terça-feira, 24 de novembro de 2009

O beijo fraterno histórico

Em novembro, o mundo comemorou os 20 anos da queda do muro de Berlim.

Foi uma excelente oportunidade para assistirmos a vários documentários na TV (sobretudo na TV5 Monde) e a inúmeras reportagens nos principais jornais brasileiros.

Sobre um trecho remanescente do muro, mais de 100 artistas deixaram sua marca. Uma delas é o famoso "Der Bruderkuss", o Beijo Fraterno, retratando o líder soviético Leonid Brejnev e o líder da então República Democrática Alemã (RDA), Erich Honecker.

Não dá para ficar calado.

Pai se joga com o filho, de 2 anos, do 18º andar de um prédio.

Depressão e suicídio fazem parte do nosso dia a dia.

Mas por que Cássio Rodrigues, de 30 anos, jogou-se do 18º andar de um prédio, em São Paulo, levando junto seu filho de 2 anos?

Com tantos recursos medicamentosos, por que ele não se tratava?

Não dá para ficar calado.

Mãe esqueceu a filha no carro. O bebê morreu asfixiado.

A pergunta que mais ouvi hoje: como é possível uma mãe esquecer seu bebê de 5 meses no carro, ir trabalhar e só voltar 6 horas após? Tenho muita pena dessa mãe. Tenho pensado na pressão que sofre uma mulher cuidando de 2 filhos e pressionada a disputar um espaço no mercado de trabalho.

Há algum tempo, recebemos e-mail de uma brasileira que mora no Japão contando que lá, no estacionamento dos shoppings e supermercados há avisos lembrando sobre a possibilidade de esquecer um filho no carro. O fato é que está se tornando frequente o esquecimento de crianças nos automóveis, pelos pais. Alguns morrem. Alguém sugeriu a criação de um sinal eletrônico de alerta. É uma idéia.

Não dá para ficar calado.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Mariana Ximenes X Geisy Arruda


Duas damas de vermelho. Que diferença!

Como reagiriam os trogloditas da Universidade Uniban se fosse a Mariana Ximenes no lugar da estudante Geisy.

Não dá para ficar calado.

Pastor evangélico é condenado a 175 anos de prisão por pedofilia

Não. Não é no Brasil. Tranquilizem-se pedófilos brasileiros. Aqui, após 3 ou 4 anos de prisão, entraria no regime de progressão da pena e seria solto por bom comportamento.

Bernie Hoffman, conhecido como Tony Alamo, fundador do grupo chamado de Ministérios Cristãos Tony Alamo, foi preso em julho passado por abusar sexualmente de meninas. A notícia é da France Presse.

O juiz Harry Barnes, da Justiça do Arkansas, condenou o pastor americano a 175 anos de prisão e a uma multa de US$ 250 mil por 10 crimes.


Não dá para ficar calado.

Tratamento dos pedófilos ainda na adolescência

O último número (33/2009) da publicação Child Abuse & Neglect - The International Journal, órgão oficial da ISPCAN (International Society for Prevention of Child Abuse and Neglect), divulgou um artigo da Universidade de Medicina de Berlim, sobre prevenção da pedofilia.

Partindo do pressuposto que homens com pedofilia (preferência sexual por crianças e pré púberes) e/ou hebefilia (preferência sexual por adolescentes púberes) começam a demonstrar a sua preferência ainda na adolescência, os autores os incentivam a procurar o tratamento precocemente, ainda na adolescência. Os autores reconhecem as dificuldades e limitações do estudo realizado.

O enfoque na prevenção primária precocemente, parece-me bastante singular e importante no tratamento da pedofilia.

Não dá para ficar calado.

A separação dos pais como sério fator de estresse para os filhos

O Jornal de Pediatria, órgão oficial da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), divulgou no seu último número (setembro/outubro de 2009) estudo realizado no Departamento de Psicologia da Universidade do Minho, Braga, Portugal, que avaliou os danos que a separação dos pais pode causar à saúde física e psicológica de crianças. Destaca o artigo que não é a separação por si própria que desencadeia a desadaptação desenvolvimental das crianças, mas sim outros fatores de risco assossiados à mesma, como, por exemplo, o conflito interparental, a psicopatologia de um dos pais, a redução do nível socioeconômico, um estilo parental inconsistente, uma relação coparental paralela e conflituosa e baixos níveis de suporte social.

