Não vi mas fui informado por seguidores do blog e por e-mails que Faustão, a maior audiência da TV Globo, chamou bullying de bulimia (ato compulsivo de ingerir alimentos chegando ao vômito).
Considerando a enorme assistência do programa a TV Globo deveria corrigir o provável ato falho do animador, na realidade um grande desserviço à informação.
Não dá para ficar calado.
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Dependentes químicos em clínica dos horrores
Em São Paulo, clínica para tratamento de dependentes químicos está sendo acusada de espancamento, cárcere privado, castigos,fome e choques elétricos. Um garoto de 11 anos, dependente de crack estava entre os pacientes internados.
Falta de vigilância associada à ganância e irresponsabilidade.
Não dá para ficar calado.
Falta de vigilância associada à ganância e irresponsabilidade.
Não dá para ficar calado.
Gêmeos morrem afogados
Em São Paulo, dois gêmeos de cinco anos morreram afogados em uma piscina. Eles estavam em processo de adoção por um casal que detinha a guarda provisória. Os dois já estavam mortos quando os responsáveis os acharam.
Após 1 ano de idade o afogamento é uma causa importante de mortes de crianças. Crianças devem ser vigiadas todo o tempo. O assunto deve ser discutido: acidente ou negligência?
Não dá para ficar calado.
Após 1 ano de idade o afogamento é uma causa importante de mortes de crianças. Crianças devem ser vigiadas todo o tempo. O assunto deve ser discutido: acidente ou negligência?
Não dá para ficar calado.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Suicídio: tema-tabu
Diariamente, 25 pessoas põem fim a suas vidas no Brasil. O número de tentativas de suicídio supera o de mortes em pelo menos dez vezes.
Na cidade de Campinas, SP, em cada cem habitantes 17 já haviam pensado em se matar e três efetivamente tentaram o suicídio.
Os dados acima foram divulgados no artigo "Tragédia silenciosa",do psiquiatra Neury José Botega, publicado em 6/12/2010 na Folha SP.
É lamentável que, apesar da realidade, o suicídio ainda seja um tema-tabu para a sociedade em geral e para os meios de cumunicação em particular.
Não dá para ficar calado.
Na cidade de Campinas, SP, em cada cem habitantes 17 já haviam pensado em se matar e três efetivamente tentaram o suicídio.
Os dados acima foram divulgados no artigo "Tragédia silenciosa",do psiquiatra Neury José Botega, publicado em 6/12/2010 na Folha SP.
É lamentável que, apesar da realidade, o suicídio ainda seja um tema-tabu para a sociedade em geral e para os meios de cumunicação em particular.
Não dá para ficar calado.
A divulgação do bullying na imprensa
É impressionante o interesse da mídia pelo bullying. Somente eu tenho dado três entrevistas por semana sobre o tema. Mas há muitos profissionais que estão fazendo palestras pelo Brasil, promovendo reuniões e sendo procurados pela imprensa. O que está ocorrendo é muito bom. Lembro-me de que,quando em 2002 comecei a falar sobre bullying, havia rejeição até pela palavra, um evidente anglicismo. Há pouco anos atrás o bullying era praticamente desconhecido no Brasil. Hoje já se nota um exagero e até um desvirtuamento do termo. Qualquer violência contra criaças, especialmente na escola,tem sido chamado de bullying. Não é assim.
O bullying escolar (school place bullying) é uma situação de violência continuada de alguns alunos contra outros que não têm como se defender e sofrem muito com a discriminação e o isolamento que lhes é imposto por alguns com a complacência da maioria.
Falamos de bullying na escola, mas ele pode ocorrer no ambiente de trabalho (work place bullying) ou em qualquer instituição. Nesses casos é geralmente chamado de assédio moral. O cyber bullying, ou seja o bullying através da internet ou até do telefone celular (mobile bullying), pode envolver alunos de uma mesma escola, mas não se trata propriamente do bullying escolar. Por outro lado há várias outras formas de violência na escola, que não podem ser caracterizadas como bullying.
Não dá para ficar calado.
O bullying escolar (school place bullying) é uma situação de violência continuada de alguns alunos contra outros que não têm como se defender e sofrem muito com a discriminação e o isolamento que lhes é imposto por alguns com a complacência da maioria.
Falamos de bullying na escola, mas ele pode ocorrer no ambiente de trabalho (work place bullying) ou em qualquer instituição. Nesses casos é geralmente chamado de assédio moral. O cyber bullying, ou seja o bullying através da internet ou até do telefone celular (mobile bullying), pode envolver alunos de uma mesma escola, mas não se trata propriamente do bullying escolar. Por outro lado há várias outras formas de violência na escola, que não podem ser caracterizadas como bullying.
Não dá para ficar calado.
A infância e o governo Lula
"Em relação à atenção dada à infância brasileira, como você avalia os quase oito anos de governo Lula?"
Esta foi a pergunta feita na última pesquisa de opinião do Observatório da Infância. 58% considerou ruim ou péssimo(25%) e 42% bom ou ótimo(11%). Votaram 747 visitantes do site.
Não dá para ficar calado.
Esta foi a pergunta feita na última pesquisa de opinião do Observatório da Infância. 58% considerou ruim ou péssimo(25%) e 42% bom ou ótimo(11%). Votaram 747 visitantes do site.
Não dá para ficar calado.
Morte absurda e evitável de menina de 12 anos
Em São Paulo, uma menina de 12 anos, Stephanie, morreu porque aplicaram na sua veia 50 ml de vaselina líquida. Ela estava recebendo hidratação venosa em um hospital da Santa Casa e o frasco de vaselina líquida foi confundido por uma auxiliar de enfermagem com o frasco de soro fisiológico. Os frascos, pelas fotografias publicadas nos jornais, são em tudo idênticos.
Fiquei perplexo e revoltado com o ocorrido. Em toda minha vida como pediatra em hospital de emergência nunca sequer ouvi falar de uma situação como essa. Vi sim muitos erros serem cometidos mas jamais o absurdo de gotejar vaselina líquida em uma veia. A embolia gordurosa provocada pelas gotículas de gordura mataram a menina Stephanie. Que hospital é esse que guarda juntos frascos idênticos de soro fisiológico e de vaselina líquida?
Não resta dúvida que a auxiliar de enfermagem foi induzida ao erro. Indo mais longe no raciocínio, será que a menina não poderia ter sido hidratada via oral em residência? O fato é que uma criança de 12 anos morreu por apresentar "dor de barriga e vômitos" causados por provável virose. Mas ela não morreu por nenhuma doença. Morreu em consequência de erros inadmissíveis.
Como médico sinto-me envergonhado e revoltado.
Não dá para ficar calado.
*Foto: Reprodução / TV Globo
domingo, 21 de novembro de 2010
O Observatório da Infância recebe 2000 visitas diárias
O site que é um informativo sobre a violação dos direitos de crianças e adolescentes com foco na prevenção, segue sendo uma referência para profissionais e para a população em geral. Isso é altamente gratificante.
Não dá para ficar calado.
Não dá para ficar calado.
O uso exagerado do celular é um vício e pode causar câncer
Em entrevista à FolhaSP a pesquisadora americana Devra Davis afirma que o uso continuado do celular pode causar câncer. A radiação emititida pelos celulares é "uma bomba relógio", afirma ela. Ela cosidera o uso do celular um vício e recomenda seu uso de forma mais inteligente e em especial sua utilização longe do corpo. Ela compara a situação dos celulares como causa de câncer aos já comprovados uso do fumo e do amianto.
Lembro que a medida mais importante em saúde é sempre a prevenção.
Não dá para ficar calado.
Lembro que a medida mais importante em saúde é sempre a prevenção.
Não dá para ficar calado.
Filme imperdível: "Minha Terra, África"
Não percam esse filme de Claire Denis, com uma interpretação magnífica de Isabelle Huppert. Prestem atenção nos "meninos soldados" . É um filme para "refléchir" e não para "rafraîchir"
Não dá para ficar calado.
Não dá para ficar calado.
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Matrícula no ensino fundamental aos 5 anos
Estou entre aqueles que acham um absurdo uma criança já ser exigida aos 5 anos no ensino fundamental. O Conselho Nacional de Educação abriu essa possibilidade a partir de 2011.
A idade é de brincar e se socializar.
Não dá para ficar calado.
A idade é de brincar e se socializar.
Não dá para ficar calado.
Antibióticos só com receita médica
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em boa hora determinou que antibióticos só poderão ser vendidos nas farmácias com a receita médica que deverá ficar retida. É isso o que já ocorre nos pa´ses desenvolvidos.
Vamos ficar atentos porque essa medida interessa à população mas não ao lucrativo comércio das farmácias e tampouco à indústria farmacêutica sempre ávida em aumentar os lucros de seus acionistas.
Não dá para ficar calado.
Vamos ficar atentos porque essa medida interessa à população mas não ao lucrativo comércio das farmácias e tampouco à indústria farmacêutica sempre ávida em aumentar os lucros de seus acionistas.
Não dá para ficar calado.
Barbaridades de soldados americanos no Iraque
O site WikiLeaks divulgou 400 mil documentos secretos mostrando a realidade sobre as mortes de civis e as torturas praticadas pelo Exército dos EUA no Iraque. Esses dados não eram registrados e divulgados pelo governo americano.A realidade agora mostrada vem causando problemas tb. para o governo britânico.
Na primeira página do site Observatorio da Infancia são mostradas várias fotos de presos torturados por soldados americanos.
Na primeira página do site Observatorio da Infancia são mostradas várias fotos de presos torturados por soldados americanos.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
"O Maranhão está bombando"
Do ex-presidente José Sarney em sua coluna das sextas-feiras na Folha SP: "O Maranhão está bombando,eufórico e cheio de esperança. O cavalo está selado". O objetivo foi elogiar os pretensos investimentos feitos no estado. Enquanto ele tem a coragem de escrever isto, noticia-se que o Maranhão passa por um surto de difteria, doença totalmente prevenível por vacina disponível na rede pública. É inacreditável.
Aliás, como pode um jornal prestigiado como a Folha SP, ceder um espaço semanal para Sarney?
Não dá para ficar calado.
Aliás, como pode um jornal prestigiado como a Folha SP, ceder um espaço semanal para Sarney?
Não dá para ficar calado.
A visão destorcida de Cristovam Buarque
O até então respeitado Cristovam Buarque, ex-ministro de Lula e demitido pelo telefone pelo presidente, decidiu agora entrar firme na campanha de Dilma. Reeleito senador por Brasilia, grudou em Lula e chegou ao ponto de escrever artigo em O Globo de 9/10 afirmando que a candidata Dilma Roussef, por sua história, suas falas e propostas está mais próxima dos desejos dos eleitores de Marina. Mas como ? Todos sabem que a ex-ministra Marina saiu do PT e do governo Lula por discordar da política ambiental do governo. Algo aconteceu com Cristovam Buarque. Será que foi tocado pela mosca azul do poder que tudo permite ? De toda forma é decepcionante o papel de Cristovam Buarque.
Não dá para ficar calado.
Não dá para ficar calado.
"O exame de meu filho deu colesterol alto"
Torna-se cada dia mais comum os pediatras ouvirem dos pais de seus pacientes que o colesterol de seu filho está alto, no exame solicitado. Realmente o aumento da obesidade e do sobrepeso em crianças e adolescentes no Brasil é preocupante. Suas consequências são bem conhecidas por alguns mas ainda totalmente ignoradas pela maioria. A cultura dos hábitos alimentares importados dos EUA se associa à acomodação dos pais com os filhos, que sentados só fazem exercícios com os olhos e os dedos, fixados em seus aparelhinhos eletrônicos. Segundo o IBGE 49% dos brasileiros estão acima do peso e 14% das crianças de 5 a 9 anos são 0besas.
Preste atenção no seu filho. Ainda há tempo para prevenir e lembre-se que ele pode ter taxas de colesterol alteradas mesmo sem ser obeso.
Não dá para ficar calado.
Preste atenção no seu filho. Ainda há tempo para prevenir e lembre-se que ele pode ter taxas de colesterol alteradas mesmo sem ser obeso.
Não dá para ficar calado.
Violência com ou sem disfarce
Como você reagiria se seu filho de 11 anos fosse agredido por um colega e tivesse dois dentes quebrados? Esse é o mote para a a discussão sobre a violência explícita ou não na peça "Deus da Carnificina" em cartaz no teatro Maison de France. Não perca.
Não dá para ficar calado.
Não dá para ficar calado.
Excesso de raio-x expõe pacientes à risco
Recentemente a Folha SP divulgou uma boa matéria cm o título acima. Há muito falo sobre isso, mas o pedir exames em demasia pelo médico e o desejo do paciente em fazer os exames, em si próprio ou nos filhos é uma realidade preocupante. O médico muitas vezes nem raciocina ( tem que ser rápido ) pede logo exames. Os pais da criança ficam satisfeitos : afinal o plano de saúde paga!Medicina não é isso.
Não dá para ficar calado.
Não dá para ficar calado.
Cuidados paliativos
A prestigiosa revista New England Journal of Medicine de agosto de 2010 publicou artigo sobre cuidados paliativos, enfocando a necessidade de oferecer ao doente em estado terminal ou em estado grave, um atendimento global, incluindo cuidados psicológicos, sociais e espirituais.
Trazendo a situação para a nossa realidade, vemos que o Hospital do Instituto Brasileiro de Contrôle do Câncer em São Paulo, inaugurou em 5 de outubro sua Unidade de Cuidados Paliativos. Os objetivos são os mesmos propostos no trabalho publicado na New Englang. Uma boa notícia.
Não dá para ficar calado.
Trazendo a situação para a nossa realidade, vemos que o Hospital do Instituto Brasileiro de Contrôle do Câncer em São Paulo, inaugurou em 5 de outubro sua Unidade de Cuidados Paliativos. Os objetivos são os mesmos propostos no trabalho publicado na New Englang. Uma boa notícia.
Não dá para ficar calado.
Mortalidade Infantil e saneamento básico
Infelizmente a falta de saneamento básico no Brasil não vem sendo suficientemente abordada e denunciada nos debates dos candidatos à presidência. É dever do candidato Serra divulgar que mais da metade da população brasileira não tem acesso à rede de esgotos. A falta de saneamento básico é uma das causas diretas da mortalidade infantil no país.
Não dá para ficar calado.
Não dá para ficar calado.
Joanna sofreu maus-tratos afirma IML
Continuam chegando à mídia fatos que mostram que a menina Joanna de 5 anos, morta em agosto, foi vítima de maus tratos. A psicóloga que atendia Joanna nega que tenha sugerido ao pai amarrá-la e muito menos deixá-la em um quarto com fezes e urina. Agora o laudo do IML confirma que Joanna sofreu violência física e negligência. As lesões de maus-tratos foram causadas quando a criança estava com o pai.
Não dá para ficar calado.
Não dá para ficar calado.
Aborto ou prevenção da gravidez?
A prática do aborto não deveria estar nos debates dos candidatos mas sim a prevenção da gravidez. Os focos deveriam ser como evitar o aborto e a evidente falta de políticas públicas eficazes para evitar a gravidez. Informação e acesso franco aos métodos contraceptivos é uma imposição. Por que não ocorre? Por que mulheres sem recursos morrem por aborto? Ninguém é a favor do aborto mas não se pode aceitar que crianças nasçam sem ser desejadas.
Não dá para ficar calado.
Não dá para ficar calado.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Maus tratos contra crianças em escolas de classe média na zona sul do Rio
Nos últimos dias tomei conhecimento de três situações de violência praticadas contra crianças, em escolas tradicionais de classe média no Rio. Um dos casos, de abuso sexual de professor contra alunos, relatei no blog enfocando o sofrimento não só da criança vítima mas de toda a família. Em outro caso, um professor foi acusado de agredir um aluno, uma criança de 10 anos. A diretoria da escola decidiu licenciar o professor de suas atividades letivas. Finalmente a mais absurda das situações se refere a um bebê que por ter o diagnóstico de autismo frequenta a escola com uma acompanhante autorizada, no caso em questão uma estudante de psicologia. Em casa, ao trocar a fralda do bebê a mãe viu na nádega um hematoma e marca de mordedura. Por mais incrível que pareça, quem mordeu o bebê foi a mediadora que o acompanhava à escola.
O sofrimento da criança vítima de abuso sexual atinge toda a família
O jornal O Globo de 18/9 noticiou os abusos sexuais praticados contra crianças, alunos de tradicional colégio do Rio. O caso foi denunciado ao Ministério Público. Ou seja algumas providências legais foram tomadas. Mas vamos pensar agora no drama que viverão daqui para a frente, as crianças vitimizadas. E suas famílias ? Pais, mães, irmãos ? Que sentimento vivenciarão ? Raiva, vergonha, culpa ? Certamente todos e não só a criança, mas toda a família precisarão de apoio psicológico durante longo período.
A escola é culpada por não ter feito seleção rigorosa do seu corpo docente. É necessário que crianças e todos aqueles que são responsáveis por elas, pensem sempre na possibilidade de
que ocorram situações de abuso sexual. É uma realidade.
A escola é culpada por não ter feito seleção rigorosa do seu corpo docente. É necessário que crianças e todos aqueles que são responsáveis por elas, pensem sempre na possibilidade de
que ocorram situações de abuso sexual. É uma realidade.
Homossexualidade e abuso sexual na Igreja
A Igreja Católica continua errando, ao enfocar o abuso sexual por padres. Agora em visita histórica ao Reino Unido, o Papa pede perdão, se sente triste e humilhado pelos casos ocorridos na Igreja. Mas isso é óbvio. O que todos esperam é que a Igreja defina claramente, agora que já reconheceu seus erros cometidos ao longo de décadas, as medidas práticas e objetivas para prevenir, para evitar realmente , o abuso sexual de crianças e adolescentes na instituição. O propósito manifesto de punir com rigor, casos novos que surjam é um avanço. Mas não basta. Para se antecipar a Igreja precisa regras claras, antes de tudo, para selecionar os candidatos ao sacerdócio. É preciso reconhecer que muitas pessoas têm uma atração sexual por crianças e adolescentes impúberes. São pedófilos e que atuarão se as condições forem favoráveis e se se sentirem protegidos. Mas é necessário ver que na maioria ou na quase totalidade dos casos ocorridos, os sacerdotes católicos abusaram, não de crianças, mas de adolescentes pós púberes ou jovens do sexo masculino. Muitos durante anos. Ora, isto não é pedofilia. São práticas homossexuais por pessoas que , por covardia, se utilizam de sua autoridade e histórica confiabilidade. Acredito que esta seja apenas uma das questões básicas a serem aceitas e discutitidas pela Igreja, para transformar a triste realidade que tanto envergonha o Papa Bento XVl.
