chama a atenção uma particularidade importante. Na imensa maioria dos casos a vítima é do sexo masculino e, ao contrário do abuso sexual intrafamiliar, a vítima é geralmente um adolescente ou até adulto jovem de 18, 19 e 20 anos. Ou seja, a predileção não é por crianças e adolescentes impúberes, como no caso dos pedófilos.

A Igreja tem combatido oficialmente o abuso sexual no seu meio. Algumas considerações podem colaborar no combate a essa violência sexual. Deve se lembrar que o abusador sexual não é sempre um pedófilo, ou seja, um doente, pervertido sexual, com obsessão e compulsão por crianças e adolescentes de até 12 ou 13 anos, ou no máximo no início da puberdade. Não é o que ocorre com os religiosos envolvidos, que não têm entre suas vítimas crianças até menores de 5 anos, como ocorre com os pedófilos.

Pode-se considerar que os religiosos abusadores sexuais são homossexuais masculinos e pederastas. Ou seja, abusadores sexuais de adolescentes do sexo masculino. É de se indagar que tipo de patologia envolve esses padres abusadores sexuais, uma vez que o seu perfil não é de um pedófilo.

Não dá para ficar calado.
Você já conheceu alguma situação de abuso sexual de crianças ou adolescentes por padres da Igreja Católica? Qual o sexo da vítima?
Sim
Não
Masculino
Feminino


Infanticídio. Dê a sua opinião a respeito.

No Paraná, mulher de 26 anos, pobre, solteira, mãe de 3 filhos, esconde de todos outra gravidez. Quando o bebê nasce, ela o coloca dentro de um saco plástico e joga no rio. O bebê, já morto, foi resgatado pelos bombeiros. Pela lei ela praticou infanticídio, crime que prevê pena de 2 a 6 anos de detenção.
Não dá para ficar calado.

Faça o seu comentário a respeito.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Dia da Criança sem Justiça e sem proteção para as crianças

88% dos usuários do site que responderam à última pesquisa, responsabilizaram a juíza da Infância e da Juventude e uma conselheira tutelar de Ribeirão Pires / SP por terem retirado de um abrigo e mandado para casa os meninos Igor e João Vitor, que foram mortos pelos pais, no dia seguinte. Este resultado merece ser destacado. Não há dúvidas. Aqueles meninos estariam vivos hoje se tivessem permanecido no abrigo.

É importante e urgente reconhecer a necessidade de ampliar o número de Varas da Infância e da Juventude. No País, das 2643 Comarcas, apenas 92 têm Varas de Família, o que corresponde a 3,4% apenas. É óbvio que se espera juizes bem qualificados para o difícil trabalho de atuar com crianças e adolescentes em situação de risco e vítimas de maus-tratos pelos próprios pais e de negligência, não só pelos pais, mas pelo Estado.

Situação semelhante ocorre com os Conselhos Tutelares. Se oficialmente em 88% dos mais de 5500 municípios brasileiros há Conselhos Tutelares, quantos estão realmente implantados? Quantos estão trabalhando com uma infra-estrutura mínima (espaço físico, equipamentos e meios de locomoção)? E pior, quantos conselheiros estão bem capacitados para atuar com as complexas situações envolvendo crianças em situação de risco e suas famílias?

A se julgar pelos e-mails que o Observatório da Infância recebe e pelas informações que temos, podemos dizer que uma grande parte dos conselhos tutelares trabalha sem infra-estrutura mínima e com conselheiros não capacitados.

Não dá para ficar calado.




Se você algum dia já procurou um Conselho Tutelar, como você classifica o atendimento?

Ótimo
Bom
Regular
Péssimo



sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Município tem que pagar multa diária por cada criança sem vaga em creche pública

Uma notícia animadora para aqueles que não conseguem vagas em creches públicas para seus filhos. Em Araraquara (SP), uma ação civil pública proposta pela Promotoria da Infância e da Adolescência levou à condenação do município que deverá pagar multa diária de R$ 100 por cada criança de 0 a 3 anos que teve a matrícula recusada na rede municipal de ensino, por falta de vagas.

O direito de crianças à educação infantil e a obrigação do município em provê-la é reconhecido pelo Superior Tribunal Federal (STF).

A notícia foi publicada no jornal O Estado de São Paulo de 03/10/08.

Aguardemos que em outros municípios o Ministério Público proceda da mesma forma.

Não dá para ficar calado.

Com quem você deixa seu filho de 0 a 3 anos?
Creche pública
Creche particular
"Tomadora de conta" remunerada
Avós
Outros parentes


terça-feira, 30 de setembro de 2008

Paródia com a classe média

A música abaixo retrata bem a atual classe média brasileira.


Não dá para ficar calado.

Fome


É chocante. É degradante. Mas essas crianças existem. É bom não esquecermos.

Veja a apresentação de slides sobre o tema clicando aqui.

Não dá para ficar calado.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Incrível. Ladrão furta carro com criança dentro e avisa à polícia

A que ponto chega o desprezo dos pais pela segurança dos filhos.

Em Passo Fundo (RS), mãe e padrasto de uma criança de 5 anos, a deixaram dormindo no carro, às 2 horas da manhã, e foram para um bar se divertir. Um ladrão furta o carro com a criança e avisa à polícia. O diálogo do bandido com a polícia é surrealista:

"É o seguinte. Vou ser bem sincero pra ti. Eu roubei um carro. Agora. Eu peguei o carro e tinha uma criança dentro. Eu não vi, entendeu? Então tu manda uma viatura lá e manda o filho da puta do pai dele pegar ele e levar pra casa. Um piazinho, tá?

Que carro é? - policial.

É um monza. Tem um piazinho dormindo no banco de trás. E diz pro filho da puta que da próxima vez que eu pegar aquele auto e tiver um piá lá, eu vou matar ele."

A negligência com os filhos parece já fazer parte do comportamento dos pais. Fica sempre a pergunta: se filhos são um estorvo para você, por que tê-los?

Não dá para ficar calado.

Menino de 9 anos morre após cair do 9º andar de prédio em São Paulo

O fato ocorreu ontem, dia 22 de setembro, à tarde. O garoto estava sozinho. Faltam notícias, mas sabe-se que o menino morava com a mãe e os avós, que estavam ausentes.

Mais um caso de negligência com morte?

Não dá para ficar calado.

