sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Mutum

O filme Mutum, de Sandra Kogut, é imperdível. Se você estiver a fim de ver um filme leve e distraído, não vá. O drama é contundente, mobilizador, de uma violência monótona, irritante, de um silêncio revelador de verdades que penetram profundamente no expectador.
Ambientado no sertão de Minas Gerais, é um retrato de um Brasil esquecido pelas ações públicas de promoção da saúde, da educação, do lazer, do convívio comunitário, enfim, de tudo que compete aos governos.
Mas por incrível que pareça, uma atividade fisiológica os personagens têm: alimentam-se saudavelmente (sobretudo o patriarca, machão, insensível, violento – mas muito trabalhador). Seria isso uma demonstração irônica da diretora de que os programas governamentais Fome Zero e Bolsa Família, isoladamente, não resolvem quase nada?
Prepare-se. Você sairá irritado do cinema mas não conseguirá esquecer o filme e logo a irritação será transformada em revolta ou, no mínimo, em uma, infelizmente, contida indignação.
Não dá para ficar calado.

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