Adaptem-se todos: crianças devem ser transportadas em segurança
O transporte de crianças em segurança, agora obrigatório, é um grande avanço. Dúvidas ainda existem e é natural. A resistência dos que fazem transporte escolar coletivo não é estranhável, mas é inaceitável. A prioridade é a criança, desde o seu nascimento.
" Nós somos a opinião pública"
De Lula, que conseguiu lavar o cérebro de 80% da população brasileira : " Nós não precisamos de formadores de opinião. Nós somos a opinião pública".
Enquanto isso, na Argentina, o casal Kirchner ameaça prender os dirigentes dos dois maiores jornais do país, o "Clarin " e " La Nación". Como no Brasil, o governo não aceita opiniões contrárias.
Leio diariamente 3 jornais. Ainda não desanimei. Ainda sigo me indignando.
Enquanto isso, na Argentina, o casal Kirchner ameaça prender os dirigentes dos dois maiores jornais do país, o "Clarin " e " La Nación". Como no Brasil, o governo não aceita opiniões contrárias.
Leio diariamente 3 jornais. Ainda não desanimei. Ainda sigo me indignando.
Michael Moore imperdível
Se ainda não viu o último filme do cineasta americano, "Capitalismo, uma história de amor" , não perca. Está disponível em vídeo. São 127 minutos de aprendizado. Talvez seja possível ver nesse documentário um povo americano diferente. Mais parecido conosco, brasileiros.
Não deixe de ver tb. os depoimentos especiais, após o filme.
Não deixe de ver tb. os depoimentos especiais, após o filme.
11° Congresso Brasileiro de Adolescência
Será em Salvador no período de 23 a 26/9/2010. Senti-me nostálgico. O 1° Congresso Brasileiro de Adolescência foi realizado em São Paulo há 25 anos atrás. Participei dele como palestrante. Não eram muitos, à época, os pediatras sensíveis aos assuntos que envolvem a adolescência. Minha maior preocupação era a violência na adolescência. Dois anos após organizamos o 2°Congresso da especialidade, no Rio de Janeiro.
E agora não me dei conta de como o tempo passou: 25 anos é muita coisa!
E agora não me dei conta de como o tempo passou: 25 anos é muita coisa!
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Não basta telefonar para o número 100
O jornal O Globo de 24 de agosto publicou matéria de meia página com direito à chamada na primeira página, sob o título " Denúncias que ficam no caminho ".
A reportagem mostra a ineficácia no Brasil do sistema de denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes, baseando-se no levantamento feito pela Associação Nacional de Centros de Defesa ( ANCED). Foram analisadas 118 denúncias de abuso sexual e de exploração sexual de crianças e adolescentes, recebidas pelo telefone 100 do governo federal, entre 2005 e 2009 em 15 estados brasileiros. Os resultados são desanimadores: apenas oito denúncias viraram ações penais, sendo que só três já foram julgadas. Esses resultados frustram a expectativa da família vítima e daqueles que vencendo resistências naturais, usaram seu tempo denunciando. Por outro lado, e isto é grave, a falta de resultados incentiva pedófilos, sociopatas e criminosos a continuar com suas atividades, uma vez que nada acontecerá com eles. De nada adianta o governo divulgar o número 100 para denúncias, gratuitas e anônimas para todo o país, de violência contra crianças e adolescentes se depois nada acontece. Não há um sistema integrado? O Estado é responsável e deveria explicar o que está ocorrendo.
Sabe-se que um número telefônico nacional não existia no Brasil até que por forte pressão internacional o Ministério da Justiça do então governo Fernando Henrique, decidiu criar em 1997, em parceria com a ONG Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência ( ABRAPIA ), o primeiro Disque Denúncia em nível nacional. O objetivo era receber, registrar, encaminhar e acompanhar denúncias de todo o país de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. O número 0800990500 , com o apoio da EMBRATUR foi intensamente divulgado em todo o país. Muitas ONGS foram mobilizadas. Muitos treinamentos foram feitos. Nos estados e nos municípios faziam parte de um sistema integrado, ONGS, o Programa Sentinela do governo federal, conselhos tutelares, delegacias e Ministério Público.
Em abril de 2003 o governo decidiu assumir o Disque Denúncia. Surgiu então o tel. 100. Foi decidido não só atender denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes que era o objetivo inicial, específico como deve ser e é na maioria países, mas toda forma de violência contra crianças e adolescentes. Agigantou-se equivocadamente um programa que perdeu a sua especificidade e sua retaguarda de proteção à criança e ao adolescente. Ainda não há conselhos tutelares em todo o país como determina a lei e muitos , se não a maioria, trabalham sem recursos humanos e materiais. O Programa Sentinela deixou de crescer e caiu na obscuridade.
A reportagem de O Globo mostra que a maioria das denúncias ou desapareceram, ou foram arquivadas ou estavam paradas.
É desalentador. As denúncias feitas pela reportagem merecem explicações. A matéria merece ser aprofundada.
Mas nada disso pode desestimular a denúncia, primeiro passo para a proteção de crianças e adolescentes. Corrigidas a falhas o tel. 100 é uma arma indispensável para a defesa dos direitos de vítimas de abuso e exploração sexual e a punição dos agressores.
A reportagem mostra a ineficácia no Brasil do sistema de denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes, baseando-se no levantamento feito pela Associação Nacional de Centros de Defesa ( ANCED). Foram analisadas 118 denúncias de abuso sexual e de exploração sexual de crianças e adolescentes, recebidas pelo telefone 100 do governo federal, entre 2005 e 2009 em 15 estados brasileiros. Os resultados são desanimadores: apenas oito denúncias viraram ações penais, sendo que só três já foram julgadas. Esses resultados frustram a expectativa da família vítima e daqueles que vencendo resistências naturais, usaram seu tempo denunciando. Por outro lado, e isto é grave, a falta de resultados incentiva pedófilos, sociopatas e criminosos a continuar com suas atividades, uma vez que nada acontecerá com eles. De nada adianta o governo divulgar o número 100 para denúncias, gratuitas e anônimas para todo o país, de violência contra crianças e adolescentes se depois nada acontece. Não há um sistema integrado? O Estado é responsável e deveria explicar o que está ocorrendo.
Sabe-se que um número telefônico nacional não existia no Brasil até que por forte pressão internacional o Ministério da Justiça do então governo Fernando Henrique, decidiu criar em 1997, em parceria com a ONG Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência ( ABRAPIA ), o primeiro Disque Denúncia em nível nacional. O objetivo era receber, registrar, encaminhar e acompanhar denúncias de todo o país de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. O número 0800990500 , com o apoio da EMBRATUR foi intensamente divulgado em todo o país. Muitas ONGS foram mobilizadas. Muitos treinamentos foram feitos. Nos estados e nos municípios faziam parte de um sistema integrado, ONGS, o Programa Sentinela do governo federal, conselhos tutelares, delegacias e Ministério Público.
Em abril de 2003 o governo decidiu assumir o Disque Denúncia. Surgiu então o tel. 100. Foi decidido não só atender denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes que era o objetivo inicial, específico como deve ser e é na maioria países, mas toda forma de violência contra crianças e adolescentes. Agigantou-se equivocadamente um programa que perdeu a sua especificidade e sua retaguarda de proteção à criança e ao adolescente. Ainda não há conselhos tutelares em todo o país como determina a lei e muitos , se não a maioria, trabalham sem recursos humanos e materiais. O Programa Sentinela deixou de crescer e caiu na obscuridade.
A reportagem de O Globo mostra que a maioria das denúncias ou desapareceram, ou foram arquivadas ou estavam paradas.
É desalentador. As denúncias feitas pela reportagem merecem explicações. A matéria merece ser aprofundada.
Mas nada disso pode desestimular a denúncia, primeiro passo para a proteção de crianças e adolescentes. Corrigidas a falhas o tel. 100 é uma arma indispensável para a defesa dos direitos de vítimas de abuso e exploração sexual e a punição dos agressores.
Como esvaziar as filas nos grandes hospitais
A reportagem " A dor que os números não escondem " publicado em O Globo de 24/8, denuncia a péssima situação da Saúde no Estado do Rio de Janeiro, com as ações governamentais voltadas principalmente para o modelo hospitalocêntrico ao qual foi agregado o atendimento híbrido nas UPAs. Não há prioridade para investimentos na rede de atenção primária à saúde. O Programa de Saúde da Família atinge apenas 32% da população do estado. Ou seja, não há prioridade para a prevenção das doenças, nem para o atendimento em nível primário. Crianças e adolescentes com qualquer patologia simples (a maioria) ou com quadros mais complexos, continuam sendo atendidos no nosso estado, nas salas de emergências dos hospitais e nas unidades de pronto atendimento, que ao contrário do que se propaga, foram criadas há mais de 15 anos, com o objetivo único de " esvaziar rapidamente" as salas de emergências dos grandes hospitais. Hojé têm o mesmo objetivo. A diferença é que hoje as UPAs têm um prédio próprio e são alvo de intensa propaganda política. Na época em que surgiram, ficavam dentro do próprio hospital e ninguém se orgulhava delas, pelo contrário, sua existência era um tanto camuflada. Mas atendiam seu objetivo, o mesmo de hoje : esvaziar as filas nos grandes hospitais do Rio, com um atendimento rápido, impessoal e sem compromisso.
Continua sem explicação a morte de Joanna
Felizmente a mídia continua dando atenção ao caso da morte da menina Joanna, vítima sim, mas de quem ?
No domingo, 22 de agosto, a FolhaSP dedicou uma página inteira ao assunto, destacando as dúvidas que cercam a morte de Joanna.
No domingo, 22 de agosto, a FolhaSP dedicou uma página inteira ao assunto, destacando as dúvidas que cercam a morte de Joanna.
I love USA
É incrível. Apesar da longa espera, que chega a até 2 mêses, o consulado americano em SP é o maior do mundo : em 2009 foram emitidos 270mil vistos !! É o que mostra a reportagem de a FolhaSP de 24/8.
34 milhões no Brasil não têm esgoto
Os dados divulgados pelo IBGE sobre saneamento básico no país são desalentadores. O Brasil ainda tem 34,8 milhões de pessoas que vivem sem coleta de esgoto. Esta realidade interfere diretamente nas taxas de mortalidade no país e em especial na morte de bebês de menos de um ano de idade. E o ministro da Saúde do governo Lula é um sanitarista respeitado !
A Organização Mundial de Saúde calcula que cada um real gasto em saneamento gera uma economia de quatro reais em despesa com a saúde. Mas ao governo não interessa investir em obras essenciais, mas subterrâneas, que não aparecem e não ensejam festas de inauguração.
A Organização Mundial de Saúde calcula que cada um real gasto em saneamento gera uma economia de quatro reais em despesa com a saúde. Mas ao governo não interessa investir em obras essenciais, mas subterrâneas, que não aparecem e não ensejam festas de inauguração.
Hora de dormir
Rosely Sayão escrevendo sobre a hora de dormir das crianças em 24/8 na FolhaSP : " Fazer tudo isso dá trabalho ? Dá, e como dá! Mas quem foi que disse que ter filhos é só curtição ? Ter filhos resulta em uma das tarefas das mais importantes na vida das pessoas, mas das mais árduas também"
sábado, 21 de agosto de 2010
Nem tudo é "Êxito"
Artigo de Rosely Sayão, publicado originalmente em A Folha de São Paulo de 10/08/10.
Há coisas mais importantes no papel dos pais do que acompanhar a vida escolar do filho
ASSISTI a um comercial na televisão muito interessante.
Para falar a verdade, nem me lembro do produto anunciado, porque o desenvolvimento da narrativa me prendeu tanto a atenção que não fixei mais nada.
Na primeira cena do filme, aparece um garoto brincando em um parque. Ele não consegue se equilibrar em um dos brinquedos e a câmera mostra a sua queda. Com a feição expressando dor e susto, o menino é levado pela mãe ao atendimento médico.
A cena seguinte mostra essa mesma mãe em seu ambiente de trabalho com um semblante muito preocupado. Sua colega pergunta qual o motivo de sua preocupação e prontamente ela responde que é o filho.
"O que foi que ele aprontou desta vez?", pergunta a colega que, segundo sugere o comercial, já está acostumada com acontecimentos que envolvem o garoto e perturbam essa mãe. "É a escola. Ele ficou para recuperação de matemática" foi a resposta.
Aí está: os autores dessa peça publicitária conseguiram captar muito bem o que se passa na atualidade com quem tem filhos. Muitos pais estão realmente convencidos de que a coisa mais importante na vida das crianças e dos adolescentes é a vida escolar deles e seu aproveitamento nos estudos.
Decidimos, no mundo contemporâneo, que o preparo dos mais novos para o futuro quase que se resume ao êxito escolar.
Procissões de pais buscam escolas consideradas boas porque seus alunos conseguem entrar em boas faculdades ou notas altas em exames nacionais, como no Enem, por exemplo.
Um número cada vez maior de pais se sente obrigado a acompanhar pari passu os deveres escolares dos seus filhos a serem feitos em casa.
Não faltam pesquisas, depoimentos, campanhas que conclamam os pais a uma participação ativa na vida escolar dos filhos.
Já é hora de refletirmos a esse respeito. E, para isso, vamos começar com uma frase de Natalia Ginsburg extraída de "As pequenas virtudes".
"Estamos aqui (os pais) para reduzir a escola a seus limites humildes e estreitos; nada que possa hipotecar o futuro; uma simples oferta de ferramentas, entre as quais é possível escolher uma para desfrutar amanhã."
Segundo a autora, a importância exagerada que os pais costumam dar ao rendimento escolar do filho é fruto do respeito à pequena virtude do êxito, apenas isso.
Há coisas muito mais importantes no papel de mãe e de pai do que fazer as lições de casa com o filho e acompanhar sua vida escolar. Uma delas é socializar a criança. Crianças precisam aprender com os pais que não vivem sozinhas, e sim em grupo. Isso significa, entre outras coisas, aprender a conviver com os outros de modo respeitoso, a se cuidar para se apresentar bem, a se comunicar de maneira adequada, a se comportar em ambientes diferentes.
Outra tarefa importante dos pais é a de dar educação moral aos filhos. Precisamos reconhecer que, hoje, boa parte das crianças se envergonha de não ter o que os colegas possuem, mas não sentem vergonha de fazer coisas que não podem fazer como furtar pequenos objetos, mentir, agredir e humilhar outras crianças e até adultos. Do mesmo modo, não sentem constrangimento algum em perturbar pessoas que estão ao seu redor.
A formação do caráter dos filhos, a educação moral, o desenvolvimento de virtudes e o preparo para o convívio são aspectos da educação que valerão muito mais para as crianças no futuro do que o êxito escolar.
ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?"
Há coisas mais importantes no papel dos pais do que acompanhar a vida escolar do filho
ASSISTI a um comercial na televisão muito interessante.
Para falar a verdade, nem me lembro do produto anunciado, porque o desenvolvimento da narrativa me prendeu tanto a atenção que não fixei mais nada.
Na primeira cena do filme, aparece um garoto brincando em um parque. Ele não consegue se equilibrar em um dos brinquedos e a câmera mostra a sua queda. Com a feição expressando dor e susto, o menino é levado pela mãe ao atendimento médico.
A cena seguinte mostra essa mesma mãe em seu ambiente de trabalho com um semblante muito preocupado. Sua colega pergunta qual o motivo de sua preocupação e prontamente ela responde que é o filho.
"O que foi que ele aprontou desta vez?", pergunta a colega que, segundo sugere o comercial, já está acostumada com acontecimentos que envolvem o garoto e perturbam essa mãe. "É a escola. Ele ficou para recuperação de matemática" foi a resposta.
Aí está: os autores dessa peça publicitária conseguiram captar muito bem o que se passa na atualidade com quem tem filhos. Muitos pais estão realmente convencidos de que a coisa mais importante na vida das crianças e dos adolescentes é a vida escolar deles e seu aproveitamento nos estudos.
Decidimos, no mundo contemporâneo, que o preparo dos mais novos para o futuro quase que se resume ao êxito escolar.
Procissões de pais buscam escolas consideradas boas porque seus alunos conseguem entrar em boas faculdades ou notas altas em exames nacionais, como no Enem, por exemplo.
Um número cada vez maior de pais se sente obrigado a acompanhar pari passu os deveres escolares dos seus filhos a serem feitos em casa.
Não faltam pesquisas, depoimentos, campanhas que conclamam os pais a uma participação ativa na vida escolar dos filhos.
Já é hora de refletirmos a esse respeito. E, para isso, vamos começar com uma frase de Natalia Ginsburg extraída de "As pequenas virtudes".
"Estamos aqui (os pais) para reduzir a escola a seus limites humildes e estreitos; nada que possa hipotecar o futuro; uma simples oferta de ferramentas, entre as quais é possível escolher uma para desfrutar amanhã."
Segundo a autora, a importância exagerada que os pais costumam dar ao rendimento escolar do filho é fruto do respeito à pequena virtude do êxito, apenas isso.
Há coisas muito mais importantes no papel de mãe e de pai do que fazer as lições de casa com o filho e acompanhar sua vida escolar. Uma delas é socializar a criança. Crianças precisam aprender com os pais que não vivem sozinhas, e sim em grupo. Isso significa, entre outras coisas, aprender a conviver com os outros de modo respeitoso, a se cuidar para se apresentar bem, a se comunicar de maneira adequada, a se comportar em ambientes diferentes.
Outra tarefa importante dos pais é a de dar educação moral aos filhos. Precisamos reconhecer que, hoje, boa parte das crianças se envergonha de não ter o que os colegas possuem, mas não sentem vergonha de fazer coisas que não podem fazer como furtar pequenos objetos, mentir, agredir e humilhar outras crianças e até adultos. Do mesmo modo, não sentem constrangimento algum em perturbar pessoas que estão ao seu redor.