Violência nas escolas

Três casos recentes nos chamam a atenção. No dia 30 de agosto, em Silva Jardim, Samuel, de 17 anos, morreu após receber vários tapas na cabeça, dos seus colegas. Típico caso de bullying.

Em São Paulo, um adolescente de 14 anos, Luiz Rodrigo, morreu após ser espancado pelos colegas na escola pública Municipal CEU / Vila Rubi. Outro caso típico de bullying.

Finalmente, muito distante de nós, na pequena localidade de Kauhajoki, na Finlândia, um jovem abriu fogo contra seus colegas e tentou se matar. O atirador tem 22 anos e no YouTube definiu seu perfil: interessado em computadores, armas, sexo, cerveja e filmes de terror. Em novembro do ano passado situação semelhando ocorreu na Finlândia, quando um jovem disparou contra os alunos e professores de uma escola. Matou 8 pessoas e suicidou-se.

Bullying / violência nas escolas. Assuntos para não serem esquecidos.

Não dá para ficar calado.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

João Vitor, Igor, Pedrinho, Isabella.

A imprensa não pode deixar de escrever e falar dessas crianças, todas barbaramente assassinadas pelos seus pais. É necessário manter o povo informado sobre esses crimes cometidos contra seres indefesos.

Quando vai ocorrer o julgamento do casal Nardoni? Os pais de Pedrinho estão soltos? A madrasta e o pai de Igor e João Vitor estão presos. E a responsabilização da juíza e da conselheira tutelar? Esses profissionais retiraram essa criança de um abrigo e os encaminharam, apesar de todos os maus-tratos que já haviam sofrido, para o local onde seriam vítimas de um verdadeiro ritual macabro que incluiu morte por sufocação, corpos queimados e esquartejados.

Ninguém pode calar.

O pequeno escrito de João Vitor no abrigo, publicado no jornal O Estado de São Paulo é emocionante e pode ser lido abaixo:

"Eu queria uma vida tranqüila.
Eu queria ter a minha mãe.
Eu queria ver o meu avô.
E ser um policial.
Eu queria amar os outros e não ter inveja.
Eu queria ter Deus no coração.
Eu queria ter uma bicicleta.

Ass: João Vitor."

Não dá para ficar calado.

Todas as crianças de até 5 anos de idade têm direito à creche de qualidade

A morte de Viviane, de 1 ano e 9 meses, em 11/09/08 dentro de uma "creche" de São Paulo ainda não está esclarecida. Na realidade não era uma creche. Era a casa de uma senhora, a Tia Marli, que há 20 anos recebe crianças para tomar conta, enquanto os pais trabalham, cobrando entre R$ 50 e R$ 150/mês por criança. Tomava conta de 30 crianças com o auxílio de duas ajudantes. Todos os vizinhos são unânimes em elogiar a Tia Marli.

A creche improvisada é comum em todo o país. Talvez algumas mereçam elogios como a da Tia Marli. Outras na certa que não. Mas todas são irregulares e sem fiscalização e demonstram absolutamente o não cumprimento da lei pelas autoridades. Todas as crianças têm direito à educação infantil de qualidade.

Não dá para ficar calado.

Igor e João Vitor. Qual é a sua opinião? Omissão, imperícia, negligência?

A promotora da Infância de Ribeirão Pires foi contra a decisão de juíza local de mandar para casa esses meninos que foram assassinados pelo pai e pela madrasta.

O jornal O Estado de São Paulo está atento e informando diariamente sobre o assassinato dos meninos Igor e João Vitor. Na edição de hoje, 16/09/08, relata que a promotora da infância de Ribeirão Preto, Terezinha Aparecida Rocha, tentou legalmente impedir a saída dos irmãos do abrigo, alegando que os pais respondia a processo por tortura contra os filhos. Mesmo assim a juíza da infância, Isabel Cardoso da Cunha Lopes Enei, decidiu retirar as crianças do abrigo e mandá-los para casa. O Tribunal de Justiça já saiu em defesa da juíza. A sensação é de corporativismo no judiciário local.

O Estado representado pela juíza, assim como o Conselho Tutelar local eleito pelo povo, não protegeram essas crianças e devem ser responsabilizados.

Não dá para ficar calado.

Fume, mate e morra.

A população em massa (segundo as pesquisas, mais de 70%) condenou a atitude do presidente Lula, defendendo o uso do fumo, enquanto pitava uma cigarrilha. O presidente com seu mau exemplo mostrou-se não só na contramão, mas também ultrapassado e démodé. O oncologista Marcos Moraes, presidente da Academia Nacional de Medicina, em O Globo de 11/09/08, alerta-nos para outras não totalmente improváveis atitudes do presidente do Brasil:

"Para mim não seria surpresa também ouvir do senhor que beber é um vício e que é contra a medicina que proíbe beber e dirigir.

Enfim, que interesses o movem, sr, presidente? De qual lado o senhor está?

É melhor que adote o bom senso e dirija o nosso Brasil na direção correta."

Sem dúvida nenhuma, quem mais apreciou o exemplo dado pelo presidente foi a indústria tabagista.

Leia também:
Presidente do Brasil defende o uso do fumo!

Não dá para ficar calado.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Quedas de bebês de janela. Uma epidemia?

Não! Casos como esse ocorrido em Bombinhas, litoral de Santa Catarina, onde um bebê de 1 ano e 3 meses caiu do 3º andar e está internado em estado grave acontecem sempre. O que vem ocorrendo é que a imprensa, atenta, aproveita o "gancho" para publicar outros casos. Isso é bom. Para mudar o comportamento de pais negligentes é necessário muita divulgação do fato e de suas conseqüências, às vezes trágicas.

É indispensável também que esses pais sejam denunciados. Não é aceitável que crianças morram ou fiquem com seqüelas, às vezes graves, por falta de cuidado, de vigilância e por ausência de medidas simples e indispensáveis para evitar essas tragédias, como as telas ou grades nas janelas ou varandas.

É sempre oportuno reiterar aqui que esses casos não podem ser chamados de acidentes. Eles poderiam ter sido evitados e não o foram. Trata-se, portanto de negligência contra crianças.

Prédio de onde o bebê de 1 ano e 3 meses caiu, em Bombinhas (SC)
Foto: Marcos Porto / Agência RBS


Não dá para ficar calado.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Em conseqüência de catapora, criança teve que amputar as duas pernas e um antebraço.

