terça-feira, 22 de julho de 2008

Quem participa das enquetes do Observatório da Infância?

O Observatório da Infância, ao longo de seu pouco mais de 1 ano de existência, tem sentido através de enquetes a opinião de seus usuários, a respeito de temas sobre a infância e a adolescência.

Alguns resultados dessas enquetes são sucintamente relacionados abaixo:

Temas sobre a infância.
  • 89% considera que crianças disputando títulos de minis misses Brasil, desfilando vestidas, maquiadas e caracterizadas como mulheres adultas, pode ser considerado uma exploração de imagem da criança pelos próprios pais.
  • 95% dos usuários não concordam com festinhas de aniversário organizadas para crianças de 5, 6 anos onde são oferecidos serviços de manicure, maquiagem, cabeleireiro e massagem
  • 63% acha que cabe ao governo exigir a exibição de programas na TV de acordo com a classificação indicativa. 37% acha que compete aos pais a decisão de escolher os programas de TV para seus filhos, obedecendo ou não à classificação indicativa.
  • 49% acha que é correto convocar o irmão de Isabella, de apenas 3 anos, para depor na Justiça.
  • Até o momento (a enquete ainda não foi encerrada), 86% já sabia, antes do caso Isabella, que é dentro da própria casa que crianças mais sofrem agressões físicas e abuso sexual.
Temas sobre adolescência.
  • 87% é a favor da nova "lei seca" de tolerância zero para o consumo de bebidas alcoólicas antes de dirigir.
  • 77% é contra a descriminalização de todas as drogas.
  • 56% acha que a idade de imputabilidade penal prevista pelo ECA deve ser antecipada. 28% acha que deve ser mantida aos 18 anos, mas deve ser aumentado o tempo de internação atual. 16% acha que deve ser mantida aos 18 anos.
  • 77% não concorda que adolescentes infratores de 16 a 18 anos sejam presos em celas junto com adultos.
Temas sobre infância e adolescência.
  • 58% acha que há riscos sérios para os jovens com o uso dos sites de comunicação. 42% não vê riscos.
Não dá para ficar calado.

Educação infantil: como estão as creches no Rio?

Todos os candidatos à prefeitura de São Paulo prometeram zerar o déficit de creches na capital (Há 90 mil crianças de 0 a 4 anos em fila de espera). Mas não bastam promessas.

Reportagem do jornal O Estado de São Paulo de hoje (22/07) mostra também que a maioria das creches, tanto públicas quanto privadas, na cidade de São Paulo, não apresentam condições ideais de funcionamento. A reportagem sugere que os pais fiquem atentos e fiscalizem a creche de seus filhos.

E na cidade do Rio, como está a educação infantil?

Quantos esperam vagas nas creches? Qual a qualidade das creches do Rio?

Quais as promessas dos candidatos a prefeito?

Não dá para ficar calado.

Pedófilos não devem ter direito a habeas corpus.

O casal americano Frederick Louderback, 64 anos e Barbara Anner, 72 anos, foram presos em Taquara, a 73 quilômetros de Porto Alegre, em 20/12/07, junto com um casal brasileiro, acusados de atentado violento ao pudor e corrupção de menores. Acertadamente, estão esses suspeitos de pedofilia detidos até hoje, em prisão preventiva, no Presídio Central de Porto Alegre. Ontem o presidente do Superior Tribunal Federal negou habeas corpus ao casal. Decisão acertada.

Os pedófilos são um risco para crianças e adolescentes e devem ser afastados do convívio social. Na cadeia devem cumprir pena e serem tratados. Ao serem soltos devem ser cadastrados nas delegacias e rigidamente controlados.

Infelizmente, pedófilos têm sido soltos após 2 ou 3 anos de detenção, por apresentar bom comportamento no presídio. Não sabem esses juízes que o pedófilo só se "comporta mal" junto a crianças e adolescentes?

Enquanto aguardam o julgamento, os pedófilos devem, como no caso em questão, ficar presos.

Não dá para ficar calado.

Madeleine, 15 meses após: nem viva, nem morta.

Lembram-se de Madeleine?

Foto: Álbum de família.

Leia também os artigos:
Segundo a imprensa internacional, o caso Madeleine foi arquivado hoje pela polícia portuguesa, por falta de evidências. Madeleine, que completaria 4 anos nove dias após o seu desaparecimento, em 03 de maio de 2007, do resort em que dormia junto com seus irmãos gêmeos de 2 anos, na Praia da Luz, no Algarve, Portugal. Os pais, Kate e Gerry McCann (foto abaixo), ambos médicos ingleses, gozavam férias com os filhos.

Foto: Steve Parsons/PA

O caso Madeleine mobilizou a Inglaterra e grande parte da Europa. Os jornais ingleses levantaram hipóteses e arranjaram suspeitos. Um desses suspeitos foi até agora o grande ganhador com a tragédia. É ele Robert Murat (foto abaixo), um inglês radicalizado em Portugal e que mora a 150 metros do resort onde estava Madeleine. Murat acaba de receber de um pool de 11 jornais ingleses, 600.000 libras esterlinas (cerca de R$ 2 milhões) de indenização por acusações falsas e difamatórias contra ele, feita em jornais ingleses.