A formação do caráter dos filhos, a educação moral, o desenvolvimento de virtudes e o preparo para o convívio são aspectos da educação que valerão muito mais para as crianças no futuro do que o êxito escolar.
ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?"
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Infância, eleições e frustrações
É impossível não pensar, não falar ou escrever sobre política nesse momento de eleições. Nós que ao longo de muitos anos nos organizamos em defesa dos direitos da criança à uma infância feliz, que tanto lutamos e tanto sofremos quando vemos crianças e adolescentes abandonados, envolvidas no tráfico de drogas, dependentes do crack, vítimas do abuso sexual e dos maus tratos que muitas vezes levam a graves sequelas ou à morte, nós que as vemos crescendo sem atendimento médico universal, amplo e preventivo, sem a atenção psicológica e pedagógica tantas vezes muito necessárias, que as vemos nascerem de mães que nem pré-natal fizeram e que nem as queriam e crescendo sem carinho, sem afeto, sem limites, que as vemos se desenvolvendo em áreas sem o saneamento básico indispensável, sem programas de médicos de família, sem informação de seus direitos, nós que as muitas vezes as vemos crescendo a assaltar, a matar em vez de brincar, estudar e se preparar para competir por um emprego, para formar uma família, para viver livre, nós que as vemos escolherem a rua como melhor opção ao próprio lar e que sabemos, porque é isso o que acontece, que em breve muitas sairão das ruas, mortas ou presas, nós que sabemos que crianças estão crescendo sem atenção, sem cuidados até para evitar acidentes e sobretudo sem o tempo de seus pais e que a elas também pertence, nós que ajudamos a elaborar o Estatuto da Criança e do Adolescente nos idos de 1988 e que hoje o vemos sendo esquecido, criticado e sequer sem ser cumprido por aqueles que detêm o poder, nos artigos mais básicos, que vemos que nem os Conselhos Tutelares, espaços fundamentais, previstos por lei para a proteção de crianças e adolescentes são prestigiados pelos governos, nós que sabemos de tudo isso, nos revoltamos e com a voz um tanto embargada perguntamos: após quase 8 anos de governo Lula (e dos 4 anos da maioria dos governos estaduais), que legado importante, básico, estruturante deixou para o seu sucessor, na área da infância e adolescência? Não falamos aqui de ações e inaugurações de efeitos fugazes.
E nós que sabemos de tudo isso, não sem esperanças, mas desconfiados, calejados, indagamos: será que daqui a 4 ou 8 anos escreveremos mais uma vez decepcionados o mesmo artigo de hoje?
E nós que sabemos de tudo isso, não sem esperanças, mas desconfiados, calejados, indagamos: será que daqui a 4 ou 8 anos escreveremos mais uma vez decepcionados o mesmo artigo de hoje?
Lauro Monteiro
Editor
De que morreu Joanna, a vítima?
Joanna de 5 anos, ao que tudo indica era uma criança saudável. Foi vítima sim, durante sua curta vida, da beligerância dos seus pais que fizeram dela um simples peão em um jogo de xadrez maldoso e inconsequente. Aliás um jogo praticado por muitos pais que se separam mas continuam a lutar entre si como se casados fossem. Nessas situações a vaidade, o egoismo, a inveja, a inconsequência, a infantilidade de um ou dos dois pais, podem levar crianças a um sofrimento extremo com graves consequências para seu desenvolvimento social, psicológico e até físico. Na realidade pode-se afirmar que esses casamentos não acabam com a separação.Às vezes o pai ou a mãe por razões mesquinhas, por vingança, por problemas psicológicos não tratados, procuram destruir a imagem do outro para a criança. Isso pode ir a níveis extremos o que caracteriza a síndrome de alienação parental, hoje bastante comentada e divulgada pela mídia e até em um muito bem feito longa metragem. Geralmente é o pai que reclama na Justiça que está sendo vítima da ex mulher que não só o impede de manter relacionamento com os filhos do casal, como destrói a sua imagem. Muitas vezes o pai que reclama, não cumpre as determinações judiciais, quanto à regularidade das visitações e da pensão alimentícia. De toda forma a briga continua,forçando a Justiça às vezes a tomar decisões equivocadas. Parece que é o que ocorreu nesse caso. O pai de Joanna já havia sido acusado de maus tratos. Mas mesmo assim conseguiu ganhar a guarda da criança que esteve sempre com a mãe. Será que a decisão atendeu ao interesse maior da criança?
Joanna foi internada há cerca de 35 dias atrás com marcas de queimaduras na nádega e no tórax. Analisando apenas as fotos divulgadas na imprensa pode-se dizer que as lesões dificilmente não foram provocadas.Durante toda a internação apresentou crises convulsivas resistentes e permaneceu em coma até a sua morte.
Joanna vinha sofrendo violência física? As queimaduras seriam uma evidência? A pediatra que sempre acompanhou Joanna afirma que ela era uma criança saudável e que nunca teve crises convulsivas.
De que morreu Joanna? Uma coisa parece certa: ela foi vítima. De quem? De que?
Joanna foi internada há cerca de 35 dias atrás com marcas de queimaduras na nádega e no tórax. Analisando apenas as fotos divulgadas na imprensa pode-se dizer que as lesões dificilmente não foram provocadas.Durante toda a internação apresentou crises convulsivas resistentes e permaneceu em coma até a sua morte.
Joanna vinha sofrendo violência física? As queimaduras seriam uma evidência? A pediatra que sempre acompanhou Joanna afirma que ela era uma criança saudável e que nunca teve crises convulsivas.
De que morreu Joanna? Uma coisa parece certa: ela foi vítima. De quem? De que?
Tem fogo? Então cospe dragão.
Realmente o José Simão da FolhaSP é muito engraçado e criativo. Um cara chega perto da Dilma com um cigarrinho: "Tem fogo?" "Tenho sim " "Então cospe dragão"
Abuso sexual de crianças em aulas de natação
No Brasil tornou-se emblemático o caso da consagrada nadadora Joanna Maranhão que após 12 anos conseguiu derrubar o muro do silêncio e denunciar o abuso sexual praticado pelo seu treinador em clube de elite em Recife. Nos EUA tem sido tão frequente o abuso sexual de crianças e adolescentes por treinadores de natação que a poderosa federação americana de natação com mais de 300 mil membros, decidiu tomar medidas enérgicas para prevenir a continuidade dessas situações de abuso sexual.
É necessário que também aqui no Brasil os pais que levam ou mandam seus filhos para aulas de natação lembrarem que não são raros os casos de pedófilos atuando em aulas de natação ou de futebol.Fiquem atentos.
É necessário que também aqui no Brasil os pais que levam ou mandam seus filhos para aulas de natação lembrarem que não são raros os casos de pedófilos atuando em aulas de natação ou de futebol.Fiquem atentos.
Congelar ou não o cordão umbelical de seu filho?
Um casal grávido perguntou-me no consultório nesta semana se eles deveriam congelar o cordão umbelical do filho a nascer para futuras utilizações terapêuticas de células-tronco embrionárias. Custaria R$4000,00 iniciais e cerca de R$ 200,00 por mês para a manutenção do congelamento. Não é uma pergunta frequente. Mas o fato é que do ponto de vista jurídico já transitou em julgado o processo que libera no Brasil o uso de células-tronco embrionárias.
Cotas raciais na USP e UFRJ
A USP e a UFRJ não aceitaram a tese de subordinar o mérito acadêmico à cor da pele. Nas duas universidades não haverá cotas raciais. O bom senso prevaleceu.
Na disputa pelo terceiro mandato
O jornal O Estado de SP colocou hoje um título muito bom ( apesar de óbvio ) em seu editorial sobre as eleições presidenciais. É a realidade. Lula disputa hoje, de forma astuta mas democrática, seu terceiro mandato, para iniciar em seguida a sua campanha para o quarto mandato em 2014. Afinal ele quer ser o presidente da Olimpíada.
A França expulsa ciganos
O presidente Nicolas Sarkozy começou a expulsar hoje ciganos para a Romenia e a Bulgária. Há na França hoje 15 mil ciganos e na Europa 12 milhões. A medida é popularista e visa melhorar a imagem de Sarkozy nas pesquisas. Está sendo repudiada como xenófoba.
Ciganos foram vítimas do nazismo, do fascismo e agora de Silvio Berlusconi e de Sarkozy.
Ciganos foram vítimas do nazismo, do fascismo e agora de Silvio Berlusconi e de Sarkozy.
Axterix comeria hambúrguer?
O Mc Donald's invade a França cada vez mais. Agora usando imagens de Axterix, quase um ídolo nacional, comendo hambúrgues e batatas fritas. Os americanos alimentando com sua "culinária" o sentimento antiamericano.
Desespero de crianças no Paquistão
São impressionantes as fotos do desespero de crianças vítimas das inundações que atingiram um quinto do Paquistão. Certamente serão fotos concorrentes a prêmios nos próximos concursos internacionais. O olhar das crianças com os braços levantados buscando um mísero pacote de alimentos ou um pouco de água é constrangedor. Segundo o UNICEF 3,5 milhões de crianças correm risco de infecções intestinais após as enchentes.
domingo, 15 de agosto de 2010
Para refletir
O que nos leva a pensar que eles querem mudar, querem aprender com os erros e fazer o melhor ?
A importância de socializar seu filho
"Há coisas muito mais importantes no papel de mão e de pai do que fazer as lições de casa com o filho e acompanhar sua vida escolar. Uma delas é socializar a criança."
"A formação do caráter dos filhos, a educação moral, o desenvolvimento de virtudes, o preparo para o convívio são as partes da educação que valerão muito mais para as crianças no futuro do que o êxito escolar"
Estes são trechos de mais um bom artigao da psicóloga Roselty Sayãoem a FolhaSP de 10/8
"A formação do caráter dos filhos, a educação moral, o desenvolvimento de virtudes, o preparo para o convívio são as partes da educação que valerão muito mais para as crianças no futuro do que o êxito escolar"
Estes são trechos de mais um bom artigao da psicóloga Roselty Sayãoem a FolhaSP de 10/8
Não quero meu filho
Mais um recém nascido é abandonado nas ruas desta vez dentro de um saco plástico, em um lixão de Niterói. É mais um atestado de graves omissões dos governos e da carência de informações do Juizado da Infância e da Juventude. É necessário entender que há mães que não querem seus filhos recém nascidos. Não queriam nem engravidar. Deveriam ter acesso a programas de planejamento familiar, aos métodos contraceptivos e à informação de que as portas dos Juizados estão abertas para recebê-las e a seu bebê.
O bebê acima mesmo socorrido, morreu.
O bebê acima mesmo socorrido, morreu.
Como matar 40 000 crianças em 15 segundos
Arnaldo Jabor em sua coluna de O Globo recorda que entre 6 e 9 de agosto de 1945 há 65 anos atrás os americanos destruíram Hiroshima e Nagasaki matando em segundos 140 mil pessoas sendo 40 mil crianças. A guerra com a Alemanha já terminara em maio. O Japão estava rendido. Mas Truman precisava testar a bomba atômica que só os EUA possuía e mostrar a Stalin a capacidade de destruição dos americanos. O piloto que levou a bomba atômica deu o nome ao seu avião de Enola Gay, sua mãe.
Será que essas datas serão festejadas nos EUA?
Será que essas datas serão festejadas nos EUA?
Antiamericanismo
O nazifascismo, segundo o noticiário recente está em plena ascensão nos EUA. O foco maior são os imigrantes e os negros.
Os EUA preparam-se para deixar o Iraque após a devastação que causaram em busca de armas que não existiam.Vão se manter no Afganistão e ameaçam invadir o Irã.
Os EUA exportam a cultura da violência tanto quanto os hábitos alimentares que tornam obesas e propensas a doenças cardiovasculares crianças de todo o mundo.
Será que ser antiamericanista é generalizar a questão ?
Como é possível que apezar de tudo isso existam filas enormes diante do consulado americano do Rio para obter um visto ?
Os EUA preparam-se para deixar o Iraque após a devastação que causaram em busca de armas que não existiam.Vão se manter no Afganistão e ameaçam invadir o Irã.
Os EUA exportam a cultura da violência tanto quanto os hábitos alimentares que tornam obesas e propensas a doenças cardiovasculares crianças de todo o mundo.
Será que ser antiamericanista é generalizar a questão ?
Como é possível que apezar de tudo isso existam filas enormes diante do consulado americano do Rio para obter um visto ?
Voto no uni ,duni,tê
Péssimas notícias no final de semana. Em nível nacional a candidata de continuação do Lula está à frente e em nível regional Sergio Cabral é capaz de decidir sua reeleição no primeiro turno. Será que ninguém compara currículos antes de decidir o voto? O que há com o povo ? E afinal que é o povo ? Dizem que Lula fará seu sucessor por causa do bolsa família e outras benesses imediatistas e eleitoreiras.É o que o povo quer, dizem. Mas será que ninguém questiona o fato de após 8 anos de governo não termos estradas, transporte público, saúde preventiva e de qualidade para todos, educação em nível competitivo ao menos com nossos vizinhos latino americanos, apenas para citar alguns exemplos ? Mas o povo não vê nada disso, dizem.Mas quem é o povo,afinal ? Hoje vejo na primeira página da FolhaSP a chamada para un artigo em que atriz Fernanda Torres, escreve que tem vontade de escolher seu voto no uni,duni,tê. É incrível a falta de condições da população, excluido o segmento povo que votaria apenas por trocas imediatas e pessoais, de refletir, analisar e votar bem. A classe artística merecia melhor representante que a infantil Fernando Torres.
Abuso sexual em van escolar
Um pastor foi preso no Rio suspeito de abuso sexual contra crianças. Ele é motorista de van escolar há 15 anos. Não seria a primeira vez que um motorista de uma condução que tranporta crianças pratica abuso sexual durante o trajeto casa-escola-casa.Que os pais fiquem atentos a essa possibilidade.
Há muitos anos atrás recordo-me de uma mãe que contou-me que sua filha falou que o motorita havia mexido nela. Examinei a menina e nada havia de anormal. Mas ela pode ter sido manipulada. O abuso sexual de crianças só deixa marcas físicas evidentes em cerca de 15% dos casos.
Há muitos anos atrás recordo-me de uma mãe que contou-me que sua filha falou que o motorita havia mexido nela. Examinei a menina e nada havia de anormal. Mas ela pode ter sido manipulada. O abuso sexual de crianças só deixa marcas físicas evidentes em cerca de 15% dos casos.
Joanna morreu
A menina de 5 anos morreu após 25 dias em coma em uma clínica na zona sul do Rio de Janeiro. Ao ser internada apresentava evidências físicas de maus tratos, inclusive uma queimadura. O coma é ainda inexplicável. Os pais separados disputavam na Justiça a guarda da criança. A mãe acusa o pai de maus tratos. Joanna foi atendida em crise no Hospital Rio Mar no Rio por um falso médico contratado por uma médica irresposável. Teve alta. O fato hoje é que Joanna está morta, talvez vítima de maus tratos intrafamiliares e de negligência médica.
Isso não pode ficar assim.
Isso não pode ficar assim.
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
Ter filhos
"Homens e mulheres acham que é possível ter filhos e ainda manter a mesma vida que tinham antes. Não é. Ter filhos exige algumas renúncias, mesmo que essas sejam temporárias." O trecho é do excelente artigo da psicóloga Rosely Sayão divulgada com o título "Esqueceram de mim", na Folha São Paulo de 3 de agosto de 2010.
Não dá para ficar calado.
Leia o artigo.
Esqueceram de mim
Homens e mulheres acham que é possível ter filhos e manter a mesma vida que tinham antes. Não é.
A MÃE de um garoto com menos de dois anos precisava ou queria ir às compras. Ela não teve dúvidas: estacionou o carro, trancou-o e deixou o filho lá dentro, dormindo em sua cadeirinha.
"Que mãe desnaturada", certamente muitos pensaram ou disseram. Será?
Esse fato foi apenas mais um do gênero que irá engrossar as estatísticas do fenômeno mundial de esquecimento de crianças no carro.
Por sorte e por intervenção de transeuntes, no caso específico citado acima, a tragédia que costuma acontecer nessas situações não ocorreu.
Muitas crianças, de todas as classes sociais, têm sido abandonadas e/ou esquecidas diariamente. Algumas, inclusive, são esquecidas pelos adultos responsáveis por elas na presença destes.
Na escola, muitas crianças ficam à espera dos pais por mais de uma hora depois de terminado o horário regular.
E a instituição escolar, muito solícita com os pais, permanece de portas abertas -às vezes até o início da noite, disponibilizando seu pessoal para ficar com as crianças até que alguém apareça para buscá-las.
Algumas escolas acreditam que prestam um tipo de serviço especial aos pais e se permitem, inclusive, cobrar por essas horas extras.
Em casa, muitas crianças ficam abandonadas em frente à televisão ou no jogo de videogame. Aliás, não é pequeno o número de pais que fazem de tudo para que seus filhos permaneçam entretidos com esses aparatos e, dessa maneira, não solicitem de nenhum modo sua presença e intervenção.
Mas há, também, o oposto disso: pais que querem fazer algum programa e, para tanto, carregam junto seus rebentos.
Hoje é comum encontrarmos mães e pais com seus pequenos bebês em shoppings, por exemplo. Ou, então, testemunharmos pais com seus filhos menores jantando às altas horas da madrugada em restaurantes ou em bares de petiscos.
Esses fatos me lembram a pergunta que a mãe de um bebê me fez, pouco tempo atrás. Profissional dedicada e com carreira em desenvolvimento, ela ocupava um alto cargo em uma empresa e um de seus compromissos profissionais era viajar com muita frequência, o que fazia com muito gosto.
Após ter seu filho cuidadosamente planejado e retomar o trabalho, essa profissional deu-se conta de que não poderia mais fazer viagens com tanta frequência e de longa duração. "O que vou colocar no lugar do que perdi, como viver de agora em diante?", perguntou ela.
A questão dessa mulher é um retrato instantâneo e em branco e preto da maternidade e da paternidade nos dias atuais.
Os valores de nossa cultura levam homens e mulheres a acreditar que é possível ter filhos e ainda manter a mesma vida que tinham antes de tê-los. Não é.