Estes fatores de risco desencadeiam trajetórias desenvolvimentais caracterizadas por inadequada adaptação, com possível sintomatologia psicopatológica, pior rendimento acadêmico, piores níveis de saúde física, comportamentos de risco, exarcebadas respostas psicofisiológicas ao estresse e enfraquecimento do sistema imunitário.

Leia os artigos sobre o tema, no Observatório da Infância.

Não dá para ficar calado.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Revejam as fotos premiadas no I Concurso de Fotografia do Observatório da Infância com o tema "Fome de Afeto"

1º Lugar
Lucas Terra Soares - SP

2º Lugar
Igor de Melo Venancio - CE

3º Lugar
Milton Luiz de Lima Junior - MG

Inscrições abertas para o II Concurso de Fotografia. Tema: O Medo na Infância. Inscreva-se.

Não dá para ficar calado.

Halloween é o cacete

Reproduzimos aqui o "Ponto Final" da coluna do Ancelmo, de 31/10/2009, no jornal O Globo. Estou de pleno acordo.

Não dá para ficar calado.

Síndrome de Down

Uma pesquisa impressionante nos chega da Inglaterra, publicada no British Medical Journal (BMJ) e divulgada no Estadão em 28/10/2009.

Segundo a pesquisa, o diagnóstico da síndrome de Down cresceu 71% na Inglaterra, nos últimos 10 anos, em razão das mulheres, hoje, decidirem ter filhos mais velhas. Mas o mais impressionante é que a pesquisa mostra que 92% das mães que optaram pelo exame pré-natal e receberam o diagnóstico da síndrome de Down, se decidiram pelo aborto. 70% das mães com mais de 37 anos fazem o aborto no pré natal. Recebo a notícia com ressalvas, uma vez que não a li no original.

O tema é importante e complexo e merece discussão aqui no Brasil.

Não dá para ficar calado.

Fundamental com 9 anos sacrifica o lazer da criança

A matéria é da Folha de São Paulo de 08/11/2009. A partir de 2010 todas as escolas, públicas ou privadas, terão que se adaptar à legislação que prevê 9 anos do ensino fundamental e não mais 8 anos. A criança deve entrar no 1º ano do fundamental com 6 anos de idade. Ou seja, com 5 anos, estará muita vezes fazendo um "vestibulinho".

A matéria chama a atenção para os prejuízos para as crianças que sacrificam o tempo de brincar para serem alfabetizadas. A esse respeito, você encontrará no Observatório da Infância os seguintes artigos:
Pelo grande número de visitas a esses artigos, pode-se avaliar a preocupação dos pais com essa mudança.

Não dá para ficar calado.

Usuários de crack

As imagens de usuários de crack vagando pelas ruas da cracolândia paulista sempre me impressionam muito. A maioria é de jovens, crianças e até mulheres grávidas. Agora as fotos de jornais mostram cenas semelhantes no Rio.

Segundo as autoridades, o devastador crack já é a droga mais usada por menores de rua no Rio. É desanimador.

Cracolândia, em São Paulo. (Fotos: Hélvio Romero / AE)




Jovens moradores de rua consomem crack livremente no Rio. (Foto: Domingos Peixoto / O Globo)


Leia mais sobre o tema:
Não dá para ficar calado.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Dez alunos sofreram bullying em escola particular durante 1 ano

O bullying praticado por 3 alunos contra 10 outros de uma escola particular do Recife foi divulgado pelo Diário de Pernambuco, na semana passada. Durante 1 ano as vítimas foram agredidas física e verbalmente sendo que, nem os pais, nem a escola, nada fizeram. Agora, uma das mães resolveu procurar a imprensa.

A matéria tem repercutido inclusive no Jornal Hoje, da TV Globo, de 27/10. Em Recife, o tema está sendo discutido e outras mães passaram a denunciar situações semelhantes de bullying ocorridas com seus filhos.

Aproveitamos a oportunidade para reproduzir parte da matéria do Diário de Pernambuco e as dicas do Observatório da Infância para os pais prevenirem o bullying.


Na mesma escola, mais uma vítima de bullying

Violência. Mãe procurou o Diario para contar que o filho de 12 anos também sofreu o abuso no colégio religioso.

