quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Isto não é um acidente!

Jet ski atingiu e matou menina de 3 anos que brincava na areia.Isto ocorreu sábado em praia de Bertioga.Quem pilotava o jet ski era um adolescente.

Eu não me conformo. Vejam a foto da menininha e se revoltem como eu.

Foto: Reprodução / YouTube

Não dá para ficar calado.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Seu filho precisa de alguma coisa ou simplesmente quer ?

"Querer é uma coisa, precisar é outra".

Não deixem de ler o artigo da psicóloga Rosely Sayão publicado no caderno Equilíbrio de a Folha SP de 14/2/2012, com o título acima. Toca a todos nós, pais, avós, educadores. Termina assim o artigo: "Mas todos precisam saber com clareza que querer não é precisar. E querer muitas vezes, também não é poder."

Confira abaixo, na íntegra:


Querer é uma coisa, precisar é outra
Por que a pressa em satisfazer os pedidos dos filhos? Encaramos seus desejos como se fossem necessidades

Você já reparou, caro leitor, na confusão que temos feito entre dois conceitos que são tão diferentes, mas que estamos usando, principalmente na linguagem coloquial, como se fossem sinônimos? Eu me refiro aos verbos "querer" e "precisar". Vamos, então, retomar o significado dessas duas palavras, para começar.

Precisar diz respeito a uma necessidade, a uma carência que exige satisfação. Por exemplo: temos fome e sede, por isso precisamos de líquido e de alimento para a satisfação dessas necessidades.
E, como dá para perceber, a necessidade sempre tem um alvo certo. Quando nós temos sede precisamos de água e quando temos fome precisamos de comida.

"Bebida é água!/Comida é pasto!/Você tem sede de quê?/Você tem fome de quê?" são os versos iniciais de uma música interpretada pelos Titãs que trata dessa questão.

E o querer? O querer diz respeito a uma intenção, a uma aspiração. O querer é algo que nos move, mas não é uma necessidade. Um querer pode encontrar satisfação em diversos alvos diferentes.
A letra da música referida acima continua assim: "A gente não quer só comida/A gente quer comida/Diversão e arte"...

Precisamos e queremos, portanto. Precisar é algo muito diferente de querer. É um problema tratar essas duas palavras de forma indiferenciada.

Recentemente, vi uma jovem mulher conversar com sua amiga e manifestar que precisava urgentemente de um determinado aparelho celular. Ela tinha um em sua mão, moderno, mas o problema é que não era aquele a que ela fazia menção. Um querer é transformado em um precisar e, certamente, essa mulher iria tratá-lo como tal.

O problema fica muito maior quando transferimos esse estilo de falar e de pensar para as crianças. Você pode observar: muitas -mas muitas mesmo- crianças já trocam o verbo querer pelo precisar. Crianças precisam de festa de aniversário em determinado local, precisam de um certo jogo de videogame, precisam de um tipo especial de comida etc. E muitos adultos tratam esses quereres realmente como necessidades.

Não será também por isso que tantos pais fazem o maior sacrifício para dar algo ao filho ou até mesmo permitem algo a contragosto só porque ele declarou insistentemente que "precisa" daquilo? Diante dos desejos das crianças temos nos comportado, muitas vezes, como se elas estivessem manifestando necessidades reais.

Afinal, por que ficamos tão afobados e tão apressados em satisfazer o que elas pedem? Qualquer querer pode não ser satisfeito sem problema algum.

Quem quer pode esperar, pode trocar o objeto do querer para que se torne mais acessível e pode, inclusive, perceber que terá de abdicar desse querer.

Já quem precisa... Quem precisa pode esperar por pouco tempo, não pode trocar o objeto da necessidade e tampouco pode abdicar dele.

Claro que não podemos nos esquecer de que essa confusão é muito bem alimentada pelo consumismo. Mas será que é bom nos submetermos a isso de forma acrítica?

Certamente não é bom. Podemos querer à vontade, inclusive o que o mercado de consumo nos sugere. A jovem mulher pode querer o aparelho de telefone que é a novidade do momento, a criança pode querer hambúrguer e batata frita bem na hora do jantar.