Ter filhos exige algumas renúncias, mesmo que essas sejam temporárias. Não dá para ter e fazer "tudo ao mesmo tempo agora".
Por sinal, é bom lembrar que essa é uma máxima da juventude e, quando se tem filhos, a juventude deve ceder espaço à maturidade, independentemente da idade cronológica da pessoa. Esse amadurecimento tem sido uma raridade nos dias atuais.
Nem sempre os adultos que decidem ter filhos se dão conta da complexidade dessa decisão, já que alguns dos valores importantes da atualidade apontam para a manutenção da juventude a qualquer custo e para a busca quase desesperada da felicidade.
Filhos não podem ser descartados, e muitos têm sido. Ter filhos leva a pessoa a ter de renunciar, ceder, abdicar. Afinal, não foram as crianças que pediram para nascer, não é verdade?
ROSELY SAYÃO
Psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (Publifolha)
blogdaroselysayao.blog.uol.com.br
Não dá para ficar calado.
Leia o artigo.
Esqueceram de mim
Homens e mulheres acham que é possível ter filhos e manter a mesma vida que tinham antes. Não é.
A MÃE de um garoto com menos de dois anos precisava ou queria ir às compras. Ela não teve dúvidas: estacionou o carro, trancou-o e deixou o filho lá dentro, dormindo em sua cadeirinha.
"Que mãe desnaturada", certamente muitos pensaram ou disseram. Será?
Esse fato foi apenas mais um do gênero que irá engrossar as estatísticas do fenômeno mundial de esquecimento de crianças no carro.
Por sorte e por intervenção de transeuntes, no caso específico citado acima, a tragédia que costuma acontecer nessas situações não ocorreu.
Muitas crianças, de todas as classes sociais, têm sido abandonadas e/ou esquecidas diariamente. Algumas, inclusive, são esquecidas pelos adultos responsáveis por elas na presença destes.
Na escola, muitas crianças ficam à espera dos pais por mais de uma hora depois de terminado o horário regular.
E a instituição escolar, muito solícita com os pais, permanece de portas abertas -às vezes até o início da noite, disponibilizando seu pessoal para ficar com as crianças até que alguém apareça para buscá-las.
Algumas escolas acreditam que prestam um tipo de serviço especial aos pais e se permitem, inclusive, cobrar por essas horas extras.
Em casa, muitas crianças ficam abandonadas em frente à televisão ou no jogo de videogame. Aliás, não é pequeno o número de pais que fazem de tudo para que seus filhos permaneçam entretidos com esses aparatos e, dessa maneira, não solicitem de nenhum modo sua presença e intervenção.
Mas há, também, o oposto disso: pais que querem fazer algum programa e, para tanto, carregam junto seus rebentos.
Hoje é comum encontrarmos mães e pais com seus pequenos bebês em shoppings, por exemplo. Ou, então, testemunharmos pais com seus filhos menores jantando às altas horas da madrugada em restaurantes ou em bares de petiscos.
Esses fatos me lembram a pergunta que a mãe de um bebê me fez, pouco tempo atrás. Profissional dedicada e com carreira em desenvolvimento, ela ocupava um alto cargo em uma empresa e um de seus compromissos profissionais era viajar com muita frequência, o que fazia com muito gosto.
Após ter seu filho cuidadosamente planejado e retomar o trabalho, essa profissional deu-se conta de que não poderia mais fazer viagens com tanta frequência e de longa duração. "O que vou colocar no lugar do que perdi, como viver de agora em diante?", perguntou ela.
A questão dessa mulher é um retrato instantâneo e em branco e preto da maternidade e da paternidade nos dias atuais.
Os valores de nossa cultura levam homens e mulheres a acreditar que é possível ter filhos e ainda manter a mesma vida que tinham antes de tê-los. Não é.
Ter filhos exige algumas renúncias, mesmo que essas sejam temporárias. Não dá para ter e fazer "tudo ao mesmo tempo agora".
Por sinal, é bom lembrar que essa é uma máxima da juventude e, quando se tem filhos, a juventude deve ceder espaço à maturidade, independentemente da idade cronológica da pessoa. Esse amadurecimento tem sido uma raridade nos dias atuais.
Nem sempre os adultos que decidem ter filhos se dão conta da complexidade dessa decisão, já que alguns dos valores importantes da atualidade apontam para a manutenção da juventude a qualquer custo e para a busca quase desesperada da felicidade.
Filhos não podem ser descartados, e muitos têm sido. Ter filhos leva a pessoa a ter de renunciar, ceder, abdicar. Afinal, não foram as crianças que pediram para nascer, não é verdade?
ROSELY SAYÃO
Psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (Publifolha)
blogdaroselysayao.blog.uol.com.br
Filme Imperdível
Ainda há tempo para ver o filme "Flor do Deserto", uma produção de 2009 da Alemanha, Áustria e Reino Unido. A protagonista foi vítima com 5 anos de idade na Somália, país onde nasceu, de práticas tradicionais, ritualísticas, de grande selvageria. O ritual que ainda ocorre hoje com milhares de crianças diariamente, implica na excisão do clitóris (clitoridectomia) e dos lábios vaginais da criança seguindo-se uma cerclagem da entrada vaginal por métodos rudimentares. Muitas crianças morrem de hemorragia ou de infecção.
Nossa heroína conseguiu aos 12 anos fugir da sua aldeia, atravessar o deserto e alcançar a capital Mogadício. De lá foi para a Inglaterra como serviçal doméstica. Por fim, em Londres, tornou-se uma modelo de renome.
A história é verdadeira. Hoje ela trabalha junto a ONU combatendo em todo o mundo a prática selvagem de que foi vítima e sobrevivente. Na prática um belo exemplo de resiliência. Em tempo: o filme é muito bem feito, com ótimo roteiro e excelente interpretação.
Não dá para ficar calado.
Nossa heroína conseguiu aos 12 anos fugir da sua aldeia, atravessar o deserto e alcançar a capital Mogadício. De lá foi para a Inglaterra como serviçal doméstica. Por fim, em Londres, tornou-se uma modelo de renome.
A história é verdadeira. Hoje ela trabalha junto a ONU combatendo em todo o mundo a prática selvagem de que foi vítima e sobrevivente. Na prática um belo exemplo de resiliência. Em tempo: o filme é muito bem feito, com ótimo roteiro e excelente interpretação.
Não dá para ficar calado.
Mortalidade infantil em discussão nos jornais
A mortalidade infantil , ou seja o número de crianças que morrem antes de completarem 1 ano de idade , entre as nascidas vivas ,vem caindo gradativamente e de forma sustentada no Brasil ao longo dos últimos 40 ou mais anos. Isso se deve sobretudo às ações preventivas através das vacinas, das campanhas do soro oral , do combate às infecções respiratórias e nem tanto ao saneamento básico. Essas medidas levaram à redução do número de crianças que morrem entre 1 mês e 1 ano. Antes de 1 mês de vida a redução tem sido muito mais lenta por fatores diversos, alguns comuns a todos os países e outros bem nossos como a falta de um pré-natal de qualidade universalizado e a insuficiência de atendimento neonatal nas maternidades do pais. Estamos indo bem mas poderíamos estar muito melhor se os governos garantissem adequado saneamento básico para todos, programas de médicos de família em todo o país e uma acentuada melhora no pré-natal em número de consultas e em qualidade.
Não dá para ficar calado.
Não dá para ficar calado.
Abandono de recém nascidos
A questão foi abordada em O Globo de domingo último. Na matéria expressei minha opinião a respeito afirmando que o abandono de uma criança em situação de risco nas ruas é um sinal de falha do Estado. Falha por não ter não ter proporcionado um fácil acesso a programas de planejamento familiar e falhas por não divulgar amplamente que as mães que não querem seus filhos recém nascidos não devem largá-los nas ruas mas podem e devem procurar os juizados da infância e da juventude. A todas as mães deveria ser garantido o parto anônimo.
Recebemos no Observatório um grande número de e-mails de mulheres grávida que afirmam que não vão querer seus filho e pedem para alguém garantir a adoção quando o bebê nascer. Por outro lado inúmeros são os e-mails de pessoas que querem adotar crianças e não conseguem. Algo está muito errado.
Leia mais sobre o assunto:
- Doação de bebê
- Adoção é para sempre. Dá para escolher mas não dá para devolver.
Não dá para ficar calado.
Recebemos no Observatório um grande número de e-mails de mulheres grávida que afirmam que não vão querer seus filho e pedem para alguém garantir a adoção quando o bebê nascer. Por outro lado inúmeros são os e-mails de pessoas que querem adotar crianças e não conseguem. Algo está muito errado.
Leia mais sobre o assunto:
- Doação de bebê
- Adoção é para sempre. Dá para escolher mas não dá para devolver.
Não dá para ficar calado.
Pedofilia aos 10 anos
É bem conhecido o caso de dois meninos ingleses que em 1993 quando tinham 10 anos torturaram, abusaram sexualmente e mataram um garoto de 2 anos. Condenados foram presos até completarem 18 anos. Um deles, Jon Venable, foi novamente condenado por atos de pedofilia.
Pergunta para um psiquiatra: com a idade de 10 anos já seria ele um pedófilo e talvez, se tivesse sido tratado, poderia não continuar sua trajetória de abuso sexual de crianças?
Não dá para ficar calado.
Pergunta para um psiquiatra: com a idade de 10 anos já seria ele um pedófilo e talvez, se tivesse sido tratado, poderia não continuar sua trajetória de abuso sexual de crianças?
Não dá para ficar calado.
A loucura americana
Finalmente anunciado que os EUA retirarão as suas forças de combate no Iraque em 1 mês. A retirada total está prevista para 2011. Essa guerra americana custou aos EUA US$ 1 trilhão. Você já pensou o que o mundo poderia ter feito com essa importância em beneficio de todos? Lá no Iraque morreram 4.400 soldados americanos, número muito maior que as vítimas do "september eleven" usado como desculpa para a invasão do Iraque.
Quantos civis morreram nessa guerra estúpida? Cerca de 100 mil. E para que e por que? Porque Bush presidente de todos os americanos assim determinou.
Mas os EUA continuam matando (muito) e morrendo (pouco) na guerra perdida do Afeganistão.
E agora foi anunciado que os EUA têm plano pronto para atacar o Irã!
Enquanto isso, lá entre eles mesmos, grupos nazi fascistas armados de metralhadoras patrulham a fronteira do Arizona com o México para caçar narcotraficantes e imigrantes ilegais.
O mais incrível é que apesar disso continuam as filas enormes na porta do consulado americano no Rio de Janeiro de pessoas que querem ir para os EUA.
Não dá para ficar calado.
Quantos civis morreram nessa guerra estúpida? Cerca de 100 mil. E para que e por que? Porque Bush presidente de todos os americanos assim determinou.
Mas os EUA continuam matando (muito) e morrendo (pouco) na guerra perdida do Afeganistão.
E agora foi anunciado que os EUA têm plano pronto para atacar o Irã!
Enquanto isso, lá entre eles mesmos, grupos nazi fascistas armados de metralhadoras patrulham a fronteira do Arizona com o México para caçar narcotraficantes e imigrantes ilegais.
O mais incrível é que apesar disso continuam as filas enormes na porta do consulado americano no Rio de Janeiro de pessoas que querem ir para os EUA.
Não dá para ficar calado.
Questões de e para os professores
Abaixo relaciono alguns questionamentos de professores em palestra que fiz recentemente.
O senhor diz que o professor não faz bullying. Faz sim. Quando eu era criança usava o cabelo comprimido e até hoje me lembro que a professora me chamava publicamente de "Madalena Arrependida".
O professor que presencia bullying em sala de aula e não toma providências está sujeito a ação civil ou penal?
Quem é o agressor? Uma criança com baixa auto estima? O sem limites? Ou o mal amado pelos pais? Ele é o agredido que agride?
Muitas foram as perguntas feitas pelos professores nessa palestra. Essas são apenas algumas selecionadas.
Não dá para ficar calado.
O senhor diz que o professor não faz bullying. Faz sim. Quando eu era criança usava o cabelo comprimido e até hoje me lembro que a professora me chamava publicamente de "Madalena Arrependida".
O professor que presencia bullying em sala de aula e não toma providências está sujeito a ação civil ou penal?
Quem é o agressor? Uma criança com baixa auto estima? O sem limites? Ou o mal amado pelos pais? Ele é o agredido que agride?
Muitas foram as perguntas feitas pelos professores nessa palestra. Essas são apenas algumas selecionadas.
Não dá para ficar calado.
O bullying pegou
Muitos jornalistas têm me dito que o bullying está na moda. Realmente toda a mídia tem demonstrado um enorme interesse pelo tema. Na TV além de entrevistas temos uma campanha do Serginho Groisman no "Altas horas". As rádios têm promovido debates e os jornais publicam artigos. Livros sobre bullying atingiram os primeiros lugares nas listas dos mais vendidos. Eu pessoalmente tenho feito palestras e dado entrevistas.
É necessário que a população seja informada sobre essa situação, que não é nova , mas que ganha reconhecimento hoje em razão dos grandes malefícios que causa , principalmente às vítimas do bullying.
Sinto que há necessidade de um maior esforço por parte das diretorias para prevenir e combater o bullying nas suas escolas.
Parece que hoje estamos vivendo um momento de uma grande campanha da população com o apoio da mídia para que todas as crianças tenham atendido o seu direito de ser feliz na escola.
E isso tudo é muito bom.
Não dá para ficar calado.
É necessário que a população seja informada sobre essa situação, que não é nova , mas que ganha reconhecimento hoje em razão dos grandes malefícios que causa , principalmente às vítimas do bullying.
Sinto que há necessidade de um maior esforço por parte das diretorias para prevenir e combater o bullying nas suas escolas.
Parece que hoje estamos vivendo um momento de uma grande campanha da população com o apoio da mídia para que todas as crianças tenham atendido o seu direito de ser feliz na escola.
E isso tudo é muito bom.
Não dá para ficar calado.
Tapinha dói
Excelente o artigo da psicóloga Rosely Sayão publicada com o título acima na Folha de São Paulo de 27 de julho. Não há como defender o uso de castigos físicos em nome de uma boa educação.
No nosso site também publicamos artigo sobre o tema: A palmada pedagógica e a cultura da violência.
Não dá para ficar calado.
Leia abaixo, na íntegra, o artigo de Rosely Sayão.
Tapinha dói
Educar é introduzir a criança ao mundo do convívio civilizado. Bater, portanto, não faz o menor sentido.
MUITAS mães pensam que um tapinha dado no filho, com amor e boa intenção, não dói. Dói sim, e como dói! E não apenas no corpo. Claro, este padece nessa hora, mas a criança fica principalmente magoada com aquele adulto de quem espera proteção, amor e cuidado, e não agressão. Resultado: o vínculo de confiança que deveria haver entre eles pode ser afetado, prejudicado.
Por que ainda se bate em criança? Há quem acredite que o ironicamente chamado "tapa pedagógico" tenha efeito educativo. Não tem, e isso pode ser constatado no próprio convívio com crianças que levam castigos físicos quando cometem alguma transgressão. Crianças de todas as classes sociais, desde bem pequenas, apanham porque não conseguem ainda se controlar e fazem o que os adultos esperam que já saibam que não poderiam ou deveriam fazer. Mas voltam a cometer a mesma falta. E apanham novamente. Precisariam de mais castigo, ou de castigos mais severos? Elas precisam é de adultos que as ajudem e as socorram quando se entregam a seus impulsos e caprichos, isso sim. Acontece que, hoje, os adultos estão tão ocupados consigo mesmos que têm dificuldade em ter esse trabalho com as crianças: esperam que elas acatem as regras de primeira. Esquecemos o que é ser criança.
Sempre é bom lembrar que educar uma criança é socializá-la, ou seja, introduzi-la no mundo do convívio civilizado. Bater em uma criança para ensinar a ela que é preciso saber esperar, mostrar respeito ao outro, relacionar-se com boas maneiras e aceitar alguns impedimentos na vida não faz o menor sentido, portanto. É contraditório. Sabemos muito bem que alguns pais batem em seus filhos simplesmente porque se descontrolam, porque perdem ou percebem que não têm a autoridade moral sobre a criança para educá-la. Mas aí o problema é só do adulto. A criança, o elo mais fraco dessa relação, não deveria ser o alvo desse descontrole.
Isso posto, não há como defender o uso de castigos físicos em nome de uma boa educação. É possível, quando necessário, aplicar sanções à criança ou ao jovem que não são humilhantes ou violentas, tanto sob o aspecto físico quanto moral.
Hoje, a sociedade brasileira discute um projeto de lei contra castigos físicos aplicados em crianças ou adolescentes. Dá para entender o espírito dessa lei, tanto quanto o do Estatuto da Criança e do Adolescente: proteger as gerações mais novas.
A parte difícil nessa história é reconhecer que vivemos num mundo e num país em que precisamos de leis para que os adultos cuidem bem das crianças e dos adolescentes, não é verdade? Tanto que o próprio estatuto já é execrado por muita gente, inclusive e principalmente por pessoas que trabalham com crianças.
É verdade que a infância e a adolescência vivem, na atualidade, envoltas em práticas violentas. Sofrem violência e a praticam também. Por isso, temos um importante compromisso com os mais novos. Mas não temos levado muito a sério essa responsabilidade já que, cada vez mais, procuramos e aceitamos a intervenção do Estado para legislar a vida privada.
Cuidar bem de nossas crianças significa educá-las com autoridade firme e doçura, amar a vida, ter apreço pela liberdade e defender a autonomia. Mas isso tem um custo, é claro, com o qual parece que não queremos arcar.
ROSELY SAYÃO
Psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (ed. Publifolha) blogdaroselysayao.blog.uol.com.br
No nosso site também publicamos artigo sobre o tema: A palmada pedagógica e a cultura da violência.
Não dá para ficar calado.
Leia abaixo, na íntegra, o artigo de Rosely Sayão.
Tapinha dói
Educar é introduzir a criança ao mundo do convívio civilizado. Bater, portanto, não faz o menor sentido.
MUITAS mães pensam que um tapinha dado no filho, com amor e boa intenção, não dói. Dói sim, e como dói! E não apenas no corpo. Claro, este padece nessa hora, mas a criança fica principalmente magoada com aquele adulto de quem espera proteção, amor e cuidado, e não agressão. Resultado: o vínculo de confiança que deveria haver entre eles pode ser afetado, prejudicado.
