sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Problemas da infância perdem espaço na mídia para algemas!

Soa tão ridículo para a população a discussão sobre o uso ou não de algemas! Será que o vaidosíssimo presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, sabe disso?

O mais grave é o espaço que a mídia dá para uma polêmica que não interessa à população. Os jornais de hoje, 20/08, divulgam várias páginas com declarações do presidente do STF, de enfrentamento verbal com o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Correa. As frases do presidente do STF, irônicas, com pretensão de bom humor, transparecem na realidade autoritarismo, arrogância e vaidade.

Como qualquer cidadão, conclamo a mídia para reservar seus espaços para situações mais importantes. Se pela lei à criança é garantida prioridade e primazia, em nome dela, o Observatório da Infância solicita melhor uso do espaço nos jornais.

Não dá para ficar calado.

Pais dormem sobre bebê e o matam por asfixia

Creio que poucos terão lido a notícia da morte de um bebê de 24 dias, asfixiado pelos próprios pais que, na cama de casal, dormiram sobre a criança, matando-a. A tragédia ocorreu em um hotel em Goiância (GO), onde eles estavam hospedados. O casal vive em São Paulo e viajava a passeio.

Essa situação não é desconhecida dos pediatras. No caso, a morte do bebê parece não ter sido proposital, mas em muitos outros casos já descritos, a mãe por razões diversas, deliberadamente sufoca o bebê (geralmente recém-nascido) com o travesseiro.

O estudo da Síndrome da Morte Súbita, ainda um campo obscuro na pediatria, vem aos poucos encontrando causas para as mortes sem explicações de muitos bebês nos primeiros dias ou meses de vida. Uma delas é a asfixia causada pela própria mãe e que vinha sendo incluída nos casos de morte súbita. Persiste ainda a dúvida sobre o diagnóstico da causa da morte de muitos bebês que são em conseqüência enquadrados na Síndrome da Morte Súbita (e sem explicação). Mas é necessário ficar atento para os casos de asfixia proposital, acidental, ou por negligência, de bebês recém-nascidos.

Pessoalmente, conheço casos de mães que exaustas, sobretudo no período de aleitamento, dormiram com o bebê na cama e subitamente acordaram assustadas e ao mesmo tempo aliviadas por não ter acontecido o pior.

A notícia é um alerta para todas as mães.

Não dá para ficar calado.

Licença maternidade de seis meses será sancionada pelo presidente Lula

O presidente Lula declarou aos jornais que vai sancionar a licença maternidade de seis meses. Os benefícios para a criança e para a família, favorecendo um mais intenso e profundo relacionamento mãe-bebê e o estímulo ao aleitamento materno, são inquestionáveis. O projeto vitorioso foi fruto de uma parceria entre a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a senadora Patrícia Saboya.

Obviamente virão agora os debates sobre como bancar os custos. Apenas como contribuição ao raciocínio, devo dizer que o Observatório da Infância tem recebido e-mails de homens que pleiteiam também a licença paternidade de 30 dias e que, em países como a Suécia, o tempo total da licença, que é longo, pode ser dividido entre o pai e a mãe.

Não dá para ficar calado.

Obstetras, em benefício próprio, estariam doutrinando gestantes para optarem por cesareanas.

O Observatório da Infância já divulgou em artigo de 11/07/08 (Brasil, recordista em cesareanas) que o Brasil é recordista mundial de cesareanas. Os usuários do site puderam inclusive dar sua opinião em pesquisa anexa ao artigo. Agora, o jornal O Estado de São Paulo tratou o assunto em duas páginas da sua edição de domingo (17/08/08), com a manchete "Cesareana agendada aposentou o trabalho de parto". O parto cirúrgico que reconhecidamente aumenta o risco de complicações para o recém-nascido, tem no Brasil uma taxa de 43%, quando o recomendado pela Organização Mundial de Saúde é de até 15%.

Impressiona a pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública que aponta que 70% das mulheres desejam parto normal no início da gestação, "mas vêm sendo convencidas pelos obstetras da maior segurança da cesariana e sendo minadas na confiança de que seu corpo seria capaz de enfrentar um parto normal".

A recente conclusão da pesquisa deixa antever uma séria acusação aos obstetras: o doutrinamento das gestantes para optarem por cesarianas.