Talvez muitos se recordem do artigo do Observatório da Infância (Seu filho recebeu todas as vacinas a que tem direito? Exija.) sobre o direito de todas as crianças receberem todas as vacinas disponíveis no mercado internacional. À época foi relatado que havia uma menina de 2 anos e 6 meses lutando pela vida em uma unidade de terapia intensiva do Rio, em razão de uma complicação de catapora, a "purpura fulminans", que causa lesão grave dos vasos sanguíneos periféricos.

Ela está viva e em breve terá alta hospitalar. Contudo teve que amputar as duas pernas acima do joelho e um dos membros superiores acima do cotovelo, em conseqüência da gangrena, causada pela doença. A catapora geralmente é benigna, mas pode em alguns casos levar a complicações como a que aconteceu com essa criança.

Vacina não pode ser privilégio daqueles que podem pagar pela sua aplicação em clínicas particulares.

Não dá para ficar calado.


Você já vacinou seu filho contra a catapora?
Sim
Não


sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Presidente do Brasil defende o uso do fumo!

Foto: Dida Sampaio/AE

Na realidade não creio que Lula seja um modelo para muitas pessoas. Contudo, a figura do presidente da república defendendo o uso irrestrito do fumo e se colocando contra o projeto do Ministério da Saúde de seu próprio governo, que libera o fumo apenas na própria casa e na rua, é um absurdo e um péssimo exemplo. Os males causados pelo fumo para o usuário e para os fumantes passivos são incontestáveis. E o presidente da república dá uma entrevista fumando uma cigarrilha e afirmando que na sua sala, "quem manda é ele". E ele quer fumar.

Ninguém mais estranha as declarações, quem beiram a infantilidade, do nosso presidente da república, mas é lastimável que ele ao invés de se engajar na luta anti-tabaco, dê um péssimo exemplo.

Não dá para ficar calado.

Negligência: outro bebê cai de janela

Em Recife, Eric, de 2 anos, caiu do 3º andar do prédio onde mora com sua família, após subir no sofá junto à janela. Salvou-se.

Em poucos dias, foram divulgados 3 casos de quedas de criança pela janela: 1 em Curitiba e 2 em Recife. Alcides, de 3 anos, morreu. Cauã e Eric de 2 anos salvaram-se. São todas típicas situações de negligência e os responsáveis devem ser julgados.

Não dá pra ficar calado.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Problemas da infância perdem espaço na mídia para algemas!

Soa tão ridículo para a população a discussão sobre o uso ou não de algemas! Será que o vaidosíssimo presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, sabe disso?

O mais grave é o espaço que a mídia dá para uma polêmica que não interessa à população. Os jornais de hoje, 20/08, divulgam várias páginas com declarações do presidente do STF, de enfrentamento verbal com o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Correa. As frases do presidente do STF, irônicas, com pretensão de bom humor, transparecem na realidade autoritarismo, arrogância e vaidade.

Como qualquer cidadão, conclamo a mídia para reservar seus espaços para situações mais importantes. Se pela lei à criança é garantida prioridade e primazia, em nome dela, o Observatório da Infância solicita melhor uso do espaço nos jornais.

Não dá para ficar calado.

Pais dormem sobre bebê e o matam por asfixia

Creio que poucos terão lido a notícia da morte de um bebê de 24 dias, asfixiado pelos próprios pais que, na cama de casal, dormiram sobre a criança, matando-a. A tragédia ocorreu em um hotel em Goiância (GO), onde eles estavam hospedados. O casal vive em São Paulo e viajava a passeio.

Essa situação não é desconhecida dos pediatras. No caso, a morte do bebê parece não ter sido proposital, mas em muitos outros casos já descritos, a mãe por razões diversas, deliberadamente sufoca o bebê (geralmente recém-nascido) com o travesseiro.

O estudo da Síndrome da Morte Súbita, ainda um campo obscuro na pediatria, vem aos poucos encontrando causas para as mortes sem explicações de muitos bebês nos primeiros dias ou meses de vida. Uma delas é a asfixia causada pela própria mãe e que vinha sendo incluída nos casos de morte súbita. Persiste ainda a dúvida sobre o diagnóstico da causa da morte de muitos bebês que são em conseqüência enquadrados na Síndrome da Morte Súbita (e sem explicação). Mas é necessário ficar atento para os casos de asfixia proposital, acidental, ou por negligência, de bebês recém-nascidos.

Pessoalmente, conheço casos de mães que exaustas, sobretudo no período de aleitamento, dormiram com o bebê na cama e subitamente acordaram assustadas e ao mesmo tempo aliviadas por não ter acontecido o pior.

A notícia é um alerta para todas as mães.

Não dá para ficar calado.

Licença maternidade de seis meses será sancionada pelo presidente Lula

O presidente Lula declarou aos jornais que vai sancionar a licença maternidade de seis meses. Os benefícios para a criança e para a família, favorecendo um mais intenso e profundo relacionamento mãe-bebê e o estímulo ao aleitamento materno, são inquestionáveis. O projeto vitorioso foi fruto de uma parceria entre a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a senadora Patrícia Saboya.

Obviamente virão agora os debates sobre como bancar os custos. Apenas como contribuição ao raciocínio, devo dizer que o Observatório da Infância tem recebido e-mails de homens que pleiteiam também a licença paternidade de 30 dias e que, em países como a Suécia, o tempo total da licença, que é longo, pode ser dividido entre o pai e a mãe.

Não dá para ficar calado.

Obstetras, em benefício próprio, estariam doutrinando gestantes para optarem por cesareanas.

O Observatório da Infância já divulgou em artigo de 11/07/08 (Brasil, recordista em cesareanas) que o Brasil é recordista mundial de cesareanas. Os usuários do site puderam inclusive dar sua opinião em pesquisa anexa ao artigo. Agora, o jornal O Estado de São Paulo tratou o assunto em duas páginas da sua edição de domingo (17/08/08), com a manchete "Cesareana agendada aposentou o trabalho de parto". O parto cirúrgico que reconhecidamente aumenta o risco de complicações para o recém-nascido, tem no Brasil uma taxa de 43%, quando o recomendado pela Organização Mundial de Saúde é de até 15%.

Impressiona a pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública que aponta que 70% das mulheres desejam parto normal no início da gestação, "mas vêm sendo convencidas pelos obstetras da maior segurança da cesariana e sendo minadas na confiança de que seu corpo seria capaz de enfrentar um parto normal".