Por que ainda se bate em criança? Há quem acredite que o ironicamente chamado "tapa pedagógico" tenha efeito educativo. Não tem, e isso pode ser constatado no próprio convívio com crianças que levam castigos físicos quando cometem alguma transgressão. Crianças de todas as classes sociais, desde bem pequenas, apanham porque não conseguem ainda se controlar e fazem o que os adultos esperam que já saibam que não poderiam ou deveriam fazer. Mas voltam a cometer a mesma falta. E apanham novamente. Precisariam de mais castigo, ou de castigos mais severos? Elas precisam é de adultos que as ajudem e as socorram quando se entregam a seus impulsos e caprichos, isso sim. Acontece que, hoje, os adultos estão tão ocupados consigo mesmos que têm dificuldade em ter esse trabalho com as crianças: esperam que elas acatem as regras de primeira. Esquecemos o que é ser criança.
Sempre é bom lembrar que educar uma criança é socializá-la, ou seja, introduzi-la no mundo do convívio civilizado. Bater em uma criança para ensinar a ela que é preciso saber esperar, mostrar respeito ao outro, relacionar-se com boas maneiras e aceitar alguns impedimentos na vida não faz o menor sentido, portanto. É contraditório. Sabemos muito bem que alguns pais batem em seus filhos simplesmente porque se descontrolam, porque perdem ou percebem que não têm a autoridade moral sobre a criança para educá-la. Mas aí o problema é só do adulto. A criança, o elo mais fraco dessa relação, não deveria ser o alvo desse descontrole.
Isso posto, não há como defender o uso de castigos físicos em nome de uma boa educação. É possível, quando necessário, aplicar sanções à criança ou ao jovem que não são humilhantes ou violentas, tanto sob o aspecto físico quanto moral.
Hoje, a sociedade brasileira discute um projeto de lei contra castigos físicos aplicados em crianças ou adolescentes. Dá para entender o espírito dessa lei, tanto quanto o do Estatuto da Criança e do Adolescente: proteger as gerações mais novas.
A parte difícil nessa história é reconhecer que vivemos num mundo e num país em que precisamos de leis para que os adultos cuidem bem das crianças e dos adolescentes, não é verdade? Tanto que o próprio estatuto já é execrado por muita gente, inclusive e principalmente por pessoas que trabalham com crianças.
É verdade que a infância e a adolescência vivem, na atualidade, envoltas em práticas violentas. Sofrem violência e a praticam também. Por isso, temos um importante compromisso com os mais novos. Mas não temos levado muito a sério essa responsabilidade já que, cada vez mais, procuramos e aceitamos a intervenção do Estado para legislar a vida privada.
Cuidar bem de nossas crianças significa educá-las com autoridade firme e doçura, amar a vida, ter apreço pela liberdade e defender a autonomia. Mas isso tem um custo, é claro, com o qual parece que não queremos arcar.
ROSELY SAYÃO
Psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (ed. Publifolha) blogdaroselysayao.blog.uol.com.br
Tal pai tal filho
O empresário Roberto Bussanra negociou com os PMs o pagamento de R$ 10.000, para proteger seu filho que atropelou e matou o adolescente Rafael Mascarenhas. O pai será acusado de corrupção ativa e o filho de homicídio.
Pessoalmente diante de uma situação como essa você agiria como o pai do atropelador?
Não dá para ficar calado.
Pessoalmente diante de uma situação como essa você agiria como o pai do atropelador?
Não dá para ficar calado.
terça-feira, 29 de junho de 2010
Desgraça no nordeste
Em ótimo artigo, intitulado "Os homens criaram este Haiti aqui", publicado em 29/06/10, em O Globo, Arnaldo Jabor mostra a responsabilidade não da natureza, ou de Deus, mas dos políticos que controlam o país e, sobretudo o nordeste, na tragédia que se abateu sobre Alagoas e Pernambuco.
Afirma Jabor que só nos resta a nossa solidariedade. Não! Ainda creio no voto. Mesmo lendo os jornais diariamente. É incrível que os responsáveis pela desgraça vão até lá pedir votos a esse povo vítima.
Não dá para ficar calado.
Afirma Jabor que só nos resta a nossa solidariedade. Não! Ainda creio no voto. Mesmo lendo os jornais diariamente. É incrível que os responsáveis pela desgraça vão até lá pedir votos a esse povo vítima.
Não dá para ficar calado.
Abuso sexual na Igreja. É necessário prevenir.
O abuso sexual de crianças e adolescentes por padres católicos nas cidades belgas de Bruges e Louvain levou a polícia ao ato extremo e absurdo de violar sepulturas de dois cardeais em busca de documentos. A Igreja está pagando caro pela sua omissão ao longo dos anos.
Bruges, uma linda cidade, e Louvain, um centro universitário conhecido internacionalmente. Infelizmente seus nomes estão agora ligados também à violência sexual contra crianças e adolescentes por membros da Igreja Católica.
Não dá para ficar calado.
Bruges, uma linda cidade, e Louvain, um centro universitário conhecido internacionalmente. Infelizmente seus nomes estão agora ligados também à violência sexual contra crianças e adolescentes por membros da Igreja Católica.
Não dá para ficar calado.
Bulas de remédios
É impressionante a preocupação de algumas pessoas em ler detalhadamente as bulas dos medicamentos que tomam. A importância exagerada dada a essa leitura de bulas por algumas pessoas é questionável. Como médico penso que demonstram, antes de tudo, a carência cada vez maior da relação médico-paciente.
Não dá para ficar calado.
Não dá para ficar calado.
O bullying escolar deve ser prevenido e combatido pela escola
O bullying escolar é uma situação antiga, já bem conhecida por pais e professores. Não se sabia de suas consequências que, às vezes, são graves e para toda a vida. Ninguém dava importância, porque ninguém estava informado. Não havia um nome, um conceito. Não se sabia da importância da sua prevenção por todas as escolas.
Prevenir e combater o bullying na escola é de responsabilidade de toda a escola, envolvendo funcionários, professores, diretoria, alunos e pais de alunos.
Não se resolve o bullying escolar na polícia ou na Justiça, últimas instâncias a serem procuradas, se todo o resto falhou.
Esperamos estar atendendo com essa opinião a muitas pessoas que nos mandam e-mails querendo soluções fora da escola, aparentemente porque a escola não teria tomado providências.
Em alguns estados brasileiros, leis já foram sancionadas determinando que as escolas desenvolvam programas de prevenção e combate ao bullying. Veja a notícia. Realmente o bullying pode doer no bolso das escolas, conforme já divulgamos em artigo no site.
Cuidem-se, portanto, as escolas que não dão atenção ao sofrimento daqueles que sofrem o bullying e desconhecem que no bullying escolar a atenção deve ser dada não só às vítimas, mas às testemunhas silenciosas, que assistem e nada fazem, e àqueles que praticam o bullying.
Mas o que desejamos sempre é que essas situações sejam antes de tudo prevenidas e, se necessário, combatidas na escola com a participação de todos.
Às escolas, eu diria que divulguem amplamente, antes do início do ano letivo, quando da matrícula, que lá não se admite o bullying.
Para os alunos eu diria: "Não sofra sozinho. Você tem o direito de ser feliz na sua escola. Fale. Conte o que está acontecendo".
Para os pais eu recomendaria que não se preocupem apenas com os resultados do aprendizado dos seus filhos. Tão importante quanto verificar as notas obtidas é saber se o seu filho está socialmente bem na escola.
Não dá para ficar calado.
Prevenir e combater o bullying na escola é de responsabilidade de toda a escola, envolvendo funcionários, professores, diretoria, alunos e pais de alunos.
Não se resolve o bullying escolar na polícia ou na Justiça, últimas instâncias a serem procuradas, se todo o resto falhou.
Esperamos estar atendendo com essa opinião a muitas pessoas que nos mandam e-mails querendo soluções fora da escola, aparentemente porque a escola não teria tomado providências.
Em alguns estados brasileiros, leis já foram sancionadas determinando que as escolas desenvolvam programas de prevenção e combate ao bullying. Veja a notícia. Realmente o bullying pode doer no bolso das escolas, conforme já divulgamos em artigo no site.
Cuidem-se, portanto, as escolas que não dão atenção ao sofrimento daqueles que sofrem o bullying e desconhecem que no bullying escolar a atenção deve ser dada não só às vítimas, mas às testemunhas silenciosas, que assistem e nada fazem, e àqueles que praticam o bullying.
Mas o que desejamos sempre é que essas situações sejam antes de tudo prevenidas e, se necessário, combatidas na escola com a participação de todos.
Às escolas, eu diria que divulguem amplamente, antes do início do ano letivo, quando da matrícula, que lá não se admite o bullying.
Para os alunos eu diria: "Não sofra sozinho. Você tem o direito de ser feliz na sua escola. Fale. Conte o que está acontecendo".
Para os pais eu recomendaria que não se preocupem apenas com os resultados do aprendizado dos seus filhos. Tão importante quanto verificar as notas obtidas é saber se o seu filho está socialmente bem na escola.
Não dá para ficar calado.
Suicídio assistido legalizado na Alemanha
Uma decisão importante. A mais alta corte da Alemanha legalizou o suicídio assistido. Ou seja, o médico pode proporcionar ao paciente, em certas ocasiões, condições de optar por uma morte digna e com menos sofrimento.
Não se trata (ainda) da eutanásia ativa ou passiva. Esses temas já tem sido tratados aqui no Observatório da Infância. Consulte os artigos e indicações de filmes a seguir:
Artigos:
Não dá para ficar calado.
Não se trata (ainda) da eutanásia ativa ou passiva. Esses temas já tem sido tratados aqui no Observatório da Infância. Consulte os artigos e indicações de filmes a seguir:
Artigos:
- O direito a uma morte digna
- Eutanásia. Hannah, 13 anos: "Quero morrer feliz, calmamente, em casa, entre os que me amam".
- "Viver com dignidade, morrer com dignidade"
- Eutanásia e suicídio assistido.
Não dá para ficar calado.
As bruxas também morrem
Texto do professor Bessa Freire
Era uma vez uma bruxa malvada...
As bruxas, que eram personagens exclusivas dos contos de fadas e das histórias da Carochinha, invadiram nessa semana o noticiário dos jornais, desafiando a ciência e a modernidade. Confirmaram o provérbio espanhol que diz: "Yo no creo en las brujas, pero que las hay, las hay". Uma delas, Adrosila, morreu em Manaus no dia em que a outra, de nome Vera, era presa no Rio de Janeiro.
Quando Wilson, de apelido Choro, aos sete anos, usando a língua do "p", chamou o velho Buretama de fipílhopó daputapá, dona Adrosila, sua mãe, mostrou as suas garras de bruxa. Esfregou pimenta murupi na boca do menino, cujos lábios incharam. "Não permito que filho meu suje a boca com nome feio" - ela gritava. Na sua cruzada contra o palavrão, chegou a queimar muitas vezes a boca do filho com ovo cozido tirado da água fervendo.
Abro parênteses para contar que o velho Buretama fez por merecer. Cego, ele andava pelos becos do bairro de Aparecida, nos anos 50, com uma bengala, auxiliado aqui e ali pelos moradores. Um dia, pediu a Wilson para ajudá-lo a atravessar a Rua Xavier de Mendonça. Já do outro lado, antes de largar a mão do menino, puxou-a na direção do seu fiofó e deu um peido sonoro e demorado sobre ela. Isso lá era forma de agradecer uma boa ação? Wilson reagiu, usando a língua do pê para despistar a mãe. Mas a megera era bilíngüe.
A Fipilhapá
Ela sim, dona Adrosila, era uma fipilhapá daputapá. Por qualquer motivo sentava a porrada na criança indefesa, usando o que estivesse à mão: palmatória, cinturão, pau, vassoura, galho de goiabeira, chicote, fio elétrico, ferro de engomar, panela. Eram várias surras por dia, todos os dias. A primeira, de manhã cedinho, punia a incontinência urinária noturna do Wilson, que até aos quinze anos ainda mijava na rede de dormir.
O bairro não esqueceu o dia em que ele chutou uma bola enlameada, que quicou sobre a anágua engomada da mãe e depois sobre uma combinação de jersey que estavam no quaradouro. Foi covardemente açoitado, torturado e martirizado. Berrava como um cabrito degolado. Seu corpo exibia marcas da violência: cicatrizes, hematomas, queimaduras. O beco todo se comovia, ouvindo seus lamentos:
-"Ai, mãeginha, eu não faxo mais, mãeginha". Aí é que a bruxa Adrosila batia ainda mais forte, exigindo:
-"Engole o choro! Engole o choro!"
Daí, ele ganhou o apelido de 'Engole o choro' que ficou, depois, reduzido apenas a 'Choro'. Moído de porrada, acabou sendo engolido pela crueldade sádica da mãe. Tornou-se um menino amedrontado. Sua cara era a imagem da dor, do sofrimento, da melancolia, como 'O Grito' de Munch, com aquela boca aberta em forma oval, as duas mãos tapando os ouvidos, a cabeça de quem fez quimioterapia e a expressão dilacerada de horror nos olhos. Não dá pra perdoar dona Adrosila.
Nos contos infantis de Charles Perrault e dos Irmãos Grimm, a bruxa é sempre uma velha hedionda e repugnante, torta e encurvada, com uma boca enorme, nariz de papagaio, vestida sempre de preto, com uma vassoura na mão. Como na história do João e Maria, vocês lembram? Um lenhador pobre abandona os dois filhos na floresta porque não tinha como alimentá-los. As crianças encontram, então, uma casa, cujas paredes eram feitas de fatias de pão, janelas e portas de bolo, e o teto de chocolate.
A casa acolhedora pertencia a uma bruxa, que dessa forma atraiu os dois meninos, oferecendo-lhes abrigo, casa, comida e roupa lavada, mas sua intenção era engordá-los para depois devorá-los. No final, eles empurram a bruxa no forno e fogem. Dizem os entendidos que esse tipo de história oferece às crianças um palco onde podem representar e solucionar seus conflitos interiores e seus medos.
Bruxa da mídia
Uma nova edição dessa mesma história aconteceu agora no Rio de Janeiro, com uma bruxa real do terceiro milênio. Sem vassoura, mas com turbante, ela tem nome, sobrenome, profissão e endereço: Vera Lúcia Sant´Anna Gomes, procuradora aposentada, mora num edifício de luxo em Ipanema, tem uma casa de veraneio em Búzios, ganha R$ 25 mil por mês e, como a bruxa da história de João e Maria, quis adotar uma criança de dois anos, abandonada em um abrigo pela mãe, que vive em situação de extrema pobreza.
No processo de adoção, a bruxa Vera visitou a menina no abrigo, várias vezes. Até que, em março, levou-a para casa, comprou-lhe roupas e brinquedos, e um mês depois a transformou num saco de pancadas. Puxava a menina pelo cabelo, esbofeteava e chutava o rosto e o corpo da criança, segundo depoimento à polícia feito pela empregada doméstica, que não agüentou ver tanto sofrimento e pediu demissão. "Se a menina não desse bom dia, já era um motivo para ela bater", contou a empregada.
O Jornal Nacional mostrou as fotos com marcas da agressão sofrida pela criança que tinha os olhos inchados. Quando o Conselho Tutelar retirou a menina do apartamento, ela estava no chão, onde fica o cachorro. O JN reproduziu também uma gravação com a bruxa gritando para a criança:
- Maluca! Engole! Você vai comer tudo, entendeu, sua vaquinha! Pode chorar!
Denunciada através de um telefonema anônimo, Vera fugiu e, finalmente, depois de oito dias foragida, nessa quinta-feira, foi presa numa cela com nove mulheres, no Presídio Feminino Nelson Hungria, conhecido como Bangu 7, com direito a televisão e banheiro, porque tem diploma de ensino superior. Ela vai ser processada por torturar a menina de dois anos que pretendia adotar. Nessa terça-feira, dia 18, será julgado seu pedido de habeas-corpus para responder em liberdade.
A gente sabe muito pouco sobre a vida da procuradora. Nem sequer sua idade. Alguns jornais dizem que ela tem 57 anos, outros 63 e por ai vai. A empregada doméstica, o porteiro do edifício, a manicure, o seu professor de tarô deram informações muito picotadas sobre a bruxa, que é arrogante e racista, vive só, sem marido, sem namorado, sem amante, sem parentes, em dez anos foi visitada por um sobrinho quando a mãe dela, com quem vivia, morreu.
Pedofobia
Os jornais, parece, comeram mosca, não foi não? Não li um único depoimento dos ex-colegas de trabalho da procuradora. Não é possível que ela tenha exercido suas funções sem dar pistas sobre o seu estado doentio. Esse caso choca, justamente, por se tratar de uma profissional bem situada, com grana, que busca voluntariamente uma criança para adotar, num gesto aparente de generosidade, mas que acaba exercendo seu poder, torturando-a.
O pior é que não se trata de um caso isolado de violências contra crianças. Há anos, tive a oportunidade de conversar na Uerj com o pediatra Lauro Monteiro, que criou a ABRAPIA - Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência. Ele testemunhou centenas de casos de violência contra crianças nas enfermarias de pediatria do Hospital Souza Aguiar, espancados pelos próprios pais.
O SOS Criança da ABRAPIA criou e operacionalizou o Disque Denúncia para todo o país e o Telefone Amigo da Criança (TECA) para o município do Rio de Janeiro. Num espaço de tempo relativamente curto, já atendeu 1.169 casos de crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica somente no Rio. Um desses casos foi o de um pai, bêbado, que incomodado pelo choro do filho à noite, agarrou-o pelos pés e bateu a criança na parede quebrando-lhe os ossos. Existem muitas fotos no arquivo pessoal do doutor Lauro Monteiro, que podem ser acessadas via internet.
Felizmente, bruxas são presas, punidas e também morrem. Sugiro que o juiz condene a procuradora a viver no bairro de Aparecida, em Manaus, porque lá os moradores não perdoam. Ela pagará por seus pecados, como dona Adrosila, que foi atormentada enquanto lá viveu. Quando a bruxa passava, a molecada, escondida detrás de uma árvore, de uma janela, na banca de tacacá, gritava com voz em falsete para não ser identificada:
- "Bru-xa assassiiiiina! Fipilhapá daputapá!"