Na reportagem do Estado de São Paulo, um obstetra, Dr. Geraldo Caldeira, que teria grande atuação em São Paulo, declara que dois fatores são determinantes para explicar essa realidade: a má remuneração dos partos pelos planos de saúde e a forma como as mulheres são educadas. "Hoje, se paga cerca de R$ 800, num parto por convênio. Não é vantajoso desmarcar a agenda para acompanhar um parto normal. Se quiserem vão ter de oferecer no mínimo R$ 2 mil", diz o obstetra.

O que a matéria e a declaração do Dr. Geraldo Caldeira querem dizer é que a indicação para uma cirurgia que traz maiores riscos para o bebê é fruto não de uma indicação médica consciente e técnica, mas sim de um doutrinamento das gestantes pelos obstetras em benefício próprio.

Uma matéria como essa, que retrata uma realidade que em parte já é conhecida por nós médicos, é uma reportagem-denúncia que merece uma investigação e procedimentos pelos conselhos de medicina.

Não dá para ficar calado.

Morte em creche por meningoencefalite

Em laudo de 18/08/08, o Instituto Médico Legal de São Paulo divulgou que o menino Gabriel, de 7 meses, morreu em 25 de julho, na creche Pedacinho da Lua, em conseqüência de uma meningoencefalite viral, que causou vômitos e sufocação. O episódio mostra bem a importância de uma ficha médica atualizada de crianças em creche. Por outro lado, dessa vez, ao contrário do que ocorreu com a Escola Base, a mídia foi cautelosa, procurando não incriminar a princípio a creche. Assim também procedeu o Observatório da Infância em matéria publicada neste blog, de 05/08/08 (Morte em creche).

Não dá para ficar calado.

Acorda, governador

O jornalista Tullio Bonvini Macacchero foi vítima de assalto à 1 hora da tarde em uma das esquinas mais movimentadas do Centro do Rio, em pleno horário comercial. Levou um tiro de pistola na coxa esquerda. Foi levado ao Hospital Souza Aguiar e salvo pela equipe de emergência. O seu relato do ocorrido e suas lúcidas reflexões foram publicados no artigo "Acorda, governador", em O Globo de 21/08/08.

A leitura desse artigo é fundamental neste momento em que uma população que vive em pânico, deve escolher seus candidatos a prefeito e vereador. Atentem não só para os candidatos, mas também para quem os apóia, e então escolha, se possível for.

O último parágrafo do "Acorda, governador" está reproduzido abaixo.

"Por fim, por coincidência antes de sair de casa e ser vitimado pelos animais, li que o governador acusava os médicos dos hospitais públicos de não trabalhar. Deixe eu lhe falar uma coisa, governador: fui para o hospital Souza Aguiar, onde tive um tratamento excelente por parte de médicos, enfermeiros e atendentes. Devo muito a essas pessoas, que com muito zelo e senso de responsabilidade salvaram a minha vida. Quem não trabalha, sr. governador, é a sua policia, que permite que à 1 hora da tarde uns bandidos puxem uma pistola de 9 mm em pleno Centro e nada lhes acontece. Acorda, sr. governador. Olhe ao seu redor, olhe para si mesmo, e veja quem não trabalha de fato. Deixe os médicos dos hospitais públicos em paz. São excelentes."

Não dá para ficar calado.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

UTI de recém-nascidos sem pediatras

Em 27 de junho, com o título "Morte de 26 recém-nascidos no Pará: negligência e omissão.", comentamos a tragédia ocorrida em maternidade de Belém do Pará.
O presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria aborda o ocorrido com uma visão profissional, técnica e política, comme il faut.

Não dá para ficar calado.


UTI de recém-nascidos sem pediatras

Dioclécio Campos Júnior
Médico, professor titular da UnB e
presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria

A assistência pediátrica da atualidade baseia-se em evidências científicas seguras para não errar no desempenho. Lidar corretamente com a saúde do ser humano em formação requer conhecimentos ilimitados em extensão e profundidade. O menor descuido pode gerar conseqüências danosas e irreversíveis para o futuro cidadão. Porém, o cuidado médico não pode ser entendido como missão solitária. Implica participação de profissionais de outros ramos, ambiente adequado, equipamentos indispensáveis, disponibilidade de insumos necessários e remuneração à altura da extrema responsabilidade que lhe cabe.

A evolução científica não cessa. Faz a sua parte. Revela segredos da vida, identifica fenômenos biológicos complexos e oferece recursos para controlá-los em benefício da saúde. Recém-nascidos com peso de 600g, sem qualquer chance de vida no passado recente, já podem sobreviver graças aos avanços médico-científicos do mundo moderno. O médico que exerce a arte e a ciência da cura com rigor ético é o principal agente das conquistas alcançadas no diagnóstico e na terapêutica de doenças que antes reduziam a qualidade e a duração da vida. Contribui para a promoção e a recuperação da saúde das pessoas.