A recente conclusão da pesquisa deixa antever uma séria acusação aos obstetras: o doutrinamento das gestantes para optarem por cesarianas.

Na reportagem do Estado de São Paulo, um obstetra, Dr. Geraldo Caldeira, que teria grande atuação em São Paulo, declara que dois fatores são determinantes para explicar essa realidade: a má remuneração dos partos pelos planos de saúde e a forma como as mulheres são educadas. "Hoje, se paga cerca de R$ 800, num parto por convênio. Não é vantajoso desmarcar a agenda para acompanhar um parto normal. Se quiserem vão ter de oferecer no mínimo R$ 2 mil", diz o obstetra.

O que a matéria e a declaração do Dr. Geraldo Caldeira querem dizer é que a indicação para uma cirurgia que traz maiores riscos para o bebê é fruto não de uma indicação médica consciente e técnica, mas sim de um doutrinamento das gestantes pelos obstetras em benefício próprio.

Uma matéria como essa, que retrata uma realidade que em parte já é conhecida por nós médicos, é uma reportagem-denúncia que merece uma investigação e procedimentos pelos conselhos de medicina.

Não dá para ficar calado.

Morte em creche por meningoencefalite

Em laudo de 18/08/08, o Instituto Médico Legal de São Paulo divulgou que o menino Gabriel, de 7 meses, morreu em 25 de julho, na creche Pedacinho da Lua, em conseqüência de uma meningoencefalite viral, que causou vômitos e sufocação. O episódio mostra bem a importância de uma ficha médica atualizada de crianças em creche. Por outro lado, dessa vez, ao contrário do que ocorreu com a Escola Base, a mídia foi cautelosa, procurando não incriminar a princípio a creche. Assim também procedeu o Observatório da Infância em matéria publicada neste blog, de 05/08/08 (Morte em creche).

Não dá para ficar calado.

Acorda, governador

O jornalista Tullio Bonvini Macacchero foi vítima de assalto à 1 hora da tarde em uma das esquinas mais movimentadas do Centro do Rio, em pleno horário comercial. Levou um tiro de pistola na coxa esquerda. Foi levado ao Hospital Souza Aguiar e salvo pela equipe de emergência. O seu relato do ocorrido e suas lúcidas reflexões foram publicados no artigo "Acorda, governador", em O Globo de 21/08/08.

A leitura desse artigo é fundamental neste momento em que uma população que vive em pânico, deve escolher seus candidatos a prefeito e vereador. Atentem não só para os candidatos, mas também para quem os apóia, e então escolha, se possível for.

O último parágrafo do "Acorda, governador" está reproduzido abaixo.

"Por fim, por coincidência antes de sair de casa e ser vitimado pelos animais, li que o governador acusava os médicos dos hospitais públicos de não trabalhar. Deixe eu lhe falar uma coisa, governador: fui para o hospital Souza Aguiar, onde tive um tratamento excelente por parte de médicos, enfermeiros e atendentes. Devo muito a essas pessoas, que com muito zelo e senso de responsabilidade salvaram a minha vida. Quem não trabalha, sr. governador, é a sua policia, que permite que à 1 hora da tarde uns bandidos puxem uma pistola de 9 mm em pleno Centro e nada lhes acontece. Acorda, sr. governador. Olhe ao seu redor, olhe para si mesmo, e veja quem não trabalha de fato. Deixe os médicos dos hospitais públicos em paz. São excelentes."

Não dá para ficar calado.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

UTI de recém-nascidos sem pediatras

Em 27 de junho, com o título "Morte de 26 recém-nascidos no Pará: negligência e omissão.", comentamos a tragédia ocorrida em maternidade de Belém do Pará.
O presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria aborda o ocorrido com uma visão profissional, técnica e política, comme il faut.

Não dá para ficar calado.


UTI de recém-nascidos sem pediatras

Dioclécio Campos Júnior
Médico, professor titular da UnB e
presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria

A assistência pediátrica da atualidade baseia-se em evidências científicas seguras para não errar no desempenho. Lidar corretamente com a saúde do ser humano em formação requer conhecimentos ilimitados em extensão e profundidade. O menor descuido pode gerar conseqüências danosas e irreversíveis para o futuro cidadão. Porém, o cuidado médico não pode ser entendido como missão solitária. Implica participação de profissionais de outros ramos, ambiente adequado, equipamentos indispensáveis, disponibilidade de insumos necessários e remuneração à altura da extrema responsabilidade que lhe cabe.

A evolução científica não cessa. Faz a sua parte. Revela segredos da vida, identifica fenômenos biológicos complexos e oferece recursos para controlá-los em benefício da saúde. Recém-nascidos com peso de 600g, sem qualquer chance de vida no passado recente, já podem sobreviver graças aos avanços médico-científicos do mundo moderno. O médico que exerce a arte e a ciência da cura com rigor ético é o principal agente das conquistas alcançadas no diagnóstico e na terapêutica de doenças que antes reduziam a qualidade e a duração da vida. Contribui para a promoção e a recuperação da saúde das pessoas.

As virtudes da pediatria são reconhecidas pela sociedade, mas seu valor não é respeitado pelas políticas públicas, nem pela saúde suplementar. O pediatra sobrevive precariamente em atividades estressantes, na insalubridade de locais indignos, na insegurança de empregos humilhantes. Busca situar-se no injusto cotidiano de um mercado de trabalho em que presta serviços de complexidade crescente e recebe salário decrescente. Perde saúde, exaure-se, envelhece precocemente. Mas não se desencanta. Mantém o compromisso com a vida humana.

A mais recente tragédia de uma UTI neonatal, ocorrida em Belém, mostra o desprezo do sistema público de saúde para com os direitos da criança e os de seus cuidadores. É apenas mais uma. Tão banalizada como outras. Situações semelhantes multiplicam-se na rede de assistência ao parto e ao recém-nascido no país. Representam novos desastres anunciados. Basta analisar a condição de funcionamento das UTIs neonatais do SUS para se confirmar o risco iminente. As medidas adotadas para evitá-lo, sempre paliativas, são inócuas. Apenas adiam a data da próxima catástrofe.