Foto: Steve Parsons/PA

No dia em que Madeleine sumiu, os pais estavam jantando com amigos, em um restaurante de tapas, a cerca de 120 metros do local. As crianças estavam sozinhas.

No meu entender, independentemente do que possa ter ocorrido com Madeleine McCann, seus pais foram negligentes, deixando sozinhas, no andar térreo de um prédio (vide foto), em local de fácil acesso, 3 crianças menores de 4 anos. Madeleine poderia até ter deixado o quarto e ido para a rua, à procura dos pais. Até agora nada aconteceu com os pais, que além de indenizados, receberam vultuosa quantia para campanhas visando encontrar Madeleine, inclusive através de site criado com esse objetivo (www.findmadeleine.com). Mas ela, ou seu corpo, não foram encontrados.

Foto: Steve Parsons/PA

O casal continua afirmando acreditar que Madeleine foi raptada e está viva. A polícia portuguesa também encerrou, por falta de provas, as investigações sobre o casal, inicialmente considerado formalmente suspeito de ter dado doses excessivas de tranqüilizantes para Madeleine, para que pudessem jantar fora.

Não dá para ficar calado.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Atenção: Pedido de habeas corpus para pai e madrasta de Isabella está no STF.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, decidirá sobre o pedido de habeas corpus para a madrasta e o pai de Isabella.

Até agora, em todas as instâncias, os pedidos de habeas corpus para o casal foram negados, permanecendo os dois na cadeia. A decisão de soltá-los ou não caberá ao presidente Gilmar Mendes, uma vez que o Supremo Tribunal Federal está em recesso.

Agiram rápida e espertamente os advogados de defesa. Lembrando-nos dos habeas corpus concedidos pelo ministro Gilmar Mendes recentemente, fica a preocupação de também os prováveis assassinos da menina Isabella, de 5 anos, ganharem a liberdade.

Não dá para ficar calado.

Nós, os bobos.

O caso do banqueiro Daniel Dantas e todos os seus desdobramentos vêm ocupando diariamente páginas e páginas dos jornais e das revistas semanais e um enorme espaço nas redes de tv. Para aqueles leitores que não agüentam mais discutir ou mesmo conversar sobre o caso, aconselho a leitura do artigo "Teatro de absurdos", de Míriam Leitão, divulgado hoje (17/07/08). É um resumo que, se não nos dá muita esperança, nos dá ao menos a sensação de que sabemos que estamos sendo enganados todo o tempo. Nas primeiras linhas do 1º parágrafo, a colunista já mostra o que pensa: "O Brasil não vive uma crise institucional. Vive um surto de nonsense desde o começo do caso do banqueiro Daniel Dantas".

Após a leitura da coluna, acho que o único jeito de sobrevivência para nós - os bobos - é acreditar em um conceito que está inserido em uma gravura de conhecida artista francesa: "Nous les fous, nous allons changer le monde".

Não dá para ficar calado.

No inverno não há dengue: óbvio.

O que o governo do Estado do Rio está fazendo para prevenir uma nova epidemia de dengue nos próximos meses de verão?

Se os governos federal, estaduais e municipais não se preocuparem e se dedicarem juntos a um trabalho continuado de prevenção da dengue nos meses que precedem o verão, corre-se o risco quase garantido de vivermos outra epidemia da dengue proximamente, com novas mortes.

Mais uma epidemia anunciada?

Não dá para ficar calado.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

A fritura política do ministro da Saúde.

Com o título "Temporão perde força no Planalto", o jornal o Estado de São Paulo anunciou na edição de hoje a fritura política do Ministro da Saúde José Gomes Temporão. Até nomes para substituí-lo, como o do prefeito de BH, Fernando Pimentel, e do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (que é médico) já foram lembrados. Lideranças do PMDB teriam dito a Temporão que "ou ele se enquadrava ou não sobreviveria após às eleições".

Como é se enquadrar? - perguntaria qualquer um de nós, que pouco ou nada sabemos das tramas da política. Mas sabemos que o ministro da Saúde não é um político. É ele um médico sanitarista reconhecido. Suas bandeiras até agora são polêmicas, mas, na minha opinião, todas corretas: restrição das propagandas de bebidas alcoólicas e de comidas com alto teor de gordura, de sal ou de açúcar; aumento do percentual do imposto para os cigarros; reconhecimento do aborto como uma questão de saúde pública. Inicia-se agora vacinação contra rubéola em nível nacional de mais de 70 milhões de pessoas. Alguém pode ser contra prevenir a síndrome da rubéola congênita que ainda acomete bebês brasileiros?

Errou Temporão na prevenção da epidemia de dengue de 2008. O que ocorrerá em 2009?

