sexta-feira, 27 de março de 2009

Crianças vítimas de guerra.

"Relatório da ONU acusa Israel de ter usado criança como escudo em Gaza". Este foi o título da matéria publicada na edição de 24/03/09 de O Estado de São Paulo.

Ainda segundo a ONU, os ataques de Israel à Faixa de Gaza deixaram 1.040 palestinos mortos, sendo 431 crianças.

Também A Folha de São Paulo deu destaque ao assunto, na edição de 24/03/09 com o título "Relatórios da ONU apontam abusos de Israel em Gaza". A foto abaixo foi publicada no corpo da matéria.

Folha de São Paulo 24/03/09 - Yanai Yechiel/AP
"Um tiro, duas mortes". Modelo exibe camiseta de exaltação a morte de palestinos, usada por soldados para marcar o fim de um treinamento; o Exército israelense disse ontem que a idéia é de "mau gosto".

O relator especial da ONU para os territórios palestinos Richard Falk afirma ser necessária uma investigação abrangente.

Não dá para ficar calado.

terça-feira, 17 de março de 2009

A prática vem demonstrando que, na maioria das vezes, advertir um adolescente infrator e devolvê-lo para os pais é alimentar a impunidade.

São muitas as situações do dia a dia que nos dão uma enorme sensação de impotência. Uma delas é a participação repetida, recorrente, de adolescente e jovens em assaltos à mão armada, furtos e roubos. Aqueles poucos menores de 18 anos que se deixam prender são invariavelmente enviados ao Centro de Triagem e Recepção, na Ilha do Governador, e depois para audiência na Vara da Infância e da Juventude. A maioria acaba sendo entregue aos pais após advertência e logo reincidem, ou seja, voltam a praticar os mesmos atos que praticavam antes da sua detenção.

Sabemos todos que inúmeras são as causas que levam uma criança a se tornar um adolescente infrator. Não cabe hoje discuti-las. Mas a Justiça entregar adolescentes infratores aos pais, esperando que eles sejam corrigidos é de um simplismo enorme. Será que se espera que pais que por inúmeras razões não conseguiram educar seus filhos o farão após uma audiência? É lógico que não. Não adianta passar um problema adiante. Ele retornará.

A participação de adolescentes e jovens de 19, 20 anos (ou seja, eram menores de idade há 1 ou 2 anos atrás) em crimes, alguns com grande violência, vai fatalmente levar a uma tendência da população de apoiar os projetos de redução da idade de imputabilidade penal. Para 16 ou para 14 anos? E isso resolverá o problema? Mas um fato é certo: Ninguém aguenta mais a impunidade no Brasil, em todos os níveis, inclusive quando se trata de menores de idade.

Não dá para ficar calado.

UPA. A culpa é dos vigilantes.

Saiu em O Globo de 05/03/09: secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtez culpou os vigilantes das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) por fazerem triagem indevida e darem informações erradas aos pacientes, encaminhando-os para hospitais.

Sr Secretário. Desde sempre, ou seja, desde quando os Pronto Atendimentos foram criados (por volta de 1985, e não agora como se propaga) para aliviar as filas dos hospitais do Rio, a triagem acabava sendo feita por vigilantes em razão da falta de um profissional de saúde no local. Isso é tão antigo, Sr Secretário, que não dá para entender como V. Exa. pode agora querer culpar os vigilantes!

Não dá para ficar calado.

ONU aprova enfoque repressivo às drogas.

Enquanto aqui no Brasil, pais assumem publicamente que usam drogas junto com os filhos adolescentes (na realidade não sabem o que fazer e estão tão perdidos quanto os filhos) a Comissão de Narcóticos das Nações Unidas, em 12/03/09, aprovou um documento com diretrizes para a política internacional antidrogas, que mantém o atual enfoque repressivo à produção, ao tráfico e ao consumo de narcóticos no mundo.

Continuo achando que os pais cada vez mais não conseguem dizer não aos filhos, inclusive no que diz respeito ao uso de drogas.

Não dá para ficar calado.

Posse e guarda - jogo de xadrez de gente grande em que a criança é apenas o peão.

A tão propalada história do menino Sean não foge da repetição dos casos de disputa judicial pela posse e guarda de filhos. A diferença se vê apenas na grande participação dos meios de comunicação. O sofrimento de uma criança que se imagina amorosamente disputada é grande, em uma fase em que seu caráter está se moldando. Como em todos os outros casos, trata-se de um jogo de xadrez de gente grande em que a criança é apenas o peão.

Não dá para ficar calado.

terça-feira, 10 de março de 2009

O justificável cansaço de quem ainda lê jornais.

O Globo, 10/03/09, seção Cartas do Leitores:

"Sarney, Renan Calheiros, Collor, Sérgio Cabral, Agaciel, Dilma, Lobão, Tarso Genro, Ângela Catão, José Rainha e bispo Dom José. Estas pessoas foram personagens da semana passada. Até quando vamos viver com estas figuras? Será que Deus é brasileiro?"
Luiz Carlos J. da Silva
Rio de Janeiro


Meu apoio ao missivista que em brevíssimas linhas traduziu o pensamento de muitos.

