quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
O casos Matilde e Timothy
Outro exemplo de comportamento altamente condenável foi o do Reitor UnB Timothy Mulholland. Leia o artigo "Reitor da UnB gasta 470 mil reais no seu apartamento funcional com recursos da Universidade." de 08/02/08, no nosso blog.
Mais incompreessível ainda foi a postura do respeitável Senador e ex-reitor da UnB, Cristovam Buarque. À coluna de Dora Kramer do O Estado de São Paulo de 23/02/08 ele afirma: "Quero pedir desculpas por não ter sido compreendido quando fiz minha clara (eu pensava) declaração de que a decisão do reitor de ter apartamento funcional e, ainda pior, mobiliá-lo com produtos de luxo era um crime contra as prioridades, mesmo que seja do ponto de vista jurídico, legal.""Se não me fiz entender, a culpa é minha. Este é um grave defeito para um professor." - diz o Senador, que reafima sua intenção não de "defender a ilegalidade", mas de apontar o crime como contra a ética das prioridades, "o que no Brasil não é considerado ilegal".
Deu pra entender agora? Então o que o reitor fez (desvio de recursos da Finatec destinados à universidade, para uso pessoal, para compra de bens de consumo e de luxo (e quem sabe se superfaturados), não é considerado ilegal, mas apenas fere a ética das prioridades?
Outro belo exemplo para a nossa juventude.
Você concorda que a ex-ministra Matilde só cometeu leves falhas administrativas e que o reitor Mulholland apenas agiu contra a ética das prioridades? Pois eu não, acho que nos dois casos houve desvio de recursos em benefício próprio, por autoridades de grande representatividade na sociedade.
Não dá para ficar calado.
O parto anônimo para evitar o abandono de bebês.
Temos escrito sobre a solução, para muito polêmica, de ser permitido a essas mães deixarem seus filhos anomimamente na própria maternidade ou, também anominamente, as entregarem ao Juizado da Infância e da Juventude.
Lemos agora, em O Estado de São Paulo de 21/02/08, reportagem sobre o tema. O Instituto Brasileiro de Direito da Familia (IBDFAM) vai encaminhar no próximo dia 03 de março para o Congresso Nacional um anteprojeto para regulamentar o parto anônimo. Como se poderia esperar, alguns já se colocaram contra o projeto, considerando a idéia anacrônica, inócua e incentivadora do abandono. Em enquete realizada no Estadão de 21/02/08, 52% dos leitores aprovaram a proposta do parto anônimo, 15% acharam que a mãe tem que ter responsabilidade sobre o filho e 32% acham que a lei do parto anônimo é inócua, porque a legislação atual já dá direito ao pré-natal e à entrega do filho para adoção.
O abandono anônimo do recém-nascido já é, segundo a reportagem, adotado nas Áustria, França, Itália, Bélgica, Luxemburgo e em 28 dos 5o estados norte-americanos. Na reportagem, o Juiz da Vara da Infância e da Juventude em São Miguel Paulista (SP) considerou que "a medida é benéfica para adolescentes que, por precisarem se identificar, se sentem intimidadas nos hospitais desde o pré-natal". E conclui: "Hoje, para não se identificarem e não carregarem o estigma de terem aberto mão do filho, elas deixam a criança na rua".
Estamos de acordo com as decisões já tomadas naqueles citados países. Discordamos do Juiz da Vara da Infância de São José Paulista apenas no seguinte: não são só as adolescentes que procedem daquela maneira. São muitas as mulheres que não querem seus filhos e, por não saberem de outra opção, os abandonam em qualquer lugar.
Leia também sobre o tema:
Abandono de bebês: Medo, sentimento de culpa, desinformação...
Há mães que realmente não querem seus filhos
Não quer seu filho? Abandone-o nos braços de quem o deseja.
Não dá para ficar calado!
Adoção de crianças índias.
A FUNAI acha que filhos de índios só devem ser adotados por famílias índias, em razão das diferenças culturais. O juiz da Vara da Infância e Adolescência discorda: "Menores de idade são menores, não importa a raça. Qualquer um que esteja sofrendo maus-tratos tem que ser assistido. A destituição do vínculo familiar e a seguida adoção, são medidas perfeitamente legais".
A administradora da FUNAI é categórica: "O que não vou admitir é ver o Conselho Tutelar recolhendo indiozinhos e os colocando à disposição do Judiciário".
A matéria foi divulgada no Estado de São Paulo de 9 de fevereiro de 2008. E você, o que acha?
Não dá para ficar calado!
Que coisa mais linda, a Natasha!