Não dá mais para enfrentar os desafios da saúde da infância com simplificações que visam somente economizar recursos orçamentários. O atendimento médico da criança, em particular do recém-nascido, exige diferenciação profissional cada vez mais refinada em função das peculiaridades do organismo em transformação, no ciclo único da vida destinado ao crescimento e ao desenvolvimento do novo ser. A assistência pediátrica qualificada é, pois, investimento do qual depende a evolução da própria sociedade. Qualquer política que ignore uma evidência tão elementar distancia-se do progresso social. Não leva a lugar algum. Pior, retira das crianças pobres o acesso ao nível de cuidados médicos a que têm direito por força dos princípios de igualdade e universalidade em que se fundamenta o SUS.

Em todas as crises do atendimento de crianças pelo sistema público de saúde, a reação dos gestores é a mesma. Atribuem-nas à falta de pediatras. Ocultam a verdade. O Brasil tem 20 pediatras para 100 mil habitantes, proporção superior à dos países europeus e suficiente para a taxa de fertilidade de 1,8, atingida em 2007. O problema é a distribuição desigual desse médico nas distintas regiões do país, com grande escassez de pediatras nos municípios do interior, sobretudo na rede de unidades do SUS. Ao invés de remunerá-los à altura do que a assistência pediátrica representa para a sociedade, os gestores preferem substituí-los por profissionais sem preparo para cuidar da saúde da criança. Inspiram-se na antiga solução chinesa do médico pé-descalço, barata, mas superada pelo tempo porque desqualificada.

O cuidado com a vida do ser humano em crescimento não é menos importante, por exemplo, que a ação de um juiz de direito para o progresso da sociedade. São equiparáveis em valor. A promoção da justiça por juízes pés-descalços seria também inconcebível. Se o salário pago pelo SUS fosse igual ao do juiz de direito, não faltariam pediatras no serviço público, nem no interior do país. No entanto, a remuneração do médico formado para assistir a criança é 10 vezes menor que a do juiz. Por isso, não adianta construir e equipar UTIs neonatais. Estarão cheias de recém-nascidos e vazias de pediatras.

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terça-feira, 5 de agosto de 2008

O perigo de um carro com insulfilme.

A morte do menino João Roberto, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, fuzilado por policiais militares dentro do carro de sua família, dirigido por sua mãe, já foi exaustivamente tratado pela mídia e pelos mais diversos especialistas, sobre todos os ângulos. No entanto, só li um artigo (Ruy Castro, na Folha de São Paulo, de 14/07/08, com o título "Urna Funerária"), que abordou um ponto que considerei fundamental desde as primeiras notícias da tragédia. É o fato de que o carro onde estava João Roberto e que foi confundido pelos incompetentes e destreinados policiais com o carro da mesma marca (Fiat), onde estavam os bandidos que eles perseguiam, tinha os vidros cobertos por insulfilme.

Foto: Mônica Imbuzeiro / O Globo

Era possível ver quem estava dentro do carro? Certamente que não. Aliás é esse o propósito do insulfilme: não deixar ver quem está no carro.

Criou-se o hábito no país de colocar película escura nos carros, sob o argumento de as pessoas não sendo vistas por possíveis assaltantes estarem mais seguras. Será?

E diante da polícia, em uma blitz, por exemplo, quando a norma de trânsito é acender a luz interna para identificar o motorista? E os ridículos táxis que tomaram conta do Rio e que mais parecem carros funerários? Dirigidos por quem? Livres ou ocupados?

Vários motoristas de táxi por mim consultados alegam que o insulfilme nos vidros é para reduzir o calor, o consumo do ar refrigerado e de combustível. E que é usado porque traz beleza e conforto. Será?

Penso que o insulfilme apenas virou moda no Brasil. No meu entender é pura macaquice de consumo e de mau gosto. Seus inconvenientes creio que superam possíveis benefícios. No caso de João Roberto foi seguramente um dos fatores que o levou à morte.

Não dá para ficar calado.

Demagogia às custas de criança.

Usar crianças para fotos em campanha é freqüente.
O hábito era colocá-los no colo.
Beijar mão é novo.
É quase inacreditável. Um candidato à prefeitura do Rio, com ar contrito, fecha os olhos e toma a mão de uma criança para beijá-la. Mas notem bem a carinha da menina, entre a rejeição e a desconfiança.
Foto: Berg Silva/Agência O Globo


Também na Argentina, as crianças são usadas por políticos em campanha. O bebê da foto, sabiamente, reage chorando à demagogia de Kirchner.
Foto: Natacha Pisarenko/AP-24/06/2009

Foto: André Teixeira / O Globo


Foto: Gabriel de Paiva / O Globo

Não dá para ficar calado.

Cuidado com o uso de medicamentos!

Especialistas estimam que 100 mil americanos morram todos os anos por problemas decorrentes do abuso de remédios. Esta é uma das afirmativas contidas no livro Our Daily Med, da jornalista americana Melody Petersen, recém lançado nos EUA.

Reportagem da revista Época, de 30/07/08, analisa o livro. O título da matéria, por si, já é um alerta: "Mais marketing que saúde". "Livro conta como fabricantes de medicamentos "criam" doenças, patrocinam pesquisas e fazem lobby milionário para vender cada vez mais remédios aos consumidores americanos".

A respeito dos métodos e procedimentos usados pela indústria farmacêutica na África, leia também o romance de John Le Carré, O Jardineiro Fiel (Editora Record) e veja o excelente filme com o mesmo nome.

Leia, sobre o mesmo assunto, os artigos:
Falsificação de medicamentos para leucemia
Dá para confiar nos antiinflamatórios?
Uso de medicamentos: riscos x benefícios

Não dá para ficar calado.

Cidadãos fantasmas.

O Governo Federal divulgou que intenciona padronizar a certidão de nascimento em todo o país e desenvolver um banco de dados centralizado.

É uma boa intenção, mas ainda tímida, para reduzir o número de crianças fantasmas, ou melhor, de cidadãos fantasmas, que nascem, morrem e são enterrados em cemitérios clandestinos, sem oficialmente existirem.

O Observatório da Infância, em 26 de março de 2007, tratou divulgou o assunto no artigo Crianças Fantasmas.

Não dá para ficar calado.

Crack e gravidez.

O crescimento do consumo de crack em São Paulo têm sido descrito como assustador. Já abordamos os uso de subprodutos da cocaína, baratos, de efeitos muito fortes, imediatos e passageiros, causadores de graves danos à saúde e que levam à uma dependência quase sem volta (Crianças e adolescentes brasileiros ameaçados por uma forma barata de cocaína: o "paco". ).