Mas todos precisam saber com clareza que querer não é precisar. E querer, muitas vezes, também não é poder.

ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?"
Fonte: Publifolha

Não dá para ficar calado.

Três filmes recomendados e imperdíveis

Estão em cartaz três filmes que abordam com sensibilidade os temas aos quais mais nos dedicamos: família, crianças e adolescentes. São eles "Precisamos falar sobre Kevin" (EUA), "Tomboy" (FRANÇA) e "A separação" (IRÃ).

Impressiona a universalidade dos assuntos enfocados. São filmes imperdíveis que merecem reflexão e discussão em grupo, o que aliás já vem ocorrendo.
Não dá para ficar calado.

Jornalismo investigativo de alto nível

"Esses jovens são tranformados em sua sexualidade de forma violenta. É uma situação abominável" (Maria do Rosário, Secretária Nacional dos Direitos Humanos).

É fantástica a reportagem da jornalista Cleide Carvalho, de O Globo, publicada a partir do dia 12/2/2012, sobre o tráfico de adolecentes pobres do sexo masculino, geralmente vindos do Nordeste, para se transformarem em travestis e venderem seu corpo em SP e às vezes no exterior. Os clientes são homens de 30 a 50 anos de idade.

A jornalista já está recebendo ameaças anônimas.

Aguarda-se uma imediata e bem planejada ação do Governo Federal. É uma vergonha para todos nós brasileiros.

Parabéns à jornalista Cleide Carvalho.

A resportagem está disponível no seguinte endereço: http://oglobo.globo.com/pais/meninos-sao-aliciados-para-virar-transexuais-em-sp-3950782



Não dá para ficar calado.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Parto natural, em casa.


Ativista Caroline Lovell, 36, moreu no parto de segunda filha.
Foto: Divulgação

Na Austrália defensora do parto residencial morre ao dar à luz a filha em casa. Os eternos defensores do parto obrigatoriamente hospitalar e quase sempre defensores também do parto cirúrgico, receberam forte munição para seus argumentos.

Jornal da Austrália informa que uma mulher de 36 anos defensora do parto natural, em casa com ajuda de parteiras, morreu após dar à luz em casa a seu segundo filho. Ela foi levada ao hospital mas não resistiu.

O ocorrido na opinião do Observatório da Infância não invalida a discussão pelo parto natural, sem pressões de qualquer tipo pela opção cirúrgica. O parto pode ser em casa desde que haja uma infraestrutura para socorro em casos que evidenciam a necessidade de intervenção médico hospitalar. É sabido que há maiores riscos de complicações para mãe e o bebê nos partos cirúrgicos.

Não dá para ficar calado.

Pinochet e Franco festejam

Garzón durante audiência de seu processo, em 17 de janeiro.
Foto: REUTERS
Junto-me àqueles que na Espanha protestam contra a condenação do juíz Baltazar Garzón. Ele foi suspenso de suas atividades como juíz. Seu trabalho exemplar trouxe-lhe fama internacional, mas muitos inimigos.

Alegrem-se todos os amantes das ditaduras, da tortura, do terrorismo internacional.

Não dá para ficar calado.

Senhores da Guerra

Os inúmeros casos de suicídio entre os frustrados soldados argentinos após a derrota vergonhosa na guerra da Malvinas em 1982 para o Reino Unido é o tema do filme argentino "Iluminados Pelo Fogo".

Interessava à ditadura argentina a guerra. Por outro lado, o excelente filme inglês sobre Margareth Tatcher, a Dama de Ferro, mostra como a primeira ministra, lider conservadora precisava da guerra . Decadente e derrotada no seu país renasceu das cinzas para uma consagração após a vitória sobre a despreparada Argentina.

Agora, a retórica da presidente argentina Cristina Kirchner tem os mesmos objetivos do então ditador general Leopoldo Galtieri. Por outro lado o premier britânico, David Cameron, está pondo lenha na fogueira e gostando do blá blá blá sobre as Malvinas/Falkner.