Não dá para ficar calado.

Fora de foco.

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, continua buscando os holofotes. Segundo a Folha de São Paulo de 10/03/09, o ministro interrompeu um evento em Brasília para cumprimentar o médico que coordenou o aborto praticado em criança de 9 anos vítima de estupro. Desceu do palco sobre forte aplauso dos presentes e disse que cumprimentava um dos profissionais que "salvou a vida de uma criança".

A estéril polêmica entre representantes do governo federal e a Igreja Católica, representada pelo arcebispo de Recife e Olinda Dom José Cardoso Sobrinho, sobre o aborto praticado na menina de 9 anos, estuprada e engravidada pelo padrasto, ganhou um novo alento. A continuidade vai depender da Igreja (e obviamente da imprensa). Aguardemos.

Penso que o ministro deveria usar sua influência e suas atitudes midiáticas para combater com medidas concretas a desvalorização da criança-mulher na família brasileira. Uma menina de família miserável, desnutrida, tem a primeira menstruação aos 7 anos, é abusada pelo padrasto durante 2 anos até ficar grávida de gêmeos. É essa a infância da criança brasileira? Quantas estarão hoje em situação semelhante? Estou certo que muitas. São elas que merecem toda a atenção e holofotes da mídia e não ministros e bispos.

Não dá para ficar calado.

Violência sexual contra crianças na própria família. O foco da mídia e da preocupação popular.

A enorme divulgação da decisão do arcebispo de Recife e Olinda de aplicar a lei da Igreja Católica e excomungar aqueles que participaram do aborto, legal pelas leis brasileiras, em uma menina de 9 anos vítima de estupro pelo padrasto, só trouxe um grande benefício: mostrar ao Brasil uma realidade, que é o abuso sexual na família. Longe de se constituir em exceção, a violência sexual contra a menina pernambucana de 9 anos e sua irmã de 14 anos pelo padrasto, é um exemplo trágico de uma prática frequente, que não aparece nas estatísticas e que segue silenciosa, destruindo a infância de muitas crianças.

O foco da questão toda, na minha opinião, não deveria ser a excomunhão, que na prática a poucos atinge e a quase ninguém assusta, mas a frequência do abuso sexual na família e suas consequências, que não se restringem a uma gravidez de alto risco, mas a uma gama enorme de repercussões na vida da vítima.

Leia também: Brasil bárbaro, artigo publicado no site Observatório da Infância e Fora de foco, publicado no blog.

Não dá para ficar calado.

terça-feira, 3 de março de 2009

Gelatinas em pó devem ser evitadas por crianças?

O caderno Saúde da Folha de São Paulo de 03/03/09, divulgou matéria de página inteira com o título "Gelatinas em pó tem muito açúcar e pouco colágeno", alertando para os riscos do uso de gelatina em pó na alimentação infantil.

Pesquisa feita pela Pro Teste - Associação Brasileira de Defesa do Consumidor - analisou 11 pós para preparo de gelatina, sabor morango: 4 na versão tradicional, 4 na versão diet e 3 na versão zero. As conclusões foram que adultos podem consumi-las, desde que com moderação. Crianças devem evitá-las, pois as versões tradicionais do produto continham os seguintes problemas:
  • Excesso de açúcar.
  • Presença de edulcorantes (adoçantes) em duas marcas que já continham açúcar.
  • Uso de um corante artificial relacionado a hiperatividade no público infantil.
Na minha opinião, os trabalhos científicos disponíveis não comprovam definitivamente a relação entre o uso de corantes e a hiperatividade infantil. Em relação ao uso de edulcorantes (adoçantes) a maioria das pesquisas indica que não há riscos para saúde se consumidos em doses ditas normais. Excesso de açúcar é sabidamente condenável.

Parece-me que o problema maior para crianças consumirem gelatinas em pó é o fato de ser um produto industrializado com quase nenhuma proteína (colágeno). Por tradição a população crê que a gelatina é uma boa fonte de proteína.

Não há dúvida que o ideal é substituir gelatinas por frutas ou outros produtos frescos. Como fonte de proteínas definitivamente gelatinas em pó não servem.

Não devemos nos esquecer dos interesses comerciais envolvidos: O açúcar do produtor de cana, os edulcorantes das empresas de produtos dietéticos e a indústria dos pós de gelatina. Ao julgar a matéria em questão, deve-se atentar para esses fatos.

É importante que a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determine que as embalagens de pós de gelatina divulguem com destaque as ínfimas quantidades de proteínas contidas no produto.

Não dá para ficar calado.

O que você pensa do ministro Gilmar Mendes, presidente do STF?


Ministro Gilmar Mendes
Foto: Roberto Stuckert Filho

O jornalista Ricardo Noblat, na sua coluna de 02/03/09, de O Globo, lança um desafio: "José Mendes é um bom ou mal juiz?"