Na cidade de São Paulo, que tem um bairro com o trágico apelido de cracolândia, cerca de 3,4% da população acima de 11 anos usa maconha e 0,9% usa o crack, segundo matéria do jornal Folha de São Paulo, de 27/07/08. Um vídeo impressionante, surrealista, mostra entre vários usuários de crack, uma moça grávida que, logo que consegue obter a droga, corre avidamente para consumí-la. De imediato, veio ao meu pensamento o risco para o bebê que ela carrega e que, se nascer, já nascerá com a síndrome de abstinência e terá que ter ampla e especializada assistência para sobreviver. O vídeo em questão foi divulgado pelo portal Terra. Clique para assistir.

Não dá para ficar calado.

Cyberbullying e pedofilia na internet. Nova lei será parceira dos pais responsáveis.

Os pais são os maiores responsáveis pelo bom uso da Internet pelos seus filhos. Cabe a eles conhecerem o que a Internet faz com seus filhos e dos seus filhos. Agora e finalmente, um projeto de lei será o grande parceiro dos pais.

O Senado aprovou projeto de lei que dita regras para coibir os crimes de informática. O projeto vai agora para a Câmara, para votação.

Esse projeto foi apresentado inicialmente em 1999. Foi amplamente discutido com as representações da sociedade e finalmente o texto do relator, senador Eduardo Azeredo, foi aprovado no Senado.

Aqueles que, como nós, conhecemos há anos os crimes praticados na Internet contra crianças e adolescentes, em especial os de abuso sexual, aplaudimos com entusiasmo o projeto. Sabemos que a rede da Internet, democrática, universal, moderna e rápida, tornou-se o paraíso dos pedófilos, que divulgam fotos e textos de pornografia com criança, incentivo à pedofilia, trocam arquivos e formam uma verdadeira rede virtual de apologia da pedofilia, que por vezes sai do plano virtual de alimentação solitária de perversões sexuais, para o plano concreto da realização das fantasias através de redes de prostituição e exploração sexual comercial de crianças e adolescentes.

Ainda na área da criança e do adolescente, outra situação de violência praticada cada vez com mais freqüência na Internet é o cyberbullying. Discriminação, exclusão e ofensas através dos chamados sites de relacionamento, têm levado adolescentes em todos os países ao isolamento, à depressão e até ao suicídio.


O projeto aqui citado propõe uma maior responsabilidade dos provedores e a punição pela receptação, transmissão e armazenamento eletrônico de pornografia infantil e outros crimes da Internet.

Com uma boa legislação sobre crimes na Internet, aumenta a responsabilidade dos pais, afinal, os que mais deveriam se preocupar em vigiar e fiscalizar a relação do seu filho com as várias faces da Internet.


Leia outros artigos sobre o tema no Observatório da Infância ou no blog:
Não dá para ficar calado.

Morte em creche.

Temos escrito várias vezes sobre creche, no blog ou no Observatório da Infância. Todas as crianças têm direito legal à educação infantil, ou seja, à creche pública ou privada. E o lugar onde uma criança, sobretudo se ela for de baixa idade, é deixada pelos pais, merece uma fiscalização rigorosa e continuada. Pessoalmente já assisti a uma criança morrer sufocada por uma peça de plástico de um jogo de montar, que não deveria estar disponível na creche e muito menos para crianças de 1 a 2 anos.

Nem todas as creches têm condições de receber com segurança crianças pequenas e nem todas elas são fiscalizadas com rigor.

No entanto, no caso da morte do menino Gabriel, de 7 meses, não é possível, até o momento, definir nem a causa da morte e tampouco os responsáveis por possível negligência, imprudência ou imperícia.

As declarações do pai sobre o fato de a criança apresentar refluxo gastro esofágico, parece-me que têm sido inconsistentes. Os responsáveis pela creche, por sua vez, garantem que os pais nada informaram sobre qualquer problema de saúde com o menino. Aliás, sobre o refluxo gastro esofágico, há um excelente artigo publicado neste blog (Refluxo gástrico em bebês é normal? Tem cura?) em 11 de janeiro de 2008, de autoria do pediatra José Cesar Junqueira, da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (SOPERJ). É um bom momento para relê-lo, enquanto se aguarda o resultado das investigações.

É oportuno para pais e responsáveis por creches que fiquem alertas sobre a enorme importância das informações sobre os antecedentes de saúde, não só da criança deixada na creche, como também de seus pais.

Creche não é mais um depósito de crianças e pais não podem simplesmente, por qualquer que seja a razão, se verem livres de seus filhos em um local que não tenha sido por eles muito bem investigado. A maior responsabilidade pela escolha da creche é dos pais.

O que ocorreu com Gabriel foi um acidente? É sempre bom lembrar a definição do dicionário Aurélio para acidente: "acontecimento casual, fortuito, imprevisto". Portanto se um risco é previsível e providências não foram tomadas para evitá-lo, o evento que venha a acontecer, não será acidente, mas sim e, no mínimo, negligência.

Leia outros artigos sobre o tema creche, no Observatório da Infância e no blog:
Vaga em creche
A Chacina de Uruguaiana
Creche é um direito da criança.
Educação infantil: como estão as creches no Rio?

Não dá para ficar calado.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Quem participa das enquetes do Observatório da Infância?

O Observatório da Infância, ao longo de seu pouco mais de 1 ano de existência, tem sentido através de enquetes a opinião de seus usuários, a respeito de temas sobre a infância e a adolescência.