As virtudes da pediatria são reconhecidas pela sociedade, mas seu valor não é respeitado pelas políticas públicas, nem pela saúde suplementar. O pediatra sobrevive precariamente em atividades estressantes, na insalubridade de locais indignos, na insegurança de empregos humilhantes. Busca situar-se no injusto cotidiano de um mercado de trabalho em que presta serviços de complexidade crescente e recebe salário decrescente. Perde saúde, exaure-se, envelhece precocemente. Mas não se desencanta. Mantém o compromisso com a vida humana.

A mais recente tragédia de uma UTI neonatal, ocorrida em Belém, mostra o desprezo do sistema público de saúde para com os direitos da criança e os de seus cuidadores. É apenas mais uma. Tão banalizada como outras. Situações semelhantes multiplicam-se na rede de assistência ao parto e ao recém-nascido no país. Representam novos desastres anunciados. Basta analisar a condição de funcionamento das UTIs neonatais do SUS para se confirmar o risco iminente. As medidas adotadas para evitá-lo, sempre paliativas, são inócuas. Apenas adiam a data da próxima catástrofe.

Não dá mais para enfrentar os desafios da saúde da infância com simplificações que visam somente economizar recursos orçamentários. O atendimento médico da criança, em particular do recém-nascido, exige diferenciação profissional cada vez mais refinada em função das peculiaridades do organismo em transformação, no ciclo único da vida destinado ao crescimento e ao desenvolvimento do novo ser. A assistência pediátrica qualificada é, pois, investimento do qual depende a evolução da própria sociedade. Qualquer política que ignore uma evidência tão elementar distancia-se do progresso social. Não leva a lugar algum. Pior, retira das crianças pobres o acesso ao nível de cuidados médicos a que têm direito por força dos princípios de igualdade e universalidade em que se fundamenta o SUS.

Em todas as crises do atendimento de crianças pelo sistema público de saúde, a reação dos gestores é a mesma. Atribuem-nas à falta de pediatras. Ocultam a verdade. O Brasil tem 20 pediatras para 100 mil habitantes, proporção superior à dos países europeus e suficiente para a taxa de fertilidade de 1,8, atingida em 2007. O problema é a distribuição desigual desse médico nas distintas regiões do país, com grande escassez de pediatras nos municípios do interior, sobretudo na rede de unidades do SUS. Ao invés de remunerá-los à altura do que a assistência pediátrica representa para a sociedade, os gestores preferem substituí-los por profissionais sem preparo para cuidar da saúde da criança. Inspiram-se na antiga solução chinesa do médico pé-descalço, barata, mas superada pelo tempo porque desqualificada.

O cuidado com a vida do ser humano em crescimento não é menos importante, por exemplo, que a ação de um juiz de direito para o progresso da sociedade. São equiparáveis em valor. A promoção da justiça por juízes pés-descalços seria também inconcebível. Se o salário pago pelo SUS fosse igual ao do juiz de direito, não faltariam pediatras no serviço público, nem no interior do país. No entanto, a remuneração do médico formado para assistir a criança é 10 vezes menor que a do juiz. Por isso, não adianta construir e equipar UTIs neonatais. Estarão cheias de recém-nascidos e vazias de pediatras.

Assessoria de Comunicação da SBP
Tel: 55 21 2256-6856
55 21 2548-1999 r/ 33 e 48
Fax:55 21 2547-3567
imprensa@sbp.com.br

terça-feira, 5 de agosto de 2008

O perigo de um carro com insulfilme.

A morte do menino João Roberto, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, fuzilado por policiais militares dentro do carro de sua família, dirigido por sua mãe, já foi exaustivamente tratado pela mídia e pelos mais diversos especialistas, sobre todos os ângulos. No entanto, só li um artigo (Ruy Castro, na Folha de São Paulo, de 14/07/08, com o título "Urna Funerária"), que abordou um ponto que considerei fundamental desde as primeiras notícias da tragédia. É o fato de que o carro onde estava João Roberto e que foi confundido pelos incompetentes e destreinados policiais com o carro da mesma marca (Fiat), onde estavam os bandidos que eles perseguiam, tinha os vidros cobertos por insulfilme.

