quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Abandono escolar e marginalidade

Alguns dados importantes sobre educação foram comentados pela Folha de São Paulo nos últimos dias. Crônica de Gilberto Dimenstein, em 27/01/08, informa que "existem apenas 10 mil analfabetos entre os 3,9 milhões de trabalhadores com carteira assinada na cidade de São Paulo. Traduzindo os números: a chance de um analfabeto entrar no mercado formal portanto é zero. Mais precisamente, 0,2%".
Por outro lado a Folha, em editorial de 26/01, baseando-se em dados do Pnad 2006 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio - IBGE), dovilgou que dos "34 milhões de jovens de 18 a 29 anos domiciliados nas cidades brasileiras, 21,8% têm o curso fundamental incompleto - ou seja, não concluíram a 8ª série - e 2,4% são formalmente analfabetos". Os cálculos parecem mostrar portanto que há cerca de 750 mil jovens formalmente analfabetos no país.
A análise dos dados do Pnad feita pela Folha, permitiu, segundo a matéria, também quebrar também alguns preconceitos. Como por exemplo, que o jovem deixa de freqüentar a escola porque precisa trabalhar e sustentar a família. A realidade atual é que esse é o caso de apenas 17% do 1,7 milhão de jovens entre 15 e 17 anos que abandonou os estudos. 44% dos que não estudam mais nessa faixa etária, também não trabalham e 4 em cada 10 deixaram a escola porque não viam perspectivas de conseguirem um bom emprego.
Outra idéia preconcebida é que a adolescente abandona a escola por causa da gravidez. "A realidade é que boa parte dessas ex-estudantes já se evadira quando engravidou", afirma a Folha.
A conclusão do editorial é dramática. "Entre os que não estudaram e os que estudaram por um período insuficiente, o país está produzindo uma nova geração de marginalizados".
Num país como o Brasil, capitalista, altamente competitivo, consumista e onde a desigualdade predomina, podemos afirmar que concordamos com o editorial da Folha.
Não dá para ficar calado.

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