Alguns resultados dessas enquetes são sucintamente relacionados abaixo:

Temas sobre a infância.
  • 89% considera que crianças disputando títulos de minis misses Brasil, desfilando vestidas, maquiadas e caracterizadas como mulheres adultas, pode ser considerado uma exploração de imagem da criança pelos próprios pais.
  • 95% dos usuários não concordam com festinhas de aniversário organizadas para crianças de 5, 6 anos onde são oferecidos serviços de manicure, maquiagem, cabeleireiro e massagem
  • 63% acha que cabe ao governo exigir a exibição de programas na TV de acordo com a classificação indicativa. 37% acha que compete aos pais a decisão de escolher os programas de TV para seus filhos, obedecendo ou não à classificação indicativa.
  • 49% acha que é correto convocar o irmão de Isabella, de apenas 3 anos, para depor na Justiça.
  • Até o momento (a enquete ainda não foi encerrada), 86% já sabia, antes do caso Isabella, que é dentro da própria casa que crianças mais sofrem agressões físicas e abuso sexual.
Temas sobre adolescência.
  • 87% é a favor da nova "lei seca" de tolerância zero para o consumo de bebidas alcoólicas antes de dirigir.
  • 77% é contra a descriminalização de todas as drogas.
  • 56% acha que a idade de imputabilidade penal prevista pelo ECA deve ser antecipada. 28% acha que deve ser mantida aos 18 anos, mas deve ser aumentado o tempo de internação atual. 16% acha que deve ser mantida aos 18 anos.
  • 77% não concorda que adolescentes infratores de 16 a 18 anos sejam presos em celas junto com adultos.
Temas sobre infância e adolescência.
  • 58% acha que há riscos sérios para os jovens com o uso dos sites de comunicação. 42% não vê riscos.
Não dá para ficar calado.

Educação infantil: como estão as creches no Rio?

Todos os candidatos à prefeitura de São Paulo prometeram zerar o déficit de creches na capital (Há 90 mil crianças de 0 a 4 anos em fila de espera). Mas não bastam promessas.

Reportagem do jornal O Estado de São Paulo de hoje (22/07) mostra também que a maioria das creches, tanto públicas quanto privadas, na cidade de São Paulo, não apresentam condições ideais de funcionamento. A reportagem sugere que os pais fiquem atentos e fiscalizem a creche de seus filhos.

E na cidade do Rio, como está a educação infantil?

Quantos esperam vagas nas creches? Qual a qualidade das creches do Rio?

Quais as promessas dos candidatos a prefeito?

Não dá para ficar calado.

Pedófilos não devem ter direito a habeas corpus.

O casal americano Frederick Louderback, 64 anos e Barbara Anner, 72 anos, foram presos em Taquara, a 73 quilômetros de Porto Alegre, em 20/12/07, junto com um casal brasileiro, acusados de atentado violento ao pudor e corrupção de menores. Acertadamente, estão esses suspeitos de pedofilia detidos até hoje, em prisão preventiva, no Presídio Central de Porto Alegre. Ontem o presidente do Superior Tribunal Federal negou habeas corpus ao casal. Decisão acertada.

Os pedófilos são um risco para crianças e adolescentes e devem ser afastados do convívio social. Na cadeia devem cumprir pena e serem tratados. Ao serem soltos devem ser cadastrados nas delegacias e rigidamente controlados.

Infelizmente, pedófilos têm sido soltos após 2 ou 3 anos de detenção, por apresentar bom comportamento no presídio. Não sabem esses juízes que o pedófilo só se "comporta mal" junto a crianças e adolescentes?

Enquanto aguardam o julgamento, os pedófilos devem, como no caso em questão, ficar presos.

Não dá para ficar calado.

Madeleine, 15 meses após: nem viva, nem morta.

Lembram-se de Madeleine?

Foto: Álbum de família.

Leia também os artigos:
Segundo a imprensa internacional, o caso Madeleine foi arquivado hoje pela polícia portuguesa, por falta de evidências. Madeleine, que completaria 4 anos nove dias após o seu desaparecimento, em 03 de maio de 2007, do resort em que dormia junto com seus irmãos gêmeos de 2 anos, na Praia da Luz, no Algarve, Portugal. Os pais, Kate e Gerry McCann (foto abaixo), ambos médicos ingleses, gozavam férias com os filhos.

Foto: Steve Parsons/PA

O caso Madeleine mobilizou a Inglaterra e grande parte da Europa. Os jornais ingleses levantaram hipóteses e arranjaram suspeitos. Um desses suspeitos foi até agora o grande ganhador com a tragédia. É ele Robert Murat (foto abaixo), um inglês radicalizado em Portugal e que mora a 150 metros do resort onde estava Madeleine. Murat acaba de receber de um pool de 11 jornais ingleses, 600.000 libras esterlinas (cerca de R$ 2 milhões) de indenização por acusações falsas e difamatórias contra ele, feita em jornais ingleses.

Foto: Steve Parsons/PA

No dia em que Madeleine sumiu, os pais estavam jantando com amigos, em um restaurante de tapas, a cerca de 120 metros do local. As crianças estavam sozinhas.

No meu entender, independentemente do que possa ter ocorrido com Madeleine McCann, seus pais foram negligentes, deixando sozinhas, no andar térreo de um prédio (vide foto), em local de fácil acesso, 3 crianças menores de 4 anos. Madeleine poderia até ter deixado o quarto e ido para a rua, à procura dos pais. Até agora nada aconteceu com os pais, que além de indenizados, receberam vultuosa quantia para campanhas visando encontrar Madeleine, inclusive através de site criado com esse objetivo (www.findmadeleine.com). Mas ela, ou seu corpo, não foram encontrados.

Foto: Steve Parsons/PA

O casal continua afirmando acreditar que Madeleine foi raptada e está viva. A polícia portuguesa também encerrou, por falta de provas, as investigações sobre o casal, inicialmente considerado formalmente suspeito de ter dado doses excessivas de tranqüilizantes para Madeleine, para que pudessem jantar fora.

Não dá para ficar calado.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Atenção: Pedido de habeas corpus para pai e madrasta de Isabella está no STF.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, decidirá sobre o pedido de habeas corpus para a madrasta e o pai de Isabella.

Até agora, em todas as instâncias, os pedidos de habeas corpus para o casal foram negados, permanecendo os dois na cadeia. A decisão de soltá-los ou não caberá ao presidente Gilmar Mendes, uma vez que o Supremo Tribunal Federal está em recesso.

Agiram rápida e espertamente os advogados de defesa. Lembrando-nos dos habeas corpus concedidos pelo ministro Gilmar Mendes recentemente, fica a preocupação de também os prováveis assassinos da menina Isabella, de 5 anos, ganharem a liberdade.

Não dá para ficar calado.

Nós, os bobos.