Toda a população sabe que o presidente do Supremo Tribunal Federal é um juiz de enorme exposição na mídia e que assume posições geralmente polêmicas, mas no seu "Você decide", Noblat pergunta:

"Que papel desempenha no cenário político brasileiro o ministro Gilmar Mendes desde que assumiu há quase um ano a presidência do Supremo Tribunal Federal? O de bufão - que longe de apenas divertir o rei e zombar da corte lhes diz verdades incômodas? Ou o de fiscal dos atos públicos atento a tudo que ponha em risco a legalidade? Você decide."

Na opinião de Noblat, expressa na sua coluna "Mendes faz política de forma ostensiva".

É isso que se espera do presidente do Supremo Tribunal Federal? Você decide.

Por outro lado, quem sabe se com a sua postura de grande exposição na imprensa, Gilmar Mendes não estaria obrigando a sociedade a se preocupar e a discutir temas tão polêmicos como o do financiamento público aos movimentos sem terra, ou dos hábeas corpus concedidos, por exemplo, ao banqueiro Daniel Dantas e aos criminosos cujo processos ainda não tramitaram em todas as instâncias.

Não dá para ficar calado.

Cuidado com a "empurroterapia"

Não houve repercussão, mas uma notícia veiculada pela Folha de São Paulo em 06/02/09 é de grande importância e deve servir de alerta a todos. O título da matéria era "Farmacêuticos vendem antibióticos sem receita médica".

Em pesquisa realizada entre junho e setembro de 2008, foram entrevistados 2769 profissionais. 68% admitiu que vende produtos farmacêuticos sem prescrição. 38% admite trocar genéricos receitados por similares, prática proibida. 15% admitiu a chamada "empurroterapia", situação em que o farmacêutico ou o balconista "empurra" para o cliente um medicamento cujo laboratório lhes paga comissões.

Todas essas práticas são condenáveis e aumentam para o usuário o risco de efeitos colaterais dos medicamentos. A "empurroterapia" é uma prática antiga que atenta contra a ética profissional. A ganância de alguns laboratórios, aliada a balconistas e farmacêuticos, deve ser controlada pelos Conselhos Regionais de Farmácia (CRF). Enquanto isso, a população deve ficar atenta e lembrar que seu corpo e sua saúde são muito valiosos para entregá-los a palpites de funcionários de farmácias.

Não dá para ficar calado.

Ladrão rouba carro com criança dentro, em apenas minutos de distração da mãe

Poucos minutos de distração foram suficientes para um ladrão roubar, em São Paulo, o Corolla de Valdirene Esashika, de 34 anos, levando seu filho de 3 anos.

Valdirene retirou o carro da garagem, deixou-o funcionando e por minutos foi falar com a vizinha. O ladrão aproveitou-se e levou o carro com a criança. Felizmente o carro e a criança foram achados abandonados logo após. A notícia é da Folha de São Paulo de 02 de março de 2009 e serve de alerta: criança deve ser vigiada todo o tempo.

Não dá para ficar calado.

Aplicação da vacina Gardasil para HPV na Espanha causa reações adversas e é suspensa pelas autoridades locais

Lotes de vacinas contra o papilomavirushumano (HPV), Gardasil - do laboratírio Merck Sharp & Dhome, foram recolhidos por determinação das autoridades sanitárias da Espanha. A razão, segundo o jornal o Estado de São Paulo, que divulgou a notícia em 11/02/09, foi que duas adolescentes foram hospitalizadas após terem sido vacinadas em uma campanha promovida pelo governo espanhol. O HPV pode causar câncer de colo uterino. A vacina é normalmente aplicada em mulheres de 9 a 26 anos.

No Brasil, em 2007, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) autorizou a comercialização da vacina Gardasil, para a prevenção de doenças causadas por 4 tipos de HPV: 6, 11, 16 e 18. A eficácia da vacina é superior a 95%. Contudo, ela não é disponível na rede pública no Brasil. A aplicação em clínicas particulares custa até R$ 364,16 por dose, devendo ser aplicadas 3 doses.

Após a notícia que foi divulgada na impresa européia sobre os efeitos adversos da vacina na Espanha, é urgente que o Ministério da Saúde brasileiro se manifeste publicamente. Portugal, país vizinho da Espanha, já divulgou nota oficial.

As reações oficiais brasileiras diante da suspensão de medicamentos em outros países costumam ser muito lentas, possibilitando que a população continue utilizando produtos que posteriormente serão retirados do mercado.

A prevenção do câncer de colo uterino através de vacinas contra o HPV, autorizadas pelo Ministério da Saúde, é de grande importância e inclusive se impõe que sua prática seja democratizada. Todos e não apenas os que podem pagar mais de R$ 1.000, têm direito ao seu uso. Por essa razão, em situações como a divulgada na mídia, é muito importante a manifestação pública do Ministério da Saúde.

Não dá para ficar calado.