José Ribamar Bessa Freire é professor universitário (Uerj), reside no Rio há mais de 20 anos, assina coluna no Diário do Amazonas, de Manaus, sua terra natal, e mantém o blog Taqui Pra Ti. Colabora com a Agência Assaz Atroz.
Era uma vez uma bruxa malvada...
As bruxas, que eram personagens exclusivas dos contos de fadas e das histórias da Carochinha, invadiram nessa semana o noticiário dos jornais, desafiando a ciência e a modernidade. Confirmaram o provérbio espanhol que diz: "Yo no creo en las brujas, pero que las hay, las hay". Uma delas, Adrosila, morreu em Manaus no dia em que a outra, de nome Vera, era presa no Rio de Janeiro.
Quando Wilson, de apelido Choro, aos sete anos, usando a língua do "p", chamou o velho Buretama de fipílhopó daputapá, dona Adrosila, sua mãe, mostrou as suas garras de bruxa. Esfregou pimenta murupi na boca do menino, cujos lábios incharam. "Não permito que filho meu suje a boca com nome feio" - ela gritava. Na sua cruzada contra o palavrão, chegou a queimar muitas vezes a boca do filho com ovo cozido tirado da água fervendo.
Abro parênteses para contar que o velho Buretama fez por merecer. Cego, ele andava pelos becos do bairro de Aparecida, nos anos 50, com uma bengala, auxiliado aqui e ali pelos moradores. Um dia, pediu a Wilson para ajudá-lo a atravessar a Rua Xavier de Mendonça. Já do outro lado, antes de largar a mão do menino, puxou-a na direção do seu fiofó e deu um peido sonoro e demorado sobre ela. Isso lá era forma de agradecer uma boa ação? Wilson reagiu, usando a língua do pê para despistar a mãe. Mas a megera era bilíngüe.
A Fipilhapá
Ela sim, dona Adrosila, era uma fipilhapá daputapá. Por qualquer motivo sentava a porrada na criança indefesa, usando o que estivesse à mão: palmatória, cinturão, pau, vassoura, galho de goiabeira, chicote, fio elétrico, ferro de engomar, panela. Eram várias surras por dia, todos os dias. A primeira, de manhã cedinho, punia a incontinência urinária noturna do Wilson, que até aos quinze anos ainda mijava na rede de dormir.
O bairro não esqueceu o dia em que ele chutou uma bola enlameada, que quicou sobre a anágua engomada da mãe e depois sobre uma combinação de jersey que estavam no quaradouro. Foi covardemente açoitado, torturado e martirizado. Berrava como um cabrito degolado. Seu corpo exibia marcas da violência: cicatrizes, hematomas, queimaduras. O beco todo se comovia, ouvindo seus lamentos:
-"Ai, mãeginha, eu não faxo mais, mãeginha". Aí é que a bruxa Adrosila batia ainda mais forte, exigindo:
-"Engole o choro! Engole o choro!"
Daí, ele ganhou o apelido de 'Engole o choro' que ficou, depois, reduzido apenas a 'Choro'. Moído de porrada, acabou sendo engolido pela crueldade sádica da mãe. Tornou-se um menino amedrontado. Sua cara era a imagem da dor, do sofrimento, da melancolia, como 'O Grito' de Munch, com aquela boca aberta em forma oval, as duas mãos tapando os ouvidos, a cabeça de quem fez quimioterapia e a expressão dilacerada de horror nos olhos. Não dá pra perdoar dona Adrosila.
Nos contos infantis de Charles Perrault e dos Irmãos Grimm, a bruxa é sempre uma velha hedionda e repugnante, torta e encurvada, com uma boca enorme, nariz de papagaio, vestida sempre de preto, com uma vassoura na mão. Como na história do João e Maria, vocês lembram? Um lenhador pobre abandona os dois filhos na floresta porque não tinha como alimentá-los. As crianças encontram, então, uma casa, cujas paredes eram feitas de fatias de pão, janelas e portas de bolo, e o teto de chocolate.
A casa acolhedora pertencia a uma bruxa, que dessa forma atraiu os dois meninos, oferecendo-lhes abrigo, casa, comida e roupa lavada, mas sua intenção era engordá-los para depois devorá-los. No final, eles empurram a bruxa no forno e fogem. Dizem os entendidos que esse tipo de história oferece às crianças um palco onde podem representar e solucionar seus conflitos interiores e seus medos.
Bruxa da mídia
Uma nova edição dessa mesma história aconteceu agora no Rio de Janeiro, com uma bruxa real do terceiro milênio. Sem vassoura, mas com turbante, ela tem nome, sobrenome, profissão e endereço: Vera Lúcia Sant´Anna Gomes, procuradora aposentada, mora num edifício de luxo em Ipanema, tem uma casa de veraneio em Búzios, ganha R$ 25 mil por mês e, como a bruxa da história de João e Maria, quis adotar uma criança de dois anos, abandonada em um abrigo pela mãe, que vive em situação de extrema pobreza.
No processo de adoção, a bruxa Vera visitou a menina no abrigo, várias vezes. Até que, em março, levou-a para casa, comprou-lhe roupas e brinquedos, e um mês depois a transformou num saco de pancadas. Puxava a menina pelo cabelo, esbofeteava e chutava o rosto e o corpo da criança, segundo depoimento à polícia feito pela empregada doméstica, que não agüentou ver tanto sofrimento e pediu demissão. "Se a menina não desse bom dia, já era um motivo para ela bater", contou a empregada.
O Jornal Nacional mostrou as fotos com marcas da agressão sofrida pela criança que tinha os olhos inchados. Quando o Conselho Tutelar retirou a menina do apartamento, ela estava no chão, onde fica o cachorro. O JN reproduziu também uma gravação com a bruxa gritando para a criança:
- Maluca! Engole! Você vai comer tudo, entendeu, sua vaquinha! Pode chorar!
Denunciada através de um telefonema anônimo, Vera fugiu e, finalmente, depois de oito dias foragida, nessa quinta-feira, foi presa numa cela com nove mulheres, no Presídio Feminino Nelson Hungria, conhecido como Bangu 7, com direito a televisão e banheiro, porque tem diploma de ensino superior. Ela vai ser processada por torturar a menina de dois anos que pretendia adotar. Nessa terça-feira, dia 18, será julgado seu pedido de habeas-corpus para responder em liberdade.
A gente sabe muito pouco sobre a vida da procuradora. Nem sequer sua idade. Alguns jornais dizem que ela tem 57 anos, outros 63 e por ai vai. A empregada doméstica, o porteiro do edifício, a manicure, o seu professor de tarô deram informações muito picotadas sobre a bruxa, que é arrogante e racista, vive só, sem marido, sem namorado, sem amante, sem parentes, em dez anos foi visitada por um sobrinho quando a mãe dela, com quem vivia, morreu.
Pedofobia
Os jornais, parece, comeram mosca, não foi não? Não li um único depoimento dos ex-colegas de trabalho da procuradora. Não é possível que ela tenha exercido suas funções sem dar pistas sobre o seu estado doentio. Esse caso choca, justamente, por se tratar de uma profissional bem situada, com grana, que busca voluntariamente uma criança para adotar, num gesto aparente de generosidade, mas que acaba exercendo seu poder, torturando-a.
O pior é que não se trata de um caso isolado de violências contra crianças. Há anos, tive a oportunidade de conversar na Uerj com o pediatra Lauro Monteiro, que criou a ABRAPIA - Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência. Ele testemunhou centenas de casos de violência contra crianças nas enfermarias de pediatria do Hospital Souza Aguiar, espancados pelos próprios pais.
O SOS Criança da ABRAPIA criou e operacionalizou o Disque Denúncia para todo o país e o Telefone Amigo da Criança (TECA) para o município do Rio de Janeiro. Num espaço de tempo relativamente curto, já atendeu 1.169 casos de crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica somente no Rio. Um desses casos foi o de um pai, bêbado, que incomodado pelo choro do filho à noite, agarrou-o pelos pés e bateu a criança na parede quebrando-lhe os ossos. Existem muitas fotos no arquivo pessoal do doutor Lauro Monteiro, que podem ser acessadas via internet.
Felizmente, bruxas são presas, punidas e também morrem. Sugiro que o juiz condene a procuradora a viver no bairro de Aparecida, em Manaus, porque lá os moradores não perdoam. Ela pagará por seus pecados, como dona Adrosila, que foi atormentada enquanto lá viveu. Quando a bruxa passava, a molecada, escondida detrás de uma árvore, de uma janela, na banca de tacacá, gritava com voz em falsete para não ser identificada:
- "Bru-xa assassiiiiina! Fipilhapá daputapá!"
José Ribamar Bessa Freire é professor universitário (Uerj), reside no Rio há mais de 20 anos, assina coluna no Diário do Amazonas, de Manaus, sua terra natal, e mantém o blog Taqui Pra Ti. Colabora com a Agência Assaz Atroz.
terça-feira, 22 de junho de 2010
Não tenha filhos se não puder se dedicar a eles
Após a divulgação do caso da procuradora de Justiça do Rio, que agredia violentamente e humilhava a criança de 2 anos sob sua guarda provisória, aumentaram muito os e-mails para o Observatório da Infância de pessoas que querem adotar crianças e muitos aquela menina que foi vítima da procuradora.
Atenção: criança requer dedicação intensa. Quem não tiver condições emocionais e financeiras e tempo para se dedicar à criança, não deve adotar e nem gerar filhos.
Não dá para ficar calado.
Atenção: criança requer dedicação intensa. Quem não tiver condições emocionais e financeiras e tempo para se dedicar à criança, não deve adotar e nem gerar filhos.
Não dá para ficar calado.
O absurdo da violência e suas consequências em exposição de fotos no Rio
Não perca a exposição Word Press Photo 10 na Caixa. Preste especial atenção nas fotos premiadas que mostram o absurdo da violência e suas consequências.
Destaco as fotos de Eugene Richards, Mohamed Abed, Farah Abdi Warsameh e David Chancellor. Reveja a foto histórica de Neda, a linda iraniana morta em uma manifestação no Teerã, que recebeu menção especial. Reproduzimos abaixo as fotos.
Não dá para ficar calado.
Destaco as fotos de Eugene Richards, Mohamed Abed, Farah Abdi Warsameh e David Chancellor. Reveja a foto histórica de Neda, a linda iraniana morta em uma manifestação no Teerã, que recebeu menção especial. Reproduzimos abaixo as fotos.
Não dá para ficar calado.
As crianças "rest'avec"
Excelente reportagem de Chico de Gois, do Globo, em 20/06/2010, sobre as crianças "rest'avec" em Porto Príncipe.
Crianças órfãs de pais vivos são entregues pelos parentes ou vizinhos por falta de condições de mantê-los. Acabam se tornando escravos da nova família, apanham até de chicote e sofrem por vezes abuso sexual. Na escola até os professores as discriminam. O nome dessas crianças? "Fique com você" ou "rest'avec" ou ainda simplesmente "rest'avec".
Um menino rest'avec brinca em Porto Príncipe: explorados e maltratados. Foto: Ailton de Freitas
Não dá para ficar calado.
Crianças órfãs de pais vivos são entregues pelos parentes ou vizinhos por falta de condições de mantê-los. Acabam se tornando escravos da nova família, apanham até de chicote e sofrem por vezes abuso sexual. Na escola até os professores as discriminam. O nome dessas crianças? "Fique com você" ou "rest'avec" ou ainda simplesmente "rest'avec".
Não dá para ficar calado.
"Por que Joãzinho não aprende a ler."
O artigo com o título acima de João Batista Araujo e Oliveira, publicado no Estadão de 15/06/10 deve ser lido por todos e, em especial, por todos os educadores. No texto, ele cita Stanislas Dehaene na obra Os neurônios da leitura: "A conversão grafema-fonema é uma invenção única na história da escrita, que transforma radicalmente o cérebro da criança e sua maneira de ouvir os sons da língua. Ela não se manifesta espontaneamente, portanto é preciso ensinar." Analisa o articulista o "samba do crioulo doido" que são as cartilhas do MEC, que desafiam a criança a ser um novo Champolion decifrando a Pedra de Roseta.
O artigo é reproduzido abaixo.
Não dá para ficar calado.
"Por que Joãzinho não aprende a ler."
O título deste artigo reproduz o de um livro publicado em 1953 e que provocou intenso debate sobre métodos de alfabetização. A polêmica durou até o final do século, quando o assunto foi definitivamente resolvido. No resto do mundo, não no Brasil. Uma análise das 19 cartilhas de alfabetização aprovadas pelo Ministério da Educação (MEC) em 2009, e que estão em uso na maioria das escolas públicas, revela a razão. Neste artigo, comentamos apenas alguns aspectos dessa análise.
Comecemos pela bibliografia citada pelos autores. Bibliografia reflete as orientações usadas. Dentre as 265 referências bibliográficas citadas nas 19 cartilhas, apenas cinco se referem a estudos especificamente voltados para os aspectos centrais da alfabetização, isto é, o funcionamento do código alfabético. Nas cinco, dois autores são os mais citados. Trata-se dos mesmos que o MEC vem mencionando desde que os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) entronizaram as ideias ultrapassadas e equivocadas que continuam desorientando os professores em todo o País. Cabe notar que, nessas 265 citações, não há referência alguma a nenhum dos artigos mais citados nos índices de publicações científicas internacionais sobre alfabetização ou nos documentos oficiais dos demais países que utilizam o código alfabético.
Em matéria de pedagogia, não é só o MEC que está na contramão dos progressos da ciência: alguns governos estaduais e municipais, que continuam produzindo suas próprias cartilhas, o fazem com base nos mesmos pressupostos equivocados.
Outro aspecto da análise se refere ao descumprimento sistemático dos termos de referência do edital do Programa Nacional do Livro Didático. Por insistência pessoal do ministro Fernando Haddad, que enfrentou ruidosas resistências internas e externas, o edital introduziu dois requisitos: a apresentação adequada dos fonemas e grafemas - base de qualquer processo de alfabetização - e atividades próprias para desenvolver fluência de leitura. Esses dois requisitos não foram observados de forma minimamente adequada em nenhuma das cartilhas aprovadas. O prejuízo pedagógico é óbvio. Cabe ao Tribunal de Contas da União (TCU) decidir se isso constitui delito de improbidade administrativa por parte de quem deu e de quem aceitou os pareceres sobre essas cartilhas.
Cartilhas elaboradas com base em pressupostos equivocados não ajudam as crianças a aprender a ler e escrever. Mas qual é, de fato, o objetivo das cartilhas aprovadas? De acordo com seus autores, o importante é promover o letramento, os usos sociais da língua, a intertextualidade, as múltiplas linguagens, a produção textual e outros pomposos desideratos. O domínio do código alfabético que se dane! Ou que se danem os alunos, como atestam os resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e as pesquisas sobre a capacidade de leitura dos brasileiros.
Na prática, o que acontece com as cartilhas é o mesmo que ocorre com os livros didáticos, especialmente os de Língua Portuguesa - um samba do crioulo doido. Nas primeiras páginas das cartilhas, por exemplo, o aluno é convidado a escolher quais palavras do texto (que ele não sabe ler) indicam frutas. Ou é convidado a "escrever do seu jeito" o nome das ilustrações. Ou a combinar sílabas, cuja leitura não lhe foi ensinada, para formar palavras. Ou a identificar, "usando pistas contextuais", qual de três frases completa um texto. Ou seja, tudo se passa como se a criança fosse um novo Champolion desafiado a decifrar a Pedra de Roseta. Ou a "formular hipóteses" sobre o valor fonológico dos grafemas. Se as pessoas fossem capazes de formular hipóteses pela mera exposição aos textos, como explicar a existência de analfabetos adultos numa sociedade urbana e letrada?
Nos países desenvolvidos, a questão dos métodos de alfabetização deixou de ser alvo de debates há pelo menos duas décadas, graças aos avanços das neurociências e às contundentes evidências a respeito da superioridade dos métodos fônicos. Os últimos redutos de resistência nos Estados Unidos acabam de ruir com a edição das novas orientações curriculares, nas últimas semanas.
Eis o que diz um dos mais importantes neurocientistas da atualidade, Stanislas Dehaene, na sua obra Os Neurônios da Leitura: "A conversão grafema-fonema é uma invenção única na história da escrita, que transforma radicalmente o cérebro da criança e sua maneira de ouvir os sons da língua. Ela não se manifesta espontaneamente, portanto, é preciso ensinar." Quanto à forma de ensinar, a ciência experimental demonstra que para alfabetizar bem é necessário apresentar os fonemas e grafemas de forma sequencial, intencional e sistemática. Essa é a função das cartilhas. O tema foi inclusive objeto de relatório e recomendações recentes da Academia Brasileira de Ciências, mas continua ignorado pelo establishment educacional.
Ignorar os avanços da neurociência e as evidências experimentais acumuladas sobre métodos de alfabetização não significa apenas defender uma posição ideológica a respeito da alfabetização: significa rejeitar a ideia de que a ciência pode contribuir para melhorar o ensino. Ou seja, pedagogia, como bruxaria, dispensa a ciência. Valem apenas as crenças e o poder de pressão das corporações. E é isso que fazem as universidades, no Brasil, e as autoridades responsáveis pela educação na maioria de nossas redes de ensino.
Não sabemos o que o TCU e o MEC farão para correr atrás do prejuízo. Mas sabemos quais são os resultados dessa política: no 5.º ano do ensino fundamental, metade das crianças não consegue entender o que lê. E agora sabemos por que Joãozinho não aprende a ler, no Brasil.
JOÃO BATISTA ARAUJO E OLIVEIRA
PRESIDENTE DO INSTITUTO ALFA E BETO
O artigo é reproduzido abaixo.
Não dá para ficar calado.
"Por que Joãzinho não aprende a ler."
O título deste artigo reproduz o de um livro publicado em 1953 e que provocou intenso debate sobre métodos de alfabetização. A polêmica durou até o final do século, quando o assunto foi definitivamente resolvido. No resto do mundo, não no Brasil. Uma análise das 19 cartilhas de alfabetização aprovadas pelo Ministério da Educação (MEC) em 2009, e que estão em uso na maioria das escolas públicas, revela a razão. Neste artigo, comentamos apenas alguns aspectos dessa análise.