Felizmente parece que desta vez a guerra não virá.

Não dá para ficar calado.

Síria- Banhos de sangue

Por mais que você leia e se informe é impossível para nós, simples seres humanos, conhecer todas a razões para o que está ocorrendo na Síria.

Uma coisa é certa: a Síria não pode virar um Iraque ou um Afganistão invadida pelos EUA e seus aliados. Os senhores da guerra, com seus interesses, se preparam para corrigir "banhos de sangue" com outros "banhos de sangue".

Não dá para ficar calado.

O fracasso do programa "Um computador por aluno" - UCA

O jornalista Elio Gaspari em O Globo de 8/2/2012 nos dá mais um banho de desânimo ao escrever sobre o relatório "Avaliação do Impacto do Projeto UCA", elaborado por pesquisadores da UERJ.

O programa atolou segundo ele. UCA é um programa do governo federal.

Reproduzo o artigo abaixo:


O fracasso do UCA-Total
Elio Gaspari, O Globo

A doutora Dilma deveria mandar que sua Secretaria de Assuntos Estratégicos divulgasse o conteúdo do relatório final da "Avaliação de Impacto do Projeto UCA-Total (Um Computador por Aluno)", coordenado pela professora Lena Lavinas, da UFRJ. Ele está lá, a sete chaves, desde novembro passado.

A providência é recomendável, sobretudo agora que o governo licita a compra de até 900 mil tablets.

Com 202 páginas, relata um desastre. A professora Azuete Fogaça, da Federal de Juiz de Fora, trabalhou na pesquisa e resume-a: "Boa parte dos computadores não foi entregue nos prazos. Outros foram entregues sem a infraestrutura necessária para sua adoção em sala de aula. O treinamento dos docentes não deu os resultados esperados. O suporte técnico praticamente inexiste. Os laptops que apresentaram problemas acabaram encostados em armários ou nos almoxarifados, porque não há recursos".

O programa UCA-Total, lançado em 2010, comprou um laptop para cada um dos 10.484 alunos da rede pública de cinco municípios-piloto: Tiradentes (MG), Terenos (MS), Barra dos Coqueiros (SE), Santa Cecília do Pavão (PR) e São João da Ponta (PA). Uma equipe de 11 pessoas acompanhou a iniciativa.

Os computadores chegariam a escolas equipadas com internet sem fio e professores capacitados colocariam a garotada no mundo novo da pedagogia informatizada.

Em São João da Ponta, o sinal mal chegava à escola. Em Barra dos Coqueiros, chegava às praças públicas e, para recebê-lo, os estudantes saíam do colégio. Em Terenos não havia rede. Tudo bem, porque algum dia ela haverá de chegar. Até lá, alguns heroicos professores pagam as conexões de provedores privados com dinheiro dos seus bolsos.

Os laptops comprados pelo governo têm baterias para cerca de uma hora. Como as aulas duram cinco, como fazer para recarregá-los? (Uma tomada para cada carteira, nem pensar.)

As prefeituras colocariam armários-alimentadores nas salas. Nem todos os municípios fizeram isso. Na Escola Estadual Basílio da Gama, em Tiradentes, não havia sinal nem armários de recarga, e os laptops estavam encaixotados.

Deixou-se em aberto uma questão central: o aluno deve levar o computador para casa? Em três municípios, levavam. Num, foram instruídos a não trazê-los todos os dias.

Só metade dos alunos teve aulas para aprender a usar os laptops.

Depois de terem recebido cursos de capacitação, 80% dos professores tinham dificuldade para usar as máquinas nas salas de aula. (Problema dos cursos, não deles, pois 91% tinham nível superior ou curso de especialização.) Uma barafunda. As escolas estaduais não conversavam com as municipais e frequentemente não se conseguia falar com o MEC ou com a Secretaria de Assuntos Estratégicos.

Não se diga que os laptops são trambolhos. A garotada adorou recebê-los, e os professores tinham as melhores expectativas. As populações orgulharam-se da novidade. O problema esteve e está na gestão.

