terça-feira, 25 de maio de 2010

Por que nasci se não me queriam?

Fico sabendo pelos jornais que hoje, 25/05 é o Dia Nacional da Adoção. Progressos houve nos últimos anos em relação ao processo de adoção. Contudo, o grande nó na questão é que as crianças disponíveis para a adoção não são aquelas que os pretendentes querem. É incrível: há no Brasil 4.888 crianças para serem adotadas e 27.430 candidatos para adotar. Não é difícil imaginar por que isso ocorre, mas o assunto precisa ser aprofundado. O tema adoção é o mais frequentes nos e-mails que o Observatório da Infância recebe. Muitos querem adotar e alguns querem doar seus filhos que ainda nascerão. A maioria dos que escrevem ao Observatório da Infância não sabem como proceder, acham o processo de adoção muito lento e muitos acabam fazendo a adoção ilegal.

Creio que erros graves na seleção dos adotantes não sejam frequentes. O caso da procuradora de Justiça do Rio de Janeiro seguramente é uma excessão. Mas serão excessões também as situações absurdas de pais adotantes que devolvem ou querem devolver os seus filhos adotados? O fato é que as situações de crianças abandonadas nas ruas, em matagais e em locais de riscos, por pais que não as querem, ou ainda crianças abandonadas em abrigos por também não serem queridas, ferem a sensibilidade de todos nós.

Se ouvidas, essas crianças diriam coisas assim: "Por que nasci se não me queriam? Não pude escolher, mas aqueles que me geraram puderam. E agora? Me abandonam logo que nasço, me largam nas ruas, me maltratam, me humilham. O mínimo que fazem é não cuidar de mim, não me dar atenção. Porque esses adultos quiseram ter filhos? E se não queriam (e não me queriam), por que tiveram?".

Não dá para ficar calado.

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