Comecemos pela bibliografia citada pelos autores. Bibliografia reflete as orientações usadas. Dentre as 265 referências bibliográficas citadas nas 19 cartilhas, apenas cinco se referem a estudos especificamente voltados para os aspectos centrais da alfabetização, isto é, o funcionamento do código alfabético. Nas cinco, dois autores são os mais citados. Trata-se dos mesmos que o MEC vem mencionando desde que os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) entronizaram as ideias ultrapassadas e equivocadas que continuam desorientando os professores em todo o País. Cabe notar que, nessas 265 citações, não há referência alguma a nenhum dos artigos mais citados nos índices de publicações científicas internacionais sobre alfabetização ou nos documentos oficiais dos demais países que utilizam o código alfabético.
Em matéria de pedagogia, não é só o MEC que está na contramão dos progressos da ciência: alguns governos estaduais e municipais, que continuam produzindo suas próprias cartilhas, o fazem com base nos mesmos pressupostos equivocados.
Outro aspecto da análise se refere ao descumprimento sistemático dos termos de referência do edital do Programa Nacional do Livro Didático. Por insistência pessoal do ministro Fernando Haddad, que enfrentou ruidosas resistências internas e externas, o edital introduziu dois requisitos: a apresentação adequada dos fonemas e grafemas - base de qualquer processo de alfabetização - e atividades próprias para desenvolver fluência de leitura. Esses dois requisitos não foram observados de forma minimamente adequada em nenhuma das cartilhas aprovadas. O prejuízo pedagógico é óbvio. Cabe ao Tribunal de Contas da União (TCU) decidir se isso constitui delito de improbidade administrativa por parte de quem deu e de quem aceitou os pareceres sobre essas cartilhas.
Cartilhas elaboradas com base em pressupostos equivocados não ajudam as crianças a aprender a ler e escrever. Mas qual é, de fato, o objetivo das cartilhas aprovadas? De acordo com seus autores, o importante é promover o letramento, os usos sociais da língua, a intertextualidade, as múltiplas linguagens, a produção textual e outros pomposos desideratos. O domínio do código alfabético que se dane! Ou que se danem os alunos, como atestam os resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e as pesquisas sobre a capacidade de leitura dos brasileiros.
Na prática, o que acontece com as cartilhas é o mesmo que ocorre com os livros didáticos, especialmente os de Língua Portuguesa - um samba do crioulo doido. Nas primeiras páginas das cartilhas, por exemplo, o aluno é convidado a escolher quais palavras do texto (que ele não sabe ler) indicam frutas. Ou é convidado a "escrever do seu jeito" o nome das ilustrações. Ou a combinar sílabas, cuja leitura não lhe foi ensinada, para formar palavras. Ou a identificar, "usando pistas contextuais", qual de três frases completa um texto. Ou seja, tudo se passa como se a criança fosse um novo Champolion desafiado a decifrar a Pedra de Roseta. Ou a "formular hipóteses" sobre o valor fonológico dos grafemas. Se as pessoas fossem capazes de formular hipóteses pela mera exposição aos textos, como explicar a existência de analfabetos adultos numa sociedade urbana e letrada?
Nos países desenvolvidos, a questão dos métodos de alfabetização deixou de ser alvo de debates há pelo menos duas décadas, graças aos avanços das neurociências e às contundentes evidências a respeito da superioridade dos métodos fônicos. Os últimos redutos de resistência nos Estados Unidos acabam de ruir com a edição das novas orientações curriculares, nas últimas semanas.
Eis o que diz um dos mais importantes neurocientistas da atualidade, Stanislas Dehaene, na sua obra Os Neurônios da Leitura: "A conversão grafema-fonema é uma invenção única na história da escrita, que transforma radicalmente o cérebro da criança e sua maneira de ouvir os sons da língua. Ela não se manifesta espontaneamente, portanto, é preciso ensinar." Quanto à forma de ensinar, a ciência experimental demonstra que para alfabetizar bem é necessário apresentar os fonemas e grafemas de forma sequencial, intencional e sistemática. Essa é a função das cartilhas. O tema foi inclusive objeto de relatório e recomendações recentes da Academia Brasileira de Ciências, mas continua ignorado pelo establishment educacional.
Ignorar os avanços da neurociência e as evidências experimentais acumuladas sobre métodos de alfabetização não significa apenas defender uma posição ideológica a respeito da alfabetização: significa rejeitar a ideia de que a ciência pode contribuir para melhorar o ensino. Ou seja, pedagogia, como bruxaria, dispensa a ciência. Valem apenas as crenças e o poder de pressão das corporações. E é isso que fazem as universidades, no Brasil, e as autoridades responsáveis pela educação na maioria de nossas redes de ensino.
Não sabemos o que o TCU e o MEC farão para correr atrás do prejuízo. Mas sabemos quais são os resultados dessa política: no 5.º ano do ensino fundamental, metade das crianças não consegue entender o que lê. E agora sabemos por que Joãozinho não aprende a ler, no Brasil.
JOÃO BATISTA ARAUJO E OLIVEIRA
PRESIDENTE DO INSTITUTO ALFA E BETO
Crianças vitimizadas: todos fazemos pouco para protegê-las
Em São Pedro da Aldeia (RJ), menina de 4 anos foi encontrada trancada em casa e com sinais de espancamento. Vizinhos a socorreram. O padrasto foi preso.
Em Volta Redonda (RJ), o menino Davi, de 4 anos, morreu espancado pelo padrasto. Ele foi achado com fratura na perna, contusão pulmonar e lesão intra-abdominal.
No Sertão do Pajeú (PE), agricultor de 51 anos e seus dois filhos (de 18 e 19 anos) foram presos por abusar da filha e irmã, hoje com 16 anos. A vítima está grávida e já tem dois filhos: do próprio pai ou dos irmãos.
Em Pinheiro (MA), lavrador de 54 anos matinha em cárcere privado há 17 anos, a própria filha, que hoje tem 7 filhos do próprio pai. Suspeita-se também que o lavrador também abusou sexualmente de duas filhas-neta de 7 e 5 anos.
Os vizinhos conheciam há anos a situação e não denunciaram. Agora, foram mobilizados por campanhas locais contra a violência sexual. As quatro situações têm em comum a violência contra crianças, totalmente dependentes das ações do adultos. Múltiplas são as causas que levam pais a praticar tais barbaridades.
O Brasil, na sua imensidão territorial, com quase 200 milhões de habitantes, ainda demorará muito a executar medidas preventivas, indispensáveis para reduzir ao mínimo tais crimes. Mas de imediato, uma atitude pode ser tomada: a denúncia. Todos devem se comprometer e não permitir que tais violências prossigam, notificando os casos suspeitos.
Porém, indispensável é que após a denúncia as autoridades tomem providências imediatas. Infelizmente não é o que ocorre sempre, o que leva ao descrédito os serviços que recebem as denúncias. Também os Conselhos Tutelares em todo o país devem receber a atenção das autoridades. Na maioria das vezes eles funcionam bem abaixo das condições ideais.
Para denunciar, a população dispõe dos seguintes recursos:
Todos participar denunciando e cobrando providências das autoridades.
Outros locais para denúncias: Polícia, Juizado da Infância e da Adolescência, jornais e rádios. Aliás, a mídia pode exercer um papel fundamental na prevenção e no combate a todas as formas de violência contra a criança e o adolescente.
Não dá para ficar calado.
Em Volta Redonda (RJ), o menino Davi, de 4 anos, morreu espancado pelo padrasto. Ele foi achado com fratura na perna, contusão pulmonar e lesão intra-abdominal.
No Sertão do Pajeú (PE), agricultor de 51 anos e seus dois filhos (de 18 e 19 anos) foram presos por abusar da filha e irmã, hoje com 16 anos. A vítima está grávida e já tem dois filhos: do próprio pai ou dos irmãos.
Em Pinheiro (MA), lavrador de 54 anos matinha em cárcere privado há 17 anos, a própria filha, que hoje tem 7 filhos do próprio pai. Suspeita-se também que o lavrador também abusou sexualmente de duas filhas-neta de 7 e 5 anos.
Os vizinhos conheciam há anos a situação e não denunciaram. Agora, foram mobilizados por campanhas locais contra a violência sexual. As quatro situações têm em comum a violência contra crianças, totalmente dependentes das ações do adultos. Múltiplas são as causas que levam pais a praticar tais barbaridades.
O Brasil, na sua imensidão territorial, com quase 200 milhões de habitantes, ainda demorará muito a executar medidas preventivas, indispensáveis para reduzir ao mínimo tais crimes. Mas de imediato, uma atitude pode ser tomada: a denúncia. Todos devem se comprometer e não permitir que tais violências prossigam, notificando os casos suspeitos.
Porém, indispensável é que após a denúncia as autoridades tomem providências imediatas. Infelizmente não é o que ocorre sempre, o que leva ao descrédito os serviços que recebem as denúncias. Também os Conselhos Tutelares em todo o país devem receber a atenção das autoridades. Na maioria das vezes eles funcionam bem abaixo das condições ideais.
Para denunciar, a população dispõe dos seguintes recursos:
- Telefone 100, nacional e gratuito.
- Alguns municípios brasileiros também têm número de telefone para receber denúncias.
- Conselhos Tutelares, em todo o país.
- Para denunciar violência contra crianças através da internet: www.censura.com.br e www.safernet.org.br.
- Delegacias especializadas.
- No site www.observatóriodainfancia.com.br você encontra muitos telefones para denunciar.
Todos participar denunciando e cobrando providências das autoridades.
Outros locais para denúncias: Polícia, Juizado da Infância e da Adolescência, jornais e rádios. Aliás, a mídia pode exercer um papel fundamental na prevenção e no combate a todas as formas de violência contra a criança e o adolescente.
Não dá para ficar calado.
Mortalidade infantil no Brasil: é necessário fazer mais.
A revista médica The Lancet publicou, em maio, análise das taxas de mortalidade infantil no mundo. Em relação ao Brasil, apesar dos progressivos bons resultados desde 1970, ou seja, nos últimos 40 anos, ainda estamos em 90º lugar no ranking dos países com número mais alto de mortos na faixa de 0 a 5 anos.
Mesmo entre os países em desenvolvimento a situação do Brasil não é boa: perdemos para o Chile, Cuba, Colômbia, Argentina, México e China.
De toda forma, a taxa de mortalidade infantil no Brasil vem caindo gradativamente ao longo dos anos e dos vários governos (aliás, como vem ocorrendo também com a maioria dos países). É necessário fazer mais.
Não dá para ficar calado.
Mesmo entre os países em desenvolvimento a situação do Brasil não é boa: perdemos para o Chile, Cuba, Colômbia, Argentina, México e China.
De toda forma, a taxa de mortalidade infantil no Brasil vem caindo gradativamente ao longo dos anos e dos vários governos (aliás, como vem ocorrendo também com a maioria dos países). É necessário fazer mais.
Não dá para ficar calado.
Filme recomendado: "O que resta do tempo".
O prazer individual dos pais é a principal razão para ter filhos
No seu novo livro, best seller na França e que em breve sairá no Brasil, Elisabeth Badinter, autora do famoso "Um Amor Conquistado: O Mito do Amor Materno", faz considerações importantes. Em "Le conflit - la femme et la mère" (O conflito - a mãe e a mulher), ainda sem tradução no Brasil, Badinter divulga pesquisa feita entre homens e mulheres na França sobre a seguinte questão: Por que ter filhos?
As três principais respostas foram:
Chama a atenção a resposta que se refere aos cuidados que os pais querem ter quando ficarem velhos. Penso que o assunto é bom e merece ser discutido.
Não dá para ficar calado.
As três principais respostas foram:
- Um filho torna a vida mais bela e alegre: 60%
- Ter filhos permite perpetuar a família e transmitir valores: 47%
- Um filho dá afeição, amor e permite estar menos só na velhice: 33%
Chama a atenção a resposta que se refere aos cuidados que os pais querem ter quando ficarem velhos. Penso que o assunto é bom e merece ser discutido.
Não dá para ficar calado.
I Seminário Brasileiro de Justiça Juvenil Restaurativa
O I Seminário Brasileiro de Justiça Juvenil Restaurativa busca sensibilizar a sociedade em geral, em especial, os atores do sistema de Justiça juvenil, possibilitar o intercâmbio de experiências nessa área, independente do estágio de desenvolvimento e difundir os princípios dessa justiça, incidindo para a promoção de uma cultura de paz. Busca envolver diferentes setores da sociedade para, juntos, debater a resolução de conflitos por vias alternativas à jurisdição.
A Justiça Restaurativa é uma abordagem recente na área do direito que busca, por meio da medição, a solução de conflitos. Ela se baseia num procedimento de consenso, em que a vítima e o infrator, e, quando apropriado, outras pessoas ou membros da comunidade afetados pelo crime, como sujeitos centrais, participam coletiva e ativamente na construção de soluções para a cura das feridas, dos traumas e perdas causados pelo crime.
O crescimento do movimento restaurativo chamou a atenção da ONU que, em 2002, através do Conselho Econômico das Nações Unidas, compôs uma declaração com os princípios básicos de Justiça Restaurativa.
O Seminário será realizado nos dias 07,08 e 09 de julho de 2010, em São Luís, e contará com a participação de especialistas na temática, nas esferas nacional e internacional, que contribuirão para o debate aprofundado do tema. Está prevista a participação de cerca de 300 pessoas entre diferentes atores chave nacionais e internacionais implicados na temática (magistrados, promotores de justiça, defensores públicos, advogados, organizações da sociedade civil, lideranças comunitárias, estudantes e profissionais que trabalham com direitos humanos, gestores públicos e demais atores envolvidos no sistema de justiça), bem como de organizações que abordam a questão da Justiça Juvenil, adolescentes e seus familiares.
Organizado pela Fundação Terre des hommes, em parceria com o Tribunal de Justiça, a Procuradoria Geral de Justiça, a Defensoria Pública Geral do Estado do Maranhão, o Fundo das Nações Unidas para a Infância e Juventude (UNICEF) e a Prefeitura Municipal de São José de Ribamar, O I Seminário Brasileiro de Justiça Juvenil Restaurativa também com o apoio do Ministério da Justiça, por meio da Secretaria de Reforma do Judiciário.
O desafio colocado é o de se promover novos modelos para o enfrentamento de conflitos, bem como do incentivo a uma justiça comprometida com os desejos da comunidade sob a perspectiva da emancipação social.
Fonte: www.seminariobrasileirojjr.com.br
Não dá para ficar calado.
A Justiça Restaurativa é uma abordagem recente na área do direito que busca, por meio da medição, a solução de conflitos. Ela se baseia num procedimento de consenso, em que a vítima e o infrator, e, quando apropriado, outras pessoas ou membros da comunidade afetados pelo crime, como sujeitos centrais, participam coletiva e ativamente na construção de soluções para a cura das feridas, dos traumas e perdas causados pelo crime.
O crescimento do movimento restaurativo chamou a atenção da ONU que, em 2002, através do Conselho Econômico das Nações Unidas, compôs uma declaração com os princípios básicos de Justiça Restaurativa.
O Seminário será realizado nos dias 07,08 e 09 de julho de 2010, em São Luís, e contará com a participação de especialistas na temática, nas esferas nacional e internacional, que contribuirão para o debate aprofundado do tema. Está prevista a participação de cerca de 300 pessoas entre diferentes atores chave nacionais e internacionais implicados na temática (magistrados, promotores de justiça, defensores públicos, advogados, organizações da sociedade civil, lideranças comunitárias, estudantes e profissionais que trabalham com direitos humanos, gestores públicos e demais atores envolvidos no sistema de justiça), bem como de organizações que abordam a questão da Justiça Juvenil, adolescentes e seus familiares.
Organizado pela Fundação Terre des hommes, em parceria com o Tribunal de Justiça, a Procuradoria Geral de Justiça, a Defensoria Pública Geral do Estado do Maranhão, o Fundo das Nações Unidas para a Infância e Juventude (UNICEF) e a Prefeitura Municipal de São José de Ribamar, O I Seminário Brasileiro de Justiça Juvenil Restaurativa também com o apoio do Ministério da Justiça, por meio da Secretaria de Reforma do Judiciário.
O desafio colocado é o de se promover novos modelos para o enfrentamento de conflitos, bem como do incentivo a uma justiça comprometida com os desejos da comunidade sob a perspectiva da emancipação social.
Fonte: www.seminariobrasileirojjr.com.br
Não dá para ficar calado.
terça-feira, 8 de junho de 2010
Transporte de crianças no carro. Fiscalização em vigor.
As novas regras para transporte de crianças em carros (ver abaixo) já foram aprovadas. São Paulo começa a fiscalizar e multar após 12 de junho.
- Menores de 1 ano:
Devem ser transportados no banco de trás e no equipamento "bebê conforto". - De 1 a 4 anos:
Devem ser colocados nas chamadas cadeirinhas. - Entre 4 e 7,5 anos:
Devem ser colocados em um banquinho elevado, o booster. - Menores de 10 anos:
Não é preciso um equipamento específico, mas as crianças devem estar no banco de trás e usar cinto de segurança.
Não dá para ficar calado.
O Observatório da Infância na Copa do Mundo
Foto: Celso Junior/AE
Dunga demonstrou por duas vezes seu caráter e determinação: ao cumprimentar o presidente Lula com a mão no bolso e ao rejeitar o pedido do ditador do Zimbábue para visita da seleção ao palácio presidencial.
Não dá para ficar calado.
Feia
É triste, incrível e assustador, mas o livro autobiográfico Feia - A história real de uma infância sem amor narra quase de forma didática todos os tipos de violência doméstica que uma criança pode sofrer, praticados pela própria mãe.
Em palestras e entrevistas, é comum perguntarem sobre as diversas formas de maus-tratos praticados por pais contra os filhos. Explico sobre violência física, a negligência, o abuso sexual e a violência psicológica.
Pois no livro Feia (editora Bertrand Brasil), Ugly no original, a autora Constance Briscoe relata como sofreu durante toda a infância e adolescência todas as formas de violência doméstica praticadas por sua mãe e seu padrasto. Constance era o patinho feio - só ela entre os filhos era maltratada violentamente e de forma sádica.