Marcionila Teixeira (marcionilateixeira.pe@diariosassociados.com.br)

O alvo principal eram as pernas. Um dia, os machucados foram tantos que as dores impediram o garoto de ir à escola. O corpo estava moído pelos espancamentos. Aos 12 anos e novato, o estudante da 6ª série passou quatro meses sendo agredido por quatro colegas de sala de aula. Sofria calado, com medo da reação da família e consequentemente dos agressores. Um dia, cansado da situação, contou tudo à avó materna. O pesadelo relatado é real e teria acontecido no mesmo colégio religioso do Recife denunciada por ocorrências de bullying na semana passada. O caso foi revelado com exclusividade ao Diario, ontem, pela mãe do aluno, que não prestou queixa à polícia. Até a próxima sexta-feira, o delegado Thiago Uchôa disse que espera concluir o inquérito que apura as denúncias feitas por outros oito pais de adolescentes que estudam na unidade de ensino. Ele adiantou que provavelmente vai optar por aplicar aos três jovens agressores a medida de prestação deserviço à comunidade, prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Segundo a mãe do menino da 6ª série, o filho foi espancado e ficou até sem condições de ir à escola. Foto: Ricardo Fernandes/DP D.A Press
A situação do menino de 12 anos somente se normalizou no meio deste ano, quando o seu pai foi à escola para pedir providências à diretoria. Hoje, agressores e agredido convivem normalmente, mas por uma atitude decisiva da família, que exigiu uma ação do colégio. Os pais dos adolescentes foram chamados para conversar e as relações melhoraram. "Vou tirar meu filho da escola. Não fiz isso antes para ele não perder o ano. Assim como eu, outras mães vão fazer o mesmo", comentou a mãe da criança. Ela disse, ainda, que o grupo que batia no filho dela não é o mesmo citado pelos pais que procuraram a Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente (GPCA).

As manchas da violência praticada contra o menino de 12 anos também ficaram no psicológico. "Por muito tempo ele ficou sem querer ir para a escola, mandava eu fechar as portas de casa, se isolou. Ficou agressivo, algo parecido com pânico. Sonhava em colocar meu filho naquela escola porquequeria unir a educação tradicional com a religiosa, mas me decepcionei", comentou a mãe do aluno.

Estudo - Estudiosa do assunto, a professora da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina, Virgínia Passos, disse que no Brasil o bullying tem se caracterizado por agressões ocorridas até mesmo dentro de sala de aula. "No exterior, esse tipo de situação acontece mais no pátio ou no caminho da escola", destacou. Virgínia está fazendo doutorado e vai investigar como as relações entre professor e aluno podem influenciar na prática do bullying. "O agressor não escolhe a vítima aleatoriamente. Será que o agressor não é aquele aluno criticado em sala, colocado para fora, desacreditado?", supôs a professora. O trabalho deverá ficar pronto dentro de dois anos. "Muitas vezes os pais e a escola tratam a situação como se fosse natural entre as crianças", acrescentou.

O delegado disse que já ouviu os três alunos acusados das agressões em dias diferentes: na quinta-feira, na sexta-feira e ontem. "Todos citaram que costumavam brincar e que todos participavam. Um deles, no entanto, destacou que não gostava das brincadeiras mais pesadas", disse Uchôa. Ainda segundo Uchôa, não aconteceram mais ameaças para uma das mães das vítimas como a registrada na semana passada. Por telefone, um jovem se identificou como amigo dos acusados e disse que daria uma surra em toda a família da vítima. "Acredito que isso foi mais uma brincadeira de mau gosto do grupo, mas nada foi confirmado até agora", acrescentou o delegado.

Observe seu filho
- Demonstrar falta de vontade de ir à escola
- Sentir-se mal perto da hora de sair de casa
- Pedir para trocar de escola
- Revelar medo de ir ou voltar da escola
- Pedir sempre para ser levado à escola
- Mudar frequentemente o trajeto entre a casa e a escola
- Apresentar baixo rendimento escolar
- Voltar da escola, repetidamente, com roupas ou livros rasgados
- Chegar muitas vezes em casa com machucados inexplicáveis
- Tornar-se uma pessoa fechada, arredia
- Parecer angustiado, ansioso, deprimido
- Apresentar manifestações de baixa autoestima
- Ter pesadelos frequentes, chegando a gritar "socorro" ou "me deixa" durante o sono
- Perder, repetidas vezes, seus pertences, seu dinheiro
- Pedir sempre mais dinheiro ou começar a tirar dinheiro da família
- Evitar falar sobre o que está acontecendo, ou dar desculpas pouco convincentes para tudo
- Tentar ou cometer suicídio

De que maneira os alunos se envolvem com o bullying?