A única coisa que funcionou foi a compra de equipamentos. O professor Mário Henrique Simonsen, que conhecia o governo, ensinava: "Às vezes, quando um sujeito te traz um projeto, vale a pena perguntar: 'Qual é a tua comissão? Dez por cento? Está aqui o cheque, mas prometa não tocar mais nesse assunto'".

Médicos e juízes: funcionários públicos

Certa vez perguntei a um juíz por que juízes ganham bem e nós médicos tão mal. Afinal, ambos somos funcionários públicos geralmente concursados, com uma enorme responsabilidade e grande carga de trabalho. Sua resposta foi simples: porque nós somos poucos e vocês são muitos. É impossível pagar bem a todos.

Lembrei-me dessa conversa ao ler entrevista do novo presidente do Tribunal de Justiça de SP à revista VEJA. Além de um enorme e mal disfarçado corporativismo na defesa de seus colegas ele nos brindou com algumas afirmações sobre os salários dos juízes, que merecem nossa reflexão e julgamento. Por exemplo: "Quanto ganha um alto executivo de uma empresa privada? Oitenta mil reais. O juíz ganha 24.000 reais. Não é um salário à altura do cargo. É inferior às nossas necessidades."

Vale a pena ler a entrevista do juíz Ivan Sartori, concedida à revista VEJA de 8/02/2012 e transcrita abaixo:



Entrevista - Ivan Sartori

O novo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo defende a punição rigorosa para juízes corruptos, mas diz que o desvio de uns poucos não pode macular todos

O desembargador Ivan Sartori, de 55 anos, toma posse na próxima segunda-feira como presidente do maior Tribunal de Justiça do país, o de São Paulo. Ele assume o cargo em um momento em que o Judiciário é alvo de acusações que vão de corporativismo a pagamento de supersalários a magistrados. Na semana passada, Sartori recebeu VEJA para uma conversa franca em seu gabinete. De forma corajosa, admitiu que o TJ-SP já recomendou a desembargadores desonestos que se aposentassem para evitar a abertura de investigações. Os magistrados pretendiam evitar que o desvio de uns poucos lançasse máculas sobre toda a classe. “Era uma coisa cultural, um erro gravíssimo”, diz Sartori. Ele afirma que vai trabalhar para que isso não se repita.

O senhor assume o Tribunal de São Paulo em meio a uma controvérsia em torno de pagamentos milionários a alguns desembargadores. O que aconteceu exatamente?

O que tem de ficar claro é o seguinte: os pagamentos não são ilegais. São direitos trabalhistas devidos. O tribunal deve 1,2 bilhão aos magistrados e 1,8 bilhão aos servidores da Justiça. Esses pagamentos são feitos em parcelas, às vezes ao longo de vinte anos, porque não há dinheiro para pagar tudo de uma vez. O que ocorreu há alguns anos – e soube-se agora – é que foram feitas quitações antecipadas a alguns colegas. No total, 29 desembargadores receberam esse dinheiro mais rápido do que os outros: dois deles tiveram pagamentos acima de 1 milhão de reais; três, acima de 500 000 reais; e os outros 24, entre 100 000 e 300 000 reais. Ficaram numa situação privilegiada em relação aos outros porque receberam antes, mas receberam valores que lhes eram devidos. Não houve prejuízo ao Erário nem crime. Estamos apurando se houve falhas éticas.

Por que os juízes têm tanto dinheiro a receber?