Foto: Mônica Imbuzeiro / O Globo

Era possível ver quem estava dentro do carro? Certamente que não. Aliás é esse o propósito do insulfilme: não deixar ver quem está no carro.

Criou-se o hábito no país de colocar película escura nos carros, sob o argumento de as pessoas não sendo vistas por possíveis assaltantes estarem mais seguras. Será?

E diante da polícia, em uma blitz, por exemplo, quando a norma de trânsito é acender a luz interna para identificar o motorista? E os ridículos táxis que tomaram conta do Rio e que mais parecem carros funerários? Dirigidos por quem? Livres ou ocupados?

Vários motoristas de táxi por mim consultados alegam que o insulfilme nos vidros é para reduzir o calor, o consumo do ar refrigerado e de combustível. E que é usado porque traz beleza e conforto. Será?

Penso que o insulfilme apenas virou moda no Brasil. No meu entender é pura macaquice de consumo e de mau gosto. Seus inconvenientes creio que superam possíveis benefícios. No caso de João Roberto foi seguramente um dos fatores que o levou à morte.

Não dá para ficar calado.

Demagogia às custas de criança.

Usar crianças para fotos em campanha é freqüente.
O hábito era colocá-los no colo.
Beijar mão é novo.
É quase inacreditável. Um candidato à prefeitura do Rio, com ar contrito, fecha os olhos e toma a mão de uma criança para beijá-la. Mas notem bem a carinha da menina, entre a rejeição e a desconfiança.
Foto: Berg Silva/Agência O Globo


Também na Argentina, as crianças são usadas por políticos em campanha. O bebê da foto, sabiamente, reage chorando à demagogia de Kirchner.
Foto: Natacha Pisarenko/AP-24/06/2009

Foto: André Teixeira / O Globo


Foto: Gabriel de Paiva / O Globo

Não dá para ficar calado.

Cuidado com o uso de medicamentos!

Especialistas estimam que 100 mil americanos morram todos os anos por problemas decorrentes do abuso de remédios. Esta é uma das afirmativas contidas no livro Our Daily Med, da jornalista americana Melody Petersen, recém lançado nos EUA.

Reportagem da revista Época, de 30/07/08, analisa o livro. O título da matéria, por si, já é um alerta: "Mais marketing que saúde". "Livro conta como fabricantes de medicamentos "criam" doenças, patrocinam pesquisas e fazem lobby milionário para vender cada vez mais remédios aos consumidores americanos".

A respeito dos métodos e procedimentos usados pela indústria farmacêutica na África, leia também o romance de John Le Carré, O Jardineiro Fiel (Editora Record) e veja o excelente filme com o mesmo nome.

Leia, sobre o mesmo assunto, os artigos:
Falsificação de medicamentos para leucemia
Dá para confiar nos antiinflamatórios?
Uso de medicamentos: riscos x benefícios

Não dá para ficar calado.

Cidadãos fantasmas.

O Governo Federal divulgou que intenciona padronizar a certidão de nascimento em todo o país e desenvolver um banco de dados centralizado.

É uma boa intenção, mas ainda tímida, para reduzir o número de crianças fantasmas, ou melhor, de cidadãos fantasmas, que nascem, morrem e são enterrados em cemitérios clandestinos, sem oficialmente existirem.

O Observatório da Infância, em 26 de março de 2007, tratou divulgou o assunto no artigo Crianças Fantasmas.

Não dá para ficar calado.

Crack e gravidez.

O crescimento do consumo de crack em São Paulo têm sido descrito como assustador. Já abordamos os uso de subprodutos da cocaína, baratos, de efeitos muito fortes, imediatos e passageiros, causadores de graves danos à saúde e que levam à uma dependência quase sem volta (Crianças e adolescentes brasileiros ameaçados por uma forma barata de cocaína: o "paco". ).

Na cidade de São Paulo, que tem um bairro com o trágico apelido de cracolândia, cerca de 3,4% da população acima de 11 anos usa maconha e 0,9% usa o crack, segundo matéria do jornal Folha de São Paulo, de 27/07/08. Um vídeo impressionante, surrealista, mostra entre vários usuários de crack, uma moça grávida que, logo que consegue obter a droga, corre avidamente para consumí-la. De imediato, veio ao meu pensamento o risco para o bebê que ela carrega e que, se nascer, já nascerá com a síndrome de abstinência e terá que ter ampla e especializada assistência para sobreviver. O vídeo em questão foi divulgado pelo portal Terra. Clique para assistir.

Não dá para ficar calado.

Cyberbullying e pedofilia na internet. Nova lei será parceira dos pais responsáveis.