Os autores são, comumente, indivíduos que têm pouca empatia. Frequentemente pertencem a famílias desestruturadas, nas quais há pouco relacionamento afetivo. Seus pais exercem uma supervisão pobre sobre eles, toleram e oferecem como modelo para solucionar conflitos o comportamento agressivo ou explosivo. Os alvos são pessoas ou grupos que são prejudicados ou que sofrem as consequências dos comportamentos de outros e que não dispõem de recursos, status ou habilidade para reagir ou fazer cessar os atos danosos contra si. São, geralmente, pouco sociáveis. Um forte sentimento de insegurança os impede de solicitar ajuda. São pessoas sem esperança quanto às possibilidades de se adequarem ao grupo. A baixa autoestima é agravada por intervenções críticas ou pela indiferença dos adultos sobre seu sofrimento. Alguns creem ser merecedores do que lhes é imposto. Têm poucos amigos, são passivos, quietos e não reagem efetivamente aos atos de agressividade sofridos. Muitos passam a ter baixo desempenho escolar, resistem ou recusam-se a ir para a escola, chegando a simular doenças.Trocam de colégio com frequência, ou abandonam os estudos. Há jovens que, em depressão, acabam tentando ou cometendo o suicídio.

E o bullying envolve muita gente?

A pesquisa mais extensa sobre o assunto, realizada na Grã-Bretanha, registra que 37% dos alunos do primeiro grau e 10% do segundo grau admitem ter sofrido bullying pelo menos, uma vez por semana. Os meninos, com uma frequência muito maior, estão mais envolvidos com o bullying, tanto como autores quanto como alvos. Já entre as meninas, embora com menor frequência, o bullying também ocorre e se caracteriza, principalmente, como prática de exclusão ou difamação.

Quais são as consequências do bullying sobre o ambiente escolar?

Quando não há intervenções efetivas contra o bullying, o ambiente escolar torna-se totalmente contaminado. Todas as crianças, sem exceção, são afetadas negativamente, passando a experimentar sentimentos de ansiedade e medo.

Fonte: Observatório da Infância

Um filme retrata bem a situação de alguns alunos de escola interna, na Suécia, que sofrem bullying. O filme chama-se "Raízes do Mal" (Evil, 2003) e está disponível em vídeo.

Não dá para ficar calado.

Síndrome do Bebê Sacudido no Fantástico

Lucia Williams e João Augusto Figueiró estarão nesse domingo, dia 8/11, no Fantástico, da Rede Globo, falando sobre prevenção da Síndrome do Bebê Sacudido. A maior parte das pessoas, inclusive profissionais de saúde, desconhecem o perigo de sacudir o bebê. Assistam se puderem.

Mais informações já publicadas neste blog.

Clique, para saber mais sobre o assunto, no Observatório da Infância.

Não dá para ficar calado.

Pesquisa traça perfil de vítimas de abuso sexual

Nova face da crueldade que envolve a exploração sexual. Cerca de 61% das crianças e adolescentes vítimas desse tipo de crime no Brasil já pensaram em suicídio, segundo a World Childhood Foundation (WCF). Desses, mais de 58% já tentaram de fato praticá-lo. Entre os motivos apresentados, 20% relacionaram a vontade de morrer à violência sexual.

A pesquisa foi feita com 66 meninas e 3 meninos entre 10 e 19 anos de oito Estados (Pará, Sergipe, Rio Grande do Norte, Piauí, Bahia, São Paulo, Mato Grosso e Rio Grande do Sul), que foram vítimas de exploração sexual e hoje são atendidas por instituições especializadas.

O relatório mostra ainda que o abuso leva também a outras situações traumáticas, como a gravidez indesejada, o aborto e o abandono dos filhos. Três em cada dez meninas vítimas de exploração sexual já ficaram grávidas pelo menos uma vez na vida, sendo que 17% delas perderam os filhos por abortos naturais (6%) ou provocados (11%). Das que levaram a gravidez adiante, apenas 5,8% vivem com seus filhos hoje.

Dos entrevistados, 40% dizem que usam o dinheiro recebido no abuso para autossustento, mas 65% relatam que gastam comprando objetos pessoais, como celulares e roupas de marca. Para 30% das vítimas, o dinheiro obtido com o sexo é usado para comprar drogas, especialmente álcool (88%) e cigarro (63%)

A pesquisa constatou ainda que, além da relação sexual, a violência contra crianças e adolescentes acontece mais comumente na forma de conversas sobre sexo (74,2%), manipulação de partes íntimas do corpo da criança/adolescente (50,7%) e pedidos para ser tocado (43,1%).

Fonte: Folha de Londrina

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