Todo servidor público do estado de São Paulo pode tirar três meses de licença-prêmio a cada cinco anos de trabalho, isso não é uma prerrogativa exclusiva dos juizes. Se o servidor não tira, recebe o equivalente a esses três meses em dinheiro. Além disso, os juizes têm dois meses de férias por ano, mas costumam tirar somente um. Os desembargadores paulistas têm escala de férias. Se todos os que têm direito saíssem de uma vez, não haveria quem julgasse os processos. Então, quase todos têm período de férias ou licença a receber. Temos também o auxílio-moradia. Esse benefício surgiu porque, por lei, parlamentares e ministros do Supremo Tribunal Federal têm de ter os vencimentos equiparados. Os parlamentares ganhavam, além do salário, um auxílio-moradia – e os juízes pediram para receber o mesmo. Ganhamos essa ação e tivemos esse crédito reconhecido. Toda a magistratura foi beneficiada. A Justiça Federal e muitos Tribunais de Justiça já pagaram todo o retroativo. Em São Paulo, não havia dinheiro em caixa. O crédito avolumou-se com a correção monetária. Tudo somado, magistrados paulistas com cerca de trinta anos de carreira, como eu, têm créditos de mais de 1 milhão de reais atrasados. Com isso, recebemos de 8 000 a 11 000 reais a mais todos os meses, para saldar essa dívida.

Isso não reforça a ideia corrente de que a magistratura é uma classe privilegiada, que ganha vantagens indevidas?

Quanto ganha um alto executivo numa empresa privada? Oitenta mil reais por mês. Quanto ganha o presidente da Petrobras? Deve ser mais de 45 000 reais por mês. O juiz ganha 24 000 reais. Não é um salário à altura do cargo. É inferior às suas necessidades. Nós sabemos que a classe operária não está sendo remunerada condignamente e, por isso, nosso salário causa um impacto maior, mas não temos FGTS nem hora extra – e garanto que um juiz trabalha além das oito horas diárias. Não temos adicional de periculosidade – e estão matando juízes. Falam que temos aposentadoria integral, mas, em boa parte, ela é custeada pelo próprio juiz. E o juiz que entra agora, depois da última reforma do Judiciário, não tem mais aposentadoria integral.

Muita gente acredita que o serviço público pressupõe uma vida modesta, do ponto de vista financeiro. O senhor acha que essa é uma visão equivocada?

Eu quase não tenho patrimônio. Tenho uma cobertura simples no litoral paulista. Um apartamento aqui em São Paulo que está financiado. Devo mais de 100 000 reais e não tenho esse dinheiro para quitar o saldo. Pago prestação dos meus carros, sustento minha família. Não vou dizer que estejamos mal. Levo uma vida digna, mas não é faustosa. Não chega a ser modesta, mas também não é uma vida de regalias. Ela é feita de renúncias e dedicação ao ofício.

O juiz precisa de dois meses de férias por ano?

Sim, o trabalho do juiz é desgastante. Temos vários colegas com problemas psicológicos. A Lei Orgânica da Magistratura diz que um juiz pode julgar, no máximo, 300 processos por ano, porque é uma atividade insalubre. Quase todo mundo julga mais do que isso. É um número sem fim de processos. A vida das pessoas está nas suas mãos, à sua espera, você trabalha muito e não dá conta. Isso gera um stress que você calcula.

O Judiciário é um dos pilares da democracia. Isso faz do juiz um cidadão de categoria superior?

Não, pelo contrário. Sob alguns aspectos, pode-se dizer que o juiz é um cidadão de categoria inferior. Ele não pode se candidatar a cargo eletivo, por exemplo. Além disso, tem de ter retidão absoluta em sua conduta. Não pode existir “jeitinho” brasileiro para juiz. Qualquer pessoa pode experimentar um cigarro de maconha. Eu não posso, sou juiz. Coisas que você pode fazer como cidadão comum, você não pode fazer como juiz. Mas, pela importância do trabalho, os magistrados precisam de proteção especial: cargo vitalício, salário condigno e dignidade no trabalho. Em São Paulo, há juízes trabalhando de forma subumana, em banheiro adaptado como sala, com teto que pode cair na cabeça.

Hoje, fala-se mais em corrupção no Judiciário. Isso quer dizer que o problema aumentou?

Atribuo isso, primeiro, a uma falta de comunicação do Judiciário com a sociedade. No passado, juiz que falasse com a imprensa era punido, tido como vedete. O resultado é que poucos conhecem o Judiciário. Com aquela história de que o poder é uma caixa-preta, a imprensa começou a bater nos juízes. Depois, com a declaração da ministra Eliana Calmon, corregedora do Conselho Nacional de Justiça, de que havia “bandidos de toga”, a coisa piorou. Os maus elementos são raríssimos, mas toma-se a parte pelo todo. Há também quem diga que existe uma campanha sendo perpetrada pelos réus do mensalão para fragilizar o Judiciário neste ano em que o caso deve ir a julgamento no Supremo. A tese não é estapafúrdia, embora eu não tenha elementos para afiançar que ela é verdadeira.