O caso do banqueiro Daniel Dantas e todos os seus desdobramentos vêm ocupando diariamente páginas e páginas dos jornais e das revistas semanais e um enorme espaço nas redes de tv. Para aqueles leitores que não agüentam mais discutir ou mesmo conversar sobre o caso, aconselho a leitura do artigo "Teatro de absurdos", de Míriam Leitão, divulgado hoje (17/07/08). É um resumo que, se não nos dá muita esperança, nos dá ao menos a sensação de que sabemos que estamos sendo enganados todo o tempo. Nas primeiras linhas do 1º parágrafo, a colunista já mostra o que pensa: "O Brasil não vive uma crise institucional. Vive um surto de nonsense desde o começo do caso do banqueiro Daniel Dantas".

Após a leitura da coluna, acho que o único jeito de sobrevivência para nós - os bobos - é acreditar em um conceito que está inserido em uma gravura de conhecida artista francesa: "Nous les fous, nous allons changer le monde".

Não dá para ficar calado.

No inverno não há dengue: óbvio.

O que o governo do Estado do Rio está fazendo para prevenir uma nova epidemia de dengue nos próximos meses de verão?

Se os governos federal, estaduais e municipais não se preocuparem e se dedicarem juntos a um trabalho continuado de prevenção da dengue nos meses que precedem o verão, corre-se o risco quase garantido de vivermos outra epidemia da dengue proximamente, com novas mortes.

Mais uma epidemia anunciada?

Não dá para ficar calado.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

A fritura política do ministro da Saúde.

Com o título "Temporão perde força no Planalto", o jornal o Estado de São Paulo anunciou na edição de hoje a fritura política do Ministro da Saúde José Gomes Temporão. Até nomes para substituí-lo, como o do prefeito de BH, Fernando Pimentel, e do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (que é médico) já foram lembrados. Lideranças do PMDB teriam dito a Temporão que "ou ele se enquadrava ou não sobreviveria após às eleições".

Como é se enquadrar? - perguntaria qualquer um de nós, que pouco ou nada sabemos das tramas da política. Mas sabemos que o ministro da Saúde não é um político. É ele um médico sanitarista reconhecido. Suas bandeiras até agora são polêmicas, mas, na minha opinião, todas corretas: restrição das propagandas de bebidas alcoólicas e de comidas com alto teor de gordura, de sal ou de açúcar; aumento do percentual do imposto para os cigarros; reconhecimento do aborto como uma questão de saúde pública. Inicia-se agora vacinação contra rubéola em nível nacional de mais de 70 milhões de pessoas. Alguém pode ser contra prevenir a síndrome da rubéola congênita que ainda acomete bebês brasileiros?

Errou Temporão na prevenção da epidemia de dengue de 2008. O que ocorrerá em 2009?

Mas o grande erro de Temporão foi imaginar que a solução para as suas dificuldades seria se comportar como se fosse um político, especialmente quando corre atrás da ressuscitação da CPMF. Ninguém quer um novo imposto. A super exposição do ministro na mídia o desgastou. Seus grandes e polêmicos projetos não emplacaram. A Contribuição Social da Saúde (CSS), que corre o risco de não ser aprovada, tem sido uma bandeira política publicamente assumida por Temporão, que por esta razão tem sido freqüentemente fotografado ao lado de políticos experientes, para os quais a exposição na mídia é indispensável.

E agora vem a notícia de que o ministro da Saúde está sendo politicamente fritado, não por questões técnicas ligadas à sua pasta, mas por razões políticas.

As grandes e históricas feridas da saúde pública no Brasil continuam expostas no dia-a-dia de toda a população. O caminho da prevenção bem sinalizado pelo ministro é o caminho certo, mas não é o suficiente.

Equivocadamente José Gomes Temporão, médico e ministro, pensou que tinha apoio do governo e sustentação política. Não está tendo nem um, nem outro.

É uma lástima que a saúde não seja uma prioridade no governo Lula. É por esta razão que os políticos aliados do governo e que agora reclamam, nada têm a mostrar na área da saúde aos seus eleitores nas próximas eleições municipais e tampouco apresentar resultados exemplares para as eleições de 2010 que permitam comparação com a gestão de Serra, no governo Fernando Henrique.

Mas será que a solução para a saúde é trocar um ministro que não é apoiado por conhecidos e experientes políticos?

De toda forma é lamentável que o ministro Temporão demonstre pouca cautela, como deveria ter um profissional vindo da Fiocruz, diante da mídia, ao anunciar ontem, 03/06, alguns bons resultados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde em relação à desnutrição infantil no país. Segundo O Globo de hoje, o ministro exaltou as ações da sua Pasta e voltou a defender a CPMF. A pesquisa em questão, feita pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e financiada pelo Ministério da Saúde analisou um período de 10 anos (de 1996 a 2006). Os avanços obtidos devem obviamente ser creditados às ações governamentais desenvolvidas nesse período (e talvez até de antes de 1996). Tentar capitalizar para a sua gestão todo o mérito dos resultados e exagerar na importância dos dados obtidos é uma tática que se mostrará inconsistente em pouco tempo. Ou será que os resultados de uma pesquisa aplacarão as insatisfações dos políticos com a atuação do Ministério da Saúde?

Não dá para ficar calado.

Irmão de Isabella, de 3 anos, pode ser convocado a depor.

A possível convocação de Pietro, de 3 anos, irmão de Isabella, para depor em Juízo, trás de volta à mídia a tragédia da família Nardoni.

Sobre o assunto, fui entrevistado hoje no nacionalmente conhecido programa Show do Antônio Carlos, na Rádio Globo. No curto espaço de 5 minutos me foram feitas, entre outras, duas perguntas importantes. A primeira foi exatamente a respeito da minha opinião sobre a possível convocação de Pietro para depor. Em resposta, afirmei que sou veemente contra à convocação de uma criança de 3 anos para testemunhar a favor ou contra os próprios pais. Pietro já sofreu muitos danos psicológicos e deveria estar agora obrigatoriamente acompanhado por profissional especializado. O grito "pára, pai, pára", ouvido pelos vizinhos no momento da tragédia, talvez tenha sido emitido por ele, ao ver a irmã ser violentamente maltratada. E quantos "pára, pai" já não teriam acontecido?

Pietro tem que ser protegido. Não acredito que a Justiça ou a Polícia sejam capazes de convocar essa criança para depor. Se for o caso, recursos virão para impedir tal absurdo.

Finalmente me foi perguntado se, na minha opinião, o pai e a madrasta mataram Isabella. Respondi que, baseado na minha experiência de mais de 25 anos com situações violências de pais contra filhos, acho que foram eles que mataram Isabella.

Não dá para ficar calado.

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