Com o título acima, a Folha SP reproduziu texto publicado no The New York Times. O artigo reforça a importâcia do combate ao bullying nas escolas para evitar consequências sérias para os que sofrem as agressões. Enfatiza que aqueles que praticam o bullying nas escolas frequentemente continuam a fazer o mesmo no ambiente de trabalho. O artigo cita matéria de A. O. Scott publicado no Times e cita também o livro "The Bully Society", de Jessie Klein. Faz referência a uma pesquisa do Workplace Bullying Institute e estudos publicados na revista "Psychology Today".
É importante mostrar como o bullying vem preocupando os americanos. Entre nós, avançamos muito no combate ao bullying escolar. De uma forma um tanto ridícula e falsa, políticos e até ministro do Superior Tribunal de Justiça alardeiam que sofrem bullying. Pelo menos mantêm o tema em evidência.
Confira, abaixo, a matéria na íntegra:
Pondo fim à praga do “bullying”
A criança atormentada muitas vezes se torna um adulto atormentado.
Em todo o mundo, governos tentam pôr fim a uma cultura de bullying que pode começar na escola e continuar no local de trabalho
Eles aterrorizam os recreios das escolas, extorquem o dinheiro do almoço e ridicularizam seus colegas por causa da aparência, da posição social ou da capacidade. Alguns usam os punhos, outros ameaçam com palavras.
Seja como for, a praga da prepotência, conhecida como “bullying” em inglês, há muito tempo é considerada um rito de passagem inevitável para os jovens. “É coisa de crianças”, dizem os adultos.
Ultimamente, porém, o “bullying” está recebendo mais atenção. Segundo especialistas, os prepotentes podem infligir danos emocionais duradouros a suas vítimas. Eles também podem, quando adultos, dominar locais de trabalho com a mesma agressividade cruel.
Em uma resenha no “Times”, A. O. Scott escreveu que o filme “documenta uma mudança de consciência, do tipo que ocorre quando indivíduos isolados e oprimidos descobrem que não são os únicos e começam o difícil trabalho de modificar condições intoleráveis geralmente consideradas normais”.
O documentário, que se concentra nas dificuldades de cinco famílias, revela adultos desorientados. Depois que Alex, um jovem de 14 anos de Sioux City, Iowa, conta que foi humilhado e agredido em um ônibus escolar, um diretor negligente diz que as crianças são “meninos de ouro”.
Existem motivos críticos para prestar mais atenção no problema. Umdeles é citado em uma resenha no “Times” do livro “The Bully Society”, de Jessie Klein. O livro cita um estudo do Serviço Secreto dos EUA segundo o qual 71% dos que praticaram tiroteios nas escolas tinham sido vítimas de “bullying”.
Klein culpa as culturas “hipermasculinas” por contribuir para a prepotência. “Em vez do leque de emoções ao alcance das meninas, os meninos só têm permissão para sentir raiva e são incentivados a controlar os outros sentimentos.” Mas Klein também mostra que as garotas cultivam sua própria forma de “bullying”.
Parte desse comportamento pode ser levado para a idade adulta. Mickey Meece citou no “Times” um estudo do Workplace Bullying Institute que afirma que 60% dos prepotentes no local de trabalho eram homens. Mas, dos 40% de mulheres prepotentes, 70% dominavam outras mulheres.
“Fui sabotada tantas vezes no trabalho por outras mulheres que deixei o mundo corporativo”, disse Roxy Westphal, que fundou sua própria empresa no Arizona.
Independentemente do gênero, o “bullying” no trabalho cobra um preço alto. A revista “Psychology Today” citou estudos conectando a prepotência no trabalho a problemas de saúde e suicídios.
Alguns governos, como o da Nova Zelândia, aprovaram leis contra a agressividade no local de trabalho. E muitas empresas estão implementando filtros mais duros nas entrevistas de empregos para descobrir os tipos de personalidades prepotentes. O Google, por exemplo, tem uma estrita política de “zero malucos”.
Mas o que os torna malucos? Sam Goldstein, professor de psicologia na Universidade de Utah, afirmou que os “bullies” da infância vêm de “um ambiente familiar conflituoso” e muitas vezes sofrem problemas emocionais mais tarde na vida.
O doutor Goldstein pede programas mais abrangentes que trabalhem com carrascos e vítimas, assim como as famílias, para impedir que os prepotentes façam mal aos outros e a si mesmos.
Fonte: Folha de São Paulo
segunda-feira, 21 de maio de 2012
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