Sua mãe, Martinha, de 38 anos, vai todos os dias à escola também, para ajudar Natasha a subir a escada, lanchar e ir ao banheiro. A escola, com 700 alunos, não tem rampa de acesso e descumpre o decreto federal 5296, de 2004, que determina que os estabelecimentos de ensino, públicos ou privados, proporcionem condições de acesso e utilização de todos os seus ambientes para pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
A Secretaria de Estado de Educação promete tomar providências.
Seu filho está vacinado?
O relatório do Ministério da Saúde aponta que só seis capitais tiveram índices de imunização considerados satisfatórios de imunização em 2006.
São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, não cumpriram as metas para a maior parte das vacinas que devem ser aplicadas em crianças até 1 ano. A meta de cobertura vacinal mínima prevista pelo Ministério da Saúde é de 95%. No Rio de Janeiro a cobertura foi de apenas 55,6% para hepatite B, 56,9% para difteria, coqueluche, tétano e doenças causadas pelo haemophillus influezae e para a proteção contra sarampo, rubéola e caxumba.
Em razão da enorme importância do Programa Nacional de Imunização, é de se esperar informações e esclarecimentos sobre as possíveis falhas que estão ocorrendo.
Clique aqui para conhecer o calendário de vacinação no Brasil, ou acesse o site do Observatório da Infância.
Não dá para ficar calado.
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
Há mães que realmente não querem seus filhos.
Estas situações remetem sempre à necessidade de enfrentar o abandono de forma mais objetiva. Não é possível que crianças recém nascidas corram risco de morrer, largadas em qualquer lugar, quando poderiam estar sendo entregues aos Juizados da Infância e da Juventude.
Estas três crianças acima citadas nasceram não desejadas, foram abandonadas e acolhidas. E quantas deixaram de nascer em abortos clandestinos? Quantas morreram ao serem abandonadas nas ruas? E quantas, talvez a maioria, estão vivendo junto a mães que não as querem?
Não dá para ficar calado.
Infanticídio ritualístico entre índios brasileiros
É inacreditável que esse crime conta a infância não tenha até agora sido uma prioridade da Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República.
Não dá para ficar calado.
Abuso sexual no esporte
Na seção A Semana e com o título "O caso Joanna Maranhão", a Revista Isto É de 20/02/08 opina sobre o abuso sexual sofrido pela nadadora Joanna Maranhão, no meu entender, com julgamento apriorístico e demonstrando desconhecimento do tema.
A pedofilia é freqüente no mundo inteiro. As vítimas são crianças e adolescentes de baixa idade. O abusador é uma pessoa aparentemente normal e que goza da confiança e da amizade da vítima e de sua família.
As crianças não contam o que ocorreu por sentimento de vergonha e culpa. Quando falam não são acreditadas. Em apenas 15% dos casos o abuso sexual de crianças deixa marcas físicas que poderiam servir como prova. Testemunhas geralmente não há. Então as crianças se calam, sofrem e só conseguem falar quando alguém as escuta e acredita nelas. Tudo indica que foi o que aconteceu com Joanna. Ao contrário do que afirmou a revista: "Acusações desse tipo, sem provas são levianas porque destroem a vida de quem é acusado", penso que devemos parabenizar, apoiar e incentivar a nadadora Joanna. Assim como já fizeram muitas pessoas conhecidas em vários países (Oprah Winfrey, por exemplo), ela com a sua coragem está servindo de exemplo e alerta para muitas crianças e seus pais. Aliás, como já está acontecendo em Recife: duas outras alunas do mesmo professor também já contaram o abuso sexual que teriam sofrido.
Não dá para ficar calado.
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
Reitor da UnB gasta 470 mil reais no seu apartamento funcional com recursos da Universidade.
Mas nada me chocou mais do quer ler em O Globo de hoje que o reitor da conceituada Universidade de Brasília Timothy Mulholland gastou 470 mil reais na compra de móveis e utensílios para seu apartamento funcional. É inacreditável que com o dinheiro do povo este senhor tenha comprado ou autorizado a compra, entre outros itens, de um saca-rolhas por 859 reais, três lata de lixo por 990 reais cada uma e um fogão por 7.100 reais. Qualquer dona de casa de classe média, suspeitaria pelos absurdos valores citados na reportagem, que o caso é muito sério e que vai muito além do agora quase singelo uso de cartões corporativos.
Timothy Mulholland. Foto: Jornal da UNICAMP
Não dá para ficar calado.
A pílula do dia seguinte em Olinda e Recife
Restou a lembrança do forte lobby da Igreja de Pernambuco contra a pílula do dia seguinte e a persistência da saúde pública em evitar a gravidez não desejada.
Não dá para ficar calado.