quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

O parto anônimo para evitar o abandono de bebês.

No Observatório da Infância e no nosso blog, temos dado destaque ao abandono frequente de recém-nascidos pelas suas mães. A criança não desejada é largada à própria sorte nas vias públicas, em lixeiras, em terrenos baldios, em banheiros e até mesmo nas águas da Lagoa da Pampulha. Questionamos sobre quantas crianças morrem sem serem acolhidas, quantas morrem abortadas e, por fim, quantas vão crescer juntos a mães e que não as querem.
Temos escrito sobre a solução, para muito polêmica, de ser permitido a essas mães deixarem seus filhos anomimamente na própria maternidade ou, também anominamente, as entregarem ao Juizado da Infância e da Juventude.
Lemos agora, em O Estado de São Paulo de 21/02/08, reportagem sobre o tema. O Instituto Brasileiro de Direito da Familia (IBDFAM) vai encaminhar no próximo dia 03 de março para o Congresso Nacional um anteprojeto para regulamentar o parto anônimo. Como se poderia esperar, alguns já se colocaram contra o projeto, considerando a idéia anacrônica, inócua e incentivadora do abandono. Em enquete realizada no Estadão de 21/02/08, 52% dos leitores aprovaram a proposta do parto anônimo, 15% acharam que a mãe tem que ter responsabilidade sobre o filho e 32% acham que a lei do parto anônimo é inócua, porque a legislação atual já dá direito ao pré-natal e à entrega do filho para adoção.
O abandono anônimo do recém-nascido já é, segundo a reportagem, adotado nas Áustria, França, Itália, Bélgica, Luxemburgo e em 28 dos 5o estados norte-americanos. Na reportagem, o Juiz da Vara da Infância e da Juventude em São Miguel Paulista (SP) considerou que "a medida é benéfica para adolescentes que, por precisarem se identificar, se sentem intimidadas nos hospitais desde o pré-natal". E conclui: "Hoje, para não se identificarem e não carregarem o estigma de terem aberto mão do filho, elas deixam a criança na rua".
Estamos de acordo com as decisões já tomadas naqueles citados países. Discordamos do Juiz da Vara da Infância de São José Paulista apenas no seguinte: não são só as adolescentes que procedem daquela maneira. São muitas as mulheres que não querem seus filhos e, por não saberem de outra opção, os abandonam em qualquer lugar.
Leia também sobre o tema:
Abandono de bebês: Medo, sentimento de culpa, desinformação...
Há mães que realmente não querem seus filhos
Não quer seu filho? Abandone-o nos braços de quem o deseja.

Não dá para ficar calado!

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