Mas o grande erro de Temporão foi imaginar que a solução para as suas dificuldades seria se comportar como se fosse um político, especialmente quando corre atrás da ressuscitação da CPMF. Ninguém quer um novo imposto. A super exposição do ministro na mídia o desgastou. Seus grandes e polêmicos projetos não emplacaram. A Contribuição Social da Saúde (CSS), que corre o risco de não ser aprovada, tem sido uma bandeira política publicamente assumida por Temporão, que por esta razão tem sido freqüentemente fotografado ao lado de políticos experientes, para os quais a exposição na mídia é indispensável.

E agora vem a notícia de que o ministro da Saúde está sendo politicamente fritado, não por questões técnicas ligadas à sua pasta, mas por razões políticas.

As grandes e históricas feridas da saúde pública no Brasil continuam expostas no dia-a-dia de toda a população. O caminho da prevenção bem sinalizado pelo ministro é o caminho certo, mas não é o suficiente.

Equivocadamente José Gomes Temporão, médico e ministro, pensou que tinha apoio do governo e sustentação política. Não está tendo nem um, nem outro.

É uma lástima que a saúde não seja uma prioridade no governo Lula. É por esta razão que os políticos aliados do governo e que agora reclamam, nada têm a mostrar na área da saúde aos seus eleitores nas próximas eleições municipais e tampouco apresentar resultados exemplares para as eleições de 2010 que permitam comparação com a gestão de Serra, no governo Fernando Henrique.

Mas será que a solução para a saúde é trocar um ministro que não é apoiado por conhecidos e experientes políticos?

De toda forma é lamentável que o ministro Temporão demonstre pouca cautela, como deveria ter um profissional vindo da Fiocruz, diante da mídia, ao anunciar ontem, 03/06, alguns bons resultados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde em relação à desnutrição infantil no país. Segundo O Globo de hoje, o ministro exaltou as ações da sua Pasta e voltou a defender a CPMF. A pesquisa em questão, feita pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e financiada pelo Ministério da Saúde analisou um período de 10 anos (de 1996 a 2006). Os avanços obtidos devem obviamente ser creditados às ações governamentais desenvolvidas nesse período (e talvez até de antes de 1996). Tentar capitalizar para a sua gestão todo o mérito dos resultados e exagerar na importância dos dados obtidos é uma tática que se mostrará inconsistente em pouco tempo. Ou será que os resultados de uma pesquisa aplacarão as insatisfações dos políticos com a atuação do Ministério da Saúde?

Não dá para ficar calado.

Irmão de Isabella, de 3 anos, pode ser convocado a depor.

A possível convocação de Pietro, de 3 anos, irmão de Isabella, para depor em Juízo, trás de volta à mídia a tragédia da família Nardoni.

Sobre o assunto, fui entrevistado hoje no nacionalmente conhecido programa Show do Antônio Carlos, na Rádio Globo. No curto espaço de 5 minutos me foram feitas, entre outras, duas perguntas importantes. A primeira foi exatamente a respeito da minha opinião sobre a possível convocação de Pietro para depor. Em resposta, afirmei que sou veemente contra à convocação de uma criança de 3 anos para testemunhar a favor ou contra os próprios pais. Pietro já sofreu muitos danos psicológicos e deveria estar agora obrigatoriamente acompanhado por profissional especializado. O grito "pára, pai, pára", ouvido pelos vizinhos no momento da tragédia, talvez tenha sido emitido por ele, ao ver a irmã ser violentamente maltratada. E quantos "pára, pai" já não teriam acontecido?

Pietro tem que ser protegido. Não acredito que a Justiça ou a Polícia sejam capazes de convocar essa criança para depor. Se for o caso, recursos virão para impedir tal absurdo.

Finalmente me foi perguntado se, na minha opinião, o pai e a madrasta mataram Isabella. Respondi que, baseado na minha experiência de mais de 25 anos com situações violências de pais contra filhos, acho que foram eles que mataram Isabella.

Não dá para ficar calado.

Opine


Fala-se em convocar Pietro, de 3 anos, irmão de Isabella, para depor na Justiça. Você é a favor ou contra?

Sou a favor.
Sou contra.


terça-feira, 1 de julho de 2008

Em Curitiba, Mariana, 8 meses, foi jogada pela mãe da janela do 6º andar.

A notícia acima foi divulgada hoje. A mãe confessou e está presa. O bebê morreu. Por quê?

Em 26/06, em Cuiabá (MT), bebê de 25 dias foi morto pela mãe, por asfixia, porque chorava muito e não queria dormir. Por quê?

As notícias abaixo de 2006 e 2007 mostram que barbaridades contra crianças ocorrem em outros países:
  • Australiano é preso após colocar bebê de 14 meses em secadora elétrica.
  • Em Ohio (EUA), mãe foi presa por matar filha de três semanas, colocando-a em forno de microondas.
  • Na Pensilvânia (EUA), pai espancou a filha de 2 anos e depois colocou-a do lado de fora da casa, em frio intenso. A criança morreu. O pai foi preso.

Por quê?

Após 28 anos trabalhando com casos de violência de pais contra filhos, praticamente já vi ou li de tudo. Mas, até hoje, apesar de serem conhecidas as múltiplas causas que podem levar pais a cometerem estas barbaridades, ainda continuo perplexo, perguntando: por quê?

Não dá para ficar calado.