Os pais são os maiores responsáveis pelo bom uso da Internet pelos seus filhos. Cabe a eles conhecerem o que a Internet faz com seus filhos e dos seus filhos. Agora e finalmente, um projeto de lei será o grande parceiro dos pais.

O Senado aprovou projeto de lei que dita regras para coibir os crimes de informática. O projeto vai agora para a Câmara, para votação.

Esse projeto foi apresentado inicialmente em 1999. Foi amplamente discutido com as representações da sociedade e finalmente o texto do relator, senador Eduardo Azeredo, foi aprovado no Senado.

Aqueles que, como nós, conhecemos há anos os crimes praticados na Internet contra crianças e adolescentes, em especial os de abuso sexual, aplaudimos com entusiasmo o projeto. Sabemos que a rede da Internet, democrática, universal, moderna e rápida, tornou-se o paraíso dos pedófilos, que divulgam fotos e textos de pornografia com criança, incentivo à pedofilia, trocam arquivos e formam uma verdadeira rede virtual de apologia da pedofilia, que por vezes sai do plano virtual de alimentação solitária de perversões sexuais, para o plano concreto da realização das fantasias através de redes de prostituição e exploração sexual comercial de crianças e adolescentes.

Ainda na área da criança e do adolescente, outra situação de violência praticada cada vez com mais freqüência na Internet é o cyberbullying. Discriminação, exclusão e ofensas através dos chamados sites de relacionamento, têm levado adolescentes em todos os países ao isolamento, à depressão e até ao suicídio.


O projeto aqui citado propõe uma maior responsabilidade dos provedores e a punição pela receptação, transmissão e armazenamento eletrônico de pornografia infantil e outros crimes da Internet.

Com uma boa legislação sobre crimes na Internet, aumenta a responsabilidade dos pais, afinal, os que mais deveriam se preocupar em vigiar e fiscalizar a relação do seu filho com as várias faces da Internet.


Leia outros artigos sobre o tema no Observatório da Infância ou no blog:
Não dá para ficar calado.

Morte em creche.

Temos escrito várias vezes sobre creche, no blog ou no Observatório da Infância. Todas as crianças têm direito legal à educação infantil, ou seja, à creche pública ou privada. E o lugar onde uma criança, sobretudo se ela for de baixa idade, é deixada pelos pais, merece uma fiscalização rigorosa e continuada. Pessoalmente já assisti a uma criança morrer sufocada por uma peça de plástico de um jogo de montar, que não deveria estar disponível na creche e muito menos para crianças de 1 a 2 anos.

Nem todas as creches têm condições de receber com segurança crianças pequenas e nem todas elas são fiscalizadas com rigor.

No entanto, no caso da morte do menino Gabriel, de 7 meses, não é possível, até o momento, definir nem a causa da morte e tampouco os responsáveis por possível negligência, imprudência ou imperícia.

As declarações do pai sobre o fato de a criança apresentar refluxo gastro esofágico, parece-me que têm sido inconsistentes. Os responsáveis pela creche, por sua vez, garantem que os pais nada informaram sobre qualquer problema de saúde com o menino. Aliás, sobre o refluxo gastro esofágico, há um excelente artigo publicado neste blog (Refluxo gástrico em bebês é normal? Tem cura?) em 11 de janeiro de 2008, de autoria do pediatra José Cesar Junqueira, da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (SOPERJ). É um bom momento para relê-lo, enquanto se aguarda o resultado das investigações.

É oportuno para pais e responsáveis por creches que fiquem alertas sobre a enorme importância das informações sobre os antecedentes de saúde, não só da criança deixada na creche, como também de seus pais.

Creche não é mais um depósito de crianças e pais não podem simplesmente, por qualquer que seja a razão, se verem livres de seus filhos em um local que não tenha sido por eles muito bem investigado. A maior responsabilidade pela escolha da creche é dos pais.

O que ocorreu com Gabriel foi um acidente? É sempre bom lembrar a definição do dicionário Aurélio para acidente: "acontecimento casual, fortuito, imprevisto". Portanto se um risco é previsível e providências não foram tomadas para evitá-lo, o evento que venha a acontecer, não será acidente, mas sim e, no mínimo, negligência.

Leia outros artigos sobre o tema creche, no Observatório da Infância e no blog:
Vaga em creche
A Chacina de Uruguaiana
Creche é um direito da criança.
Educação infantil: como estão as creches no Rio?

Não dá para ficar calado.