Constance é um exemplo de resistência, luta, determinação, superação. Hoje ela é juíza no Reino Unido. Seu livro já vendeu mais de meio milhão de cópias. O livro é essencial para todos nós.
Não dá para ficar calado.
Em palestras e entrevistas, é comum perguntarem sobre as diversas formas de maus-tratos praticados por pais contra os filhos. Explico sobre violência física, a negligência, o abuso sexual e a violência psicológica.
Pois no livro Feia (editora Bertrand Brasil), Ugly no original, a autora Constance Briscoe relata como sofreu durante toda a infância e adolescência todas as formas de violência doméstica praticadas por sua mãe e seu padrasto. Constance era o patinho feio - só ela entre os filhos era maltratada violentamente e de forma sádica.
Constance é um exemplo de resistência, luta, determinação, superação. Hoje ela é juíza no Reino Unido. Seu livro já vendeu mais de meio milhão de cópias. O livro é essencial para todos nós.
Não dá para ficar calado.
Cuidados na África do Sul
Excelentes os conselhos de Meri Baran, especialista em Saúde Pública, sobre os cuidados que turistas na África do Sul devem tomar. O artigo foi publicado em O Globo de 01/06/2010 e o Observatório da Infância reproduz, abaixo.
Não dá para ficar calado.
CUIDADOS NA ÁFRICA
Milhares de turistas dirigem-se para a África do Sul, mas o viajante que se sente protegido porque recebeu uma dose da vacina contra a Febre amarela pode ter surpresas desagradáveis, pois existem outros riscos. Desfrutar de um safári no Kruger National Park, a mais importante reserva animal da África do Sul, é um programa muito procurado. Este parque é um dos poucos lugares do país que apresenta risco para malária, pois nele foi detectada a presença do mosquito transmissor (Anophelles). A atividade deste mosquito se dá do entardecer ao amanhecer e o pico é durante a madrugada; se a pessoa estiver num hotel que não tenha ar condicionado, nem vedação em janelas e portas, deve usar um mosquiteiro embebido em inseticida (permetrina). Uma das principais preocupações deve ser como se proteger de picadas de mosquitos e carrapatos que podem contaminar o viajante causando, além da malária, outras doenças também graves. Para isso, é aconselhável usar roupas claras, mangas compridas, calça comprida com sapatos e meias (tênis ou botas). Usar repelente nas áreas expostas do corpo à base de DEET ou Icaridina que atua por 10 horas, principalmente se vai percorrer trilhas em matas ou florestas.
São muito importantes os cuidados com o consumo de água e alimentos. Ingerir sempre alimentos de boa procedência, de preferência cozidos e ainda quentes, evitando comer na rua, em vendedores ambulantes. Só beber água mineral com gás que é mais difícil de ser adulterada. É de suma importância lavar as mãos com água e sabão com frequência. É recomendável levar na bolsa o álcool gel a 70% no caso de não ser possível água e sabão. Esta medida tem grande importância em proteger o viajante das doenças transmitidas por água e alimentos contaminados, como a chamada diarreia dos viajantes (gastroenterites), hepatite A, febre tifoide e é também importante proteção contra a influenza (gripe) quer seja a sazonal ou a H1N1(suína).
É importante lembrar que é inverno na África do Sul, estação da gripe. O torcedor vai enfrentar grandes aglomerações humanas com pessoas vindas dos mais diferentes lugares do mundo, e o risco de ser contaminado com o vírus influenza A H1N1 é muito grande. É importante a vacinação aqui no Brasil antes da viagem. Outra vacina que não deve ser descuidada é a vacina contra o sarampo. No ano passado ocorreu importante epidemia de sarampo na África do Sul, e vários países da África neste momento apresentam surtos de sarampo. São cuidados que podem contribuir para uma viagem feliz.
MERI BARAN é médica, especialista em Saúde Pública. E-mail: mbaran@globo.com.
Não dá para ficar calado.
CUIDADOS NA ÁFRICA
Milhares de turistas dirigem-se para a África do Sul, mas o viajante que se sente protegido porque recebeu uma dose da vacina contra a Febre amarela pode ter surpresas desagradáveis, pois existem outros riscos. Desfrutar de um safári no Kruger National Park, a mais importante reserva animal da África do Sul, é um programa muito procurado. Este parque é um dos poucos lugares do país que apresenta risco para malária, pois nele foi detectada a presença do mosquito transmissor (Anophelles). A atividade deste mosquito se dá do entardecer ao amanhecer e o pico é durante a madrugada; se a pessoa estiver num hotel que não tenha ar condicionado, nem vedação em janelas e portas, deve usar um mosquiteiro embebido em inseticida (permetrina). Uma das principais preocupações deve ser como se proteger de picadas de mosquitos e carrapatos que podem contaminar o viajante causando, além da malária, outras doenças também graves. Para isso, é aconselhável usar roupas claras, mangas compridas, calça comprida com sapatos e meias (tênis ou botas). Usar repelente nas áreas expostas do corpo à base de DEET ou Icaridina que atua por 10 horas, principalmente se vai percorrer trilhas em matas ou florestas.
São muito importantes os cuidados com o consumo de água e alimentos. Ingerir sempre alimentos de boa procedência, de preferência cozidos e ainda quentes, evitando comer na rua, em vendedores ambulantes. Só beber água mineral com gás que é mais difícil de ser adulterada. É de suma importância lavar as mãos com água e sabão com frequência. É recomendável levar na bolsa o álcool gel a 70% no caso de não ser possível água e sabão. Esta medida tem grande importância em proteger o viajante das doenças transmitidas por água e alimentos contaminados, como a chamada diarreia dos viajantes (gastroenterites), hepatite A, febre tifoide e é também importante proteção contra a influenza (gripe) quer seja a sazonal ou a H1N1(suína).
É importante lembrar que é inverno na África do Sul, estação da gripe. O torcedor vai enfrentar grandes aglomerações humanas com pessoas vindas dos mais diferentes lugares do mundo, e o risco de ser contaminado com o vírus influenza A H1N1 é muito grande. É importante a vacinação aqui no Brasil antes da viagem. Outra vacina que não deve ser descuidada é a vacina contra o sarampo. No ano passado ocorreu importante epidemia de sarampo na África do Sul, e vários países da África neste momento apresentam surtos de sarampo. São cuidados que podem contribuir para uma viagem feliz.
MERI BARAN é médica, especialista em Saúde Pública. E-mail: mbaran@globo.com.
Adoção por casais gays
Pesquisa Datafolha realizada entre 20 e 21 de maio de 2010 com 2660 pessoas em todo país mostrou que cerca de 40% dos brasileiros aceitam a adoção de crianças por casais homossexuais e que 51% rejeitam. Não creio que a adoção nesses casos seja polêmica. Não pode ser negada a adoção a homens ou mulheres, convivendo juntos ou não, que se disponham a cuidar dessas crianças abandonadas com segurança e amor.
Contudo, é incompreensível que se estabeleça um modelo familiar com dois pais ou duas mães. Isso não existe.
Não dá para ficar calado.
Contudo, é incompreensível que se estabeleça um modelo familiar com dois pais ou duas mães. Isso não existe.
Não dá para ficar calado.
Lei sobre bullying é sancionada no Rio Grande do Sul
Vamos reproduzir o texto da lei para que possa ser aplicado em outros estados. Também no Rio de Janeiro, por lei, as escolas devem adotar medidas de prevenção e combate ao bullying.
Não dá para ficar calado.
PORTO ALEGRE | LEI Nº 10.866, DE 26 DE MARÇO DE 2010.
Dispõe sobre o desenvolvimento de política “antibullying” por instituições de ensino e de educação infantil públicas municipais ou privadas, com ou sem fins lucrativos.
O PREFEITO MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE
Faço saber que a Câmara Municipal aprovou e eu, no uso das atribuições que me confere o inciso II do artigo 94 da Lei Orgânica do Município, sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º As instituições de ensino e de educação infantil públicas municipais ou privadas, com ou sem fins lucrativos, desenvolverão política “antibullying”, nos termos desta Lei.
Art. 2º Para os efeitos desta Lei, considera-se “bullying” qualquer prática de violência física ou psicológica, intencional e repetitiva, entre pares, que ocorra sem motivação evidente, praticada por um indivíduo ou grupo de indivíduos, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidar, agredir fisicamente, isolar, humilhar, ou ambos, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.
§ 1º Constituem práticas de “bullying”, sempre que repetidas:
I – ameaças e agressões físicas como bater, socar, chutar, agarrar, empurrar;
II – submissão do outro, pela força, à condição humilhante;
III – furto, roubo, vandalismo e destruição proposital de bens alheios;
IV – extorsão e obtenção forçada de favores sexuais;
V – insultos ou atribuição de apelidos vergonhosos ou humilhantes;
VI – comentários racistas, homofóbicos ou intolerantes quanto às diferenças econômico-sociais, físicas, culturais, políticas, morais, religiosas, entre outras;
VII – exclusão ou isolamento proposital de pessoas, pela fofoca e disseminação de boatos ou de informações que deponham contra a honra e a boa imagem dessas; e
VIII – envio de mensagens, fotos ou vídeos por meio de computador, celular ou assemelhado, bem como sua postagem em “blogs” ou “sites”, cujo conteúdo resulte em sofrimento psicológico a outrem.
§ 2º O descrito no inc. VIII do § 1º deste artigo também é conhecido como “cyberbullying”.
Art. 3º No âmbito de cada instituição a que se refere esta Lei, a política “antibullying” terá como objetivos:
I – reduzir a prática de violência dentro e fora das instituições de que trata esta Lei e melhorar o desempenho escolar;
II – promover a cidadania, a capacidade empática e o respeito às pessoas;
III – disseminar conhecimento sobre o fenômeno “bullying” nos meios de comunicação, nas instituições de que trata esta Lei e entre os responsáveis legais pelas crianças e adolescentes nestas matriculados;
IV – identificar concretamente, em cada instituição de que trata esta Lei, a incidência e a natureza das práticas de “bullying”;
V – desenvolver planos locais para a prevenção e o combate às práticas de “bullying” nas instituições de que trata esta Lei, por meio de trabalho interdisciplinar;
VI – estimular o protagonismo de crianças, adolescentes e jovens no debate, na conscientização e na construção de estratégias para a diminuição e a superação das práticas de “bullying”;
VII – capacitar os docentes e as equipes pedagógicas para o diagnóstico do “bullying” e para o desenvolvimento de abordagens específicas de caráter preventivo;
VIII – orientar as vítimas de “bullying” e seus familiares, oferecendo-lhes os necessários apoios técnico e psicológico, de modo a garantir a recuperação da autoestima das vítimas e a minimização dos eventuais prejuízos em seu desenvolvimento escolar;
IX – orientar os agressores e seus familiares, a partir de levantamentos específicos, caso a caso, sobre os valores, as condições e as experiências prévias – dentro e fora das instituições de que trata esta Lei – correlacionadas à prática do “bullying”, de modo a conscientizá-los a respeito das consequências de seus atos e a garantir o compromisso dos agressores com um convívio respeitoso e solidário com seus pares;
X – evitar tanto quanto possível a punição dos agressores, privilegiando mecanismos alternativos como, por exemplo, os “círculos restaurativos”, a fim de promover sua efetiva responsabilização e mudança de comportamento;
XI – envolver as famílias no processo de percepção, acompanhamento e formulação de soluções concretas; e
XII – incluir no regimento a política “antibullying” adequada ao âmbito de cada instituição.
Art. 4º As instituições a que se refere esta Lei manterão histórico próprio das ocorrências de “bullying” em suas dependências, devidamente atualizado.
Parágrafo único. As ocorrências registradas deverão ser descritas em relatórios detalhados, contendo as providências tomadas em cada caso e os resultados alcançados, que deverão ser enviados periodicamente à Secretaria Municipal de Educação.
Art. 5º Para fins de incentivo à política “antibullying”, o Município de Porto Alegre poderá contar com o apoio da sociedade civil e especialistas no tema ou entidades, realizando o seguinte:
I – seminários, palestras e debates;
II – orientação aos pais, alunos e professores com cartilhas; e
III – uso de evidências científicas disponíveis na literatura especializada e nas experiências exitosas desenvolvidas em outros países.
Art. 6º As despesas decorrentes da execução desta Lei correrão por conta de dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário.
Art. 7º Na regulamentação desta Lei, serão estabelecidas as ações a serem desenvolvidas e os prazos a serem observados para a execução da política “antibullying”.
Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE, 26 de março de 2010.
José Fogaça,
Prefeito.
Cleci Jurach,
Secretária Municipal de Educação.
Registre-se e publique-se.
Clóvis Magalhães,
Secretário Municipal de Gestão e Acompanhamento Estratégico.
DIÁRIO OFICIAL DE PORTO ALEGRE
(Edição 3732 – Segunda-feira, 29 de Março de 2010/3)
Não dá para ficar calado.
PORTO ALEGRE | LEI Nº 10.866, DE 26 DE MARÇO DE 2010.
Dispõe sobre o desenvolvimento de política “antibullying” por instituições de ensino e de educação infantil públicas municipais ou privadas, com ou sem fins lucrativos.
O PREFEITO MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE
Faço saber que a Câmara Municipal aprovou e eu, no uso das atribuições que me confere o inciso II do artigo 94 da Lei Orgânica do Município, sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º As instituições de ensino e de educação infantil públicas municipais ou privadas, com ou sem fins lucrativos, desenvolverão política “antibullying”, nos termos desta Lei.
Art. 2º Para os efeitos desta Lei, considera-se “bullying” qualquer prática de violência física ou psicológica, intencional e repetitiva, entre pares, que ocorra sem motivação evidente, praticada por um indivíduo ou grupo de indivíduos, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidar, agredir fisicamente, isolar, humilhar, ou ambos, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.
§ 1º Constituem práticas de “bullying”, sempre que repetidas:
I – ameaças e agressões físicas como bater, socar, chutar, agarrar, empurrar;
II – submissão do outro, pela força, à condição humilhante;
III – furto, roubo, vandalismo e destruição proposital de bens alheios;
IV – extorsão e obtenção forçada de favores sexuais;
V – insultos ou atribuição de apelidos vergonhosos ou humilhantes;
VI – comentários racistas, homofóbicos ou intolerantes quanto às diferenças econômico-sociais, físicas, culturais, políticas, morais, religiosas, entre outras;
VII – exclusão ou isolamento proposital de pessoas, pela fofoca e disseminação de boatos ou de informações que deponham contra a honra e a boa imagem dessas; e
VIII – envio de mensagens, fotos ou vídeos por meio de computador, celular ou assemelhado, bem como sua postagem em “blogs” ou “sites”, cujo conteúdo resulte em sofrimento psicológico a outrem.
§ 2º O descrito no inc. VIII do § 1º deste artigo também é conhecido como “cyberbullying”.
Art. 3º No âmbito de cada instituição a que se refere esta Lei, a política “antibullying” terá como objetivos:
I – reduzir a prática de violência dentro e fora das instituições de que trata esta Lei e melhorar o desempenho escolar;
II – promover a cidadania, a capacidade empática e o respeito às pessoas;
III – disseminar conhecimento sobre o fenômeno “bullying” nos meios de comunicação, nas instituições de que trata esta Lei e entre os responsáveis legais pelas crianças e adolescentes nestas matriculados;
IV – identificar concretamente, em cada instituição de que trata esta Lei, a incidência e a natureza das práticas de “bullying”;
V – desenvolver planos locais para a prevenção e o combate às práticas de “bullying” nas instituições de que trata esta Lei, por meio de trabalho interdisciplinar;
VI – estimular o protagonismo de crianças, adolescentes e jovens no debate, na conscientização e na construção de estratégias para a diminuição e a superação das práticas de “bullying”;
VII – capacitar os docentes e as equipes pedagógicas para o diagnóstico do “bullying” e para o desenvolvimento de abordagens específicas de caráter preventivo;
VIII – orientar as vítimas de “bullying” e seus familiares, oferecendo-lhes os necessários apoios técnico e psicológico, de modo a garantir a recuperação da autoestima das vítimas e a minimização dos eventuais prejuízos em seu desenvolvimento escolar;
IX – orientar os agressores e seus familiares, a partir de levantamentos específicos, caso a caso, sobre os valores, as condições e as experiências prévias – dentro e fora das instituições de que trata esta Lei – correlacionadas à prática do “bullying”, de modo a conscientizá-los a respeito das consequências de seus atos e a garantir o compromisso dos agressores com um convívio respeitoso e solidário com seus pares;
X – evitar tanto quanto possível a punição dos agressores, privilegiando mecanismos alternativos como, por exemplo, os “círculos restaurativos”, a fim de promover sua efetiva responsabilização e mudança de comportamento;
XI – envolver as famílias no processo de percepção, acompanhamento e formulação de soluções concretas; e
XII – incluir no regimento a política “antibullying” adequada ao âmbito de cada instituição.
Art. 4º As instituições a que se refere esta Lei manterão histórico próprio das ocorrências de “bullying” em suas dependências, devidamente atualizado.
Parágrafo único. As ocorrências registradas deverão ser descritas em relatórios detalhados, contendo as providências tomadas em cada caso e os resultados alcançados, que deverão ser enviados periodicamente à Secretaria Municipal de Educação.
Art. 5º Para fins de incentivo à política “antibullying”, o Município de Porto Alegre poderá contar com o apoio da sociedade civil e especialistas no tema ou entidades, realizando o seguinte:
I – seminários, palestras e debates;
II – orientação aos pais, alunos e professores com cartilhas; e
III – uso de evidências científicas disponíveis na literatura especializada e nas experiências exitosas desenvolvidas em outros países.
Art. 6º As despesas decorrentes da execução desta Lei correrão por conta de dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário.
Art. 7º Na regulamentação desta Lei, serão estabelecidas as ações a serem desenvolvidas e os prazos a serem observados para a execução da política “antibullying”.
Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
José Fogaça,
Prefeito.
Cleci Jurach,
Secretária Municipal de Educação.
Registre-se e publique-se.
Clóvis Magalhães,
Secretário Municipal de Gestão e Acompanhamento Estratégico.
DIÁRIO OFICIAL DE PORTO ALEGRE
(Edição 3732 – Segunda-feira, 29 de Março de 2010/3)
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