É impossível não pensar, não falar ou escrever sobre política nesse momento de eleições. Nós que ao longo de muitos anos nos organizamos em defesa dos direitos da criança à uma infância feliz, que tanto lutamos e tanto sofremos quando vemos crianças e adolescentes abandonados, envolvidas no tráfico de drogas, dependentes do crack, vítimas do abuso sexual e dos maus tratos que muitas vezes levam a graves sequelas ou à morte, nós que as vemos crescendo sem atendimento médico universal, amplo e preventivo, sem a atenção psicológica e pedagógica tantas vezes muito necessárias, que as vemos nascerem de mães que nem pré-natal fizeram e que nem as queriam e crescendo sem carinho, sem afeto, sem limites, que as vemos se desenvolvendo em áreas sem o saneamento básico indispensável, sem programas de médicos de família, sem informação de seus direitos, nós que as muitas vezes as vemos crescendo a assaltar, a matar em vez de brincar, estudar e se preparar para competir por um emprego, para formar uma família, para viver livre, nós que as vemos escolherem a rua como melhor opção ao próprio lar e que sabemos, porque é isso o que acontece, que em breve muitas sairão das ruas, mortas ou presas, nós que sabemos que crianças estão crescendo sem atenção, sem cuidados até para evitar acidentes e sobretudo sem o tempo de seus pais e que a elas também pertence, nós que ajudamos a elaborar o Estatuto da Criança e do Adolescente nos idos de 1988 e que hoje o vemos sendo esquecido, criticado e sequer sem ser cumprido por aqueles que detêm o poder, nos artigos mais básicos, que vemos que nem os Conselhos Tutelares, espaços fundamentais, previstos por lei para a proteção de crianças e adolescentes são prestigiados pelos governos, nós que sabemos de tudo isso, nos revoltamos e com a voz um tanto embargada perguntamos: após quase 8 anos de governo Lula (e dos 4 anos da maioria dos governos estaduais), que legado importante, básico, estruturante deixou para o seu sucessor, na área da infância e adolescência? Não falamos aqui de ações e inaugurações de efeitos fugazes.
E nós que sabemos de tudo isso, não sem esperanças, mas desconfiados, calejados, indagamos: será que daqui a 4 ou 8 anos escreveremos mais uma vez decepcionados o mesmo artigo de hoje?
E nós que sabemos de tudo isso, não sem esperanças, mas desconfiados, calejados, indagamos: será que daqui a 4 ou 8 anos escreveremos mais uma vez decepcionados o mesmo artigo de hoje?
Lauro Monteiro
Editor
Um comentário:
Eu evitei ler este post.Mas não consegui.
Quer saber minha opinião?Tenha certeza, é parcial, limitada e curta,mas vem de uma observação pessoal.
Temos, primeiramente, para mudar a politica do país, reunir as pessoas em torno de algo que as motive, que seja importante.No meu ponto de vista, a escola publica.Porquê?
Porque as pessoas deixaram de se importar, e precisam ser reeducadas nesse sentido.Reclamam, mas não fazem nada acontecer.
A escola é a intituição mais próxima onde um indivíduo pode exercer seus direitos, expor suas opiniões e participar socialmente em projetos positivos, para a infância, a sociedade e para o futuro.Se você refletir, é o mesmo que fazem com as igrejas hoje.As pessoas sem poder nenhum, buscam isso nos ministérios, esse espaço de ser e atuar, por isso que tem tanta igreja no nosso pais.
Não sei se me fiz entender.
Mas um país que não privilegia a educação de qualidade, que é a obrigação dos governantes,não vai com certeza garantir dignidade a ninguém.
Quanto ao estatuto, como aplicar?
Cade o recurso do governo?Num país com tantos recém formados em áreas de educação e saúde, não temos empregos junto aos orgãos publicos para esses formandos?Pessoas que aceitariam um cargo publico, mesmo que mal pago.
Tudo porque o povo parou de pensar e de lutar.Porque não aprendeu a ser cidadão, nem no primário, nem indo á escola...
bjo
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