quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Você é a favor ou contra o uso da pílula do dia seguinte? Sempre ou só no Carnaval?

O arcebispo de Recife e Olinda decidiu entrar na Justiça para impedir que a prefeitura distribuísse pílula do dia seguinte no período de Carnaval. A Igreja considera essa pílula abortiva. O Ministro da Saúde aconselha o seu uso.
A Igreja reconhece que o seu uso pode ser legal, mas é imoral. O Ministro da Saúde afirma que a distribuição de pílulas é caso de saúde pública e não religioso.
Penso que a Igreja deve restringir suas ações, suas orientações e suas recomendações aos católicos. Não pode decidir e exigir (muito menos pela Justiça), por toda a sociedade, o padrão de comportamento que lhe parece adequado. Por outro lado, é estranhável que a distribuição desses contraceptivos pela Prefeitura de Recife e Olinda, ocorra apenas no Carnaval. Se, como diz o Ministro Temporão, a distribuição de pílulas do dia seguinte faz parte do protocolo do Ministério da Saúde, por que não distribuí-las sempre?
Hoje, já foi divulgado que o Ministério Público, em 28/01, não acatou o pedido da Igreja contra a distribuição da pílula. Contudo, a Igreja conseguiu um estranho parceiro. A Associação de Defesa dos Usuários de Seguros, Planos e Sistemas de Saúde (ADUSEPS), que também entrou na Justiça no dia 29/01, pedindo a suspensão da distribuição das pílulas no Carnaval. A médica ginecologista Renê Patriota coordenadora-executiva da Associação afirma que seu uso pode causar danos à saúde da mulher (sic).
Hoje, 31/01, foi noticiado que o Juiz da 7ª Vara da Fazenda Pública de Recife, José Viana Ulisses Filho, indeferiu a liminar solicitada pela referida Associação. Enfim, uma boa novela.
Como estratégia de marketing, o Ministro da Saúde José Gomes Temporão marcou mais um ponto. Cutucou a Igreja, que respondeu através de dom José Cardoso Sobrinho, arcebispo de Recife/Olinda. A Justiça provocada decidiu por duas vezes. A imprensa gosta disso mesmo.
No final das contas Temporão abriu o caminho para mostrar através de campanhas continuadas que AIDS e gravidez na adolescência são, como ele mesmo diz, questões realmente de saúde.
Não dá para ficar calado.

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