Nesta semana, discutiu-se o papel que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) deve desempenhar na investigação e fiscalização do Judiciário. Qual sua opinião sobre isso?

A primeira função do CNJ é promover a reestruturação administrativa do Judiciário nos estados. É preciso ajudar a aprimorar a gestão de processos e pessoas, promover intercâmbio de know-how, conseguir linhas de crédito para completar a informatização das varas, fazer gestão política para melhorar o orçamento dos tribunais. O CNJ tangencia essas questões e se concentra na punição aos maus magistrados. É preciso punir os desvios? Claro, mas essa não é a função principal do órgão. O CNJ está querendo abraçar o mundo. Isso não pode.

O TJ de São Paulo tem sido o principal alvo das investigações do CNJ. Ele tem mais casos de corrupção do que os outros?

Não. Sempre houve maus elementos em todo lugar. Aqui, nós sabíamos quem eles eram. Estão aposentados agora. Alguns foram aposentados compulsoriamente, inclusive. É a punição máxima que se pode aplicar na esfera administrativa. Outros foram convidados pelos colegas a se aposentar, sem investigação.

Sem investigação? Isso quer dizer que o TJ de São Paulo já protegeu desembargadores desonestos?

Sim. Foi um erro gravíssimo. Deveriam ter sido investigados, punidos e expostos. Porém havia uma cultura de não fazer isso, para evitar que as pessoas pensassem que somos todos assim. Mas foi há muito tempo, faz mais de dez anos. Isso já não acontece nem vai mais acontecer. Hoje, somos rigorosos com os juizes que fazem coisas erradas. Eles são a minoria. Não há mais nenhum juiz com problemas aqui.

Não há mais juiz com problemas ou eles não são devidamente investigados?

Não há. Não chega uma denúncia aqui na presidência a respeito disso. Posso garantir que 99% dos juizes são sérios, trabalham pesado. Os magistrados paulistas cometem menos irregularidades do que os de outros estados.

O senhor falou em rigor, mas nos últimos doze anos só um juiz foi aposentado compulsoriamente pela Corregedoria do Tribunal. Os outros sofreram punições leves, como remoções, advertências e censuras.

São algumas das ferramentas que nós temos. Mas há outras. Depois de uma condenação administrativa por um fato grave, o procurador-geral de Justiça pode entrar na Justiça e pedir que o mau juiz perca o cargo. Pode pedir inclusive o cancelamento dos seus vencimentos, mas essa questão é polêmica. Em São Paulo, o Ministério Público pode e deve fazer isso. E nós devemos oficiá-lo sobre os casos que exigem esse tipo de providência. Não passaremos a mão em cabeça de bandido.

O jornal Folha de S.Paulo publicou que juízes de São Paulo receberam dinheiro “por fora”.

Durante um período de cerca de um ano, todos os juízes receberam os atrasados sem que isso constasse no holerite. Nós mesmos reclamamos, e isso foi corrigido. Estamos apurando, mas deve ter sido um equívoco administrativo.

Seu antecessor estabeleceu punições para juízes que julgassem pouco. Os magistrados paulistas são pouco produtivos?

Não. O quadro é o seguinte: há juízes que são pouco produtivos, cerca de 20% do total. Desses 20%, a imensa maioria trabalha muito, mas à moda amiga, sem uma boa gestão no gabinete. Assim, não rendem. Nós vamos ajudar a solucionar esses casos. Uma minoria, um ou outro caso, é composta de juízes que trabalham pouco porque querem. Isso é imperdoável, e esses serão punidos. Mas reitero: os magistrados trabalham muito. Trabalham em casa, no fórum, no tribunal… o tempo todo. É um absurdo dizer que juiz não trabalha. Convido qualquer cidadão a acompanhar o dia a dia de um juiz.

Se o senhor pudesse fazer uma única mudança na legislação penal para diminuir a impunidade no Brasil, qual seria ela?

Mudaria a Lei de Execução Penal, para acabar com a progressão de regime para a maioria dos crimes. Para mim, condenados por homicídio, estupro, latrocínio têm de cumprir toda a pena em regime fechado. Foi condenado a vinte anos? Fica vinte anos na cadeia – e não um sexto do período, como hoje chega a ocorrer. Só assim os bandidos vão pensar antes de cometer crimes. Isso também deveria valer para a corrupção, que precisa ser transformada em crime hediondo.

Mas o sistema prisional tem estrutura para isso?

Temos de privatizar o sistema prisional ou geri-lo por meio de parcerias público-privadas. É preciso dar condições dignas de vida ao preso, mas também colocá-lo para trabalhar – construir estrada, asfaltar rua. Os ganhos podem ser revertidos para ele e para sustentar sua estada no cárcere. Cada preso custa cerca de 1 000 reais por mês ao Erário.

No Brasil, costuma-se dizer que ricos não vão para a cadeia. Quanto isso tem de verdade?

De fato, são poucos os ricos que são presos. E o juiz não tem como mudar isso. A questão é que ricos e poderosos podem contratar bons advogados, que se valem dos caminhos legais para protelar o processo e assim impedir ou relaxar a prisão. O pobre tem uma assistência jurídica falha e desinteressada. Pobre é esquecido na cadeia.

Publicado na Revista Veja edição 2255 (08/02/2012)

Os perigosos lobistas do amianto no Brasil

O Observatório da Infâcia confraterniza-se com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e com o médico sanitarista, pesquisador dos efeitos deletérios do amianto, Hermano Albuquerque de Melo, na sua luta pelo banimento total do amianto do Brasil. Comprovadamente o amianto é um agente cancerígeno.

Em 14/02/2012, O Globo noticiou com destaque a matéria com o seguinte título: Itália condena ex-donos da Eternit por 2100 mortes causadas pelo amianto. O Brasil já sediou uma das mais importantes filiais da Eternit. Mas o amianto e suas variações continuam a envenenar sobretudo os trabalhadores brasileiros. Os lobistas do amianto entre nós estão em plena atividade.

Não dá para ficar calado.

"A Privataria Lulo Petista"

A recente privatização bem festejada, dos em tudo ultrapassados aeroportos brasileiros, nos obriga a refletir sobre o assunto. Não li o "best seller" "A Privataria Tucana" e também não lerei o livro que certamente virá sobre as privatizações petistas. Afinal tudo vai depender apenas de uma boa estratégia de marketing através sobretudo da internet, para torná-lo também um best seller.

Não dá para ficar calado.

Choque de ordem

A foto do General Gonçalves Dias, ex-comandante do esquema de segurança de Lula, se confraternizando com PMs e bombeiros grevistas em Salvador é constrangedora e mereceu destaque na mídia.

O militar foi afastado de suas funções e os líderes grevistas amotinados foram presos.

Foto: A Tarde

Não dá para ficar calado.

Um suicídio que merece reflexões

Em Belo Horizonte, o empresário Djalma Veloso, de 49 anos, se matou com 28 facadas. O corpo foi achado em um motel onde se registrara sozinho, na quinta-feira, dia 2 de fevereiro.

O empresário horas antes matara com facadas sua mulher, a procuradora federal Ana Alice, de 35 anos, após discussão na presença dos filhos de 3 e 7 anos. A babá escondeu-se com as crianças em um banheiro por volta das 4 horas da madrugada.

Após matar a mulher Djalma suicidou-se. Das 28 perfurações encontradas em seu corpo, seis eram profundas.

O suicídio é um tema já bastante abordado no nosso site e blog. A situação acima descrita, tragédia que se refletirá na vida de duas crianças, é instigante e com várias implicações. Merece reflexão e discussão.

Não dá para ficar calado.