terça-feira, 18 de março de 2008

Bolsa-Família se expande para atingir 1,7 milhão de adolescentes de 16 e 17 anos.

O início, no dia 17/03, do pagamento do Bolsa-Família para adolescentes de 16 e 17 anos possibilitou diversas reportagens e artigos a respeito. A Folha de São Paulo de 18/03 destaca que o benefício é dado a sete meses das eleições a jovens que já podem votar. É lógico que o governo nega qualquer intenção eleitoreira. O governo afirma que o objetivo é reduzir a evasão escolar com os 30 reais por mês, repassados à família por cada filho naquela faixa etária e que frequentam a escola.
O Estado de São Paulo de 18/03 mostra números e entrevistas. Sandra Cristina dos Santos, uma das beneficiadas pelo novo bônus de 30 reais, em entrevista ao jornal, conta sua história: "Vai servir para pagar a conta de luz, que fica nessa faixa de preço. É uma ajuda para a gente. Mas a gente sabe que é para ganhar voto, e isso é péssimo, porque assim que passar a eleição isso acaba. Estamos careca de saber."
Educadores entrevistados acham que a medida pode ajudar, mas que isoladamente não funciona.
Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação afirma: "A melhor propaganda (do governo Lula) seria a participação radical da União em educação básica de qualidade. Essa propaganda o governo Lula, infelizmente, não pode fazer."
Realmente esclarecedor é o artigo de Ali Kamel , "Ao presidente", em O Globo de 18/03. Nele, Kamel afirma que o presidente Lula por duas vezes respondeu aos seus comentários. Na última vez, Lula, ao reagir à crítica de que uma mulher beneficiada havia comprado uma geladeira a prazo com o recurso recebido, afirmou que isso é normal porque "Não fizemos (ainda) o nosso programa de renovação de geladeira que vamos fazer, se Deus quiser". Kamel mostra que o programa Bolsa-Família tem como finalidade maior, combater a fome. O governo afirma que há (ou havia) 44 milhões de pessoas passando fome no país, mas Kamel, baseado em critérios da ONU, mostra que deve haver muito menos, talvez algumas centenas de milhares de pessoas, em uma população de 180 milhões de brasileiros. Finalmente, em discursos Lula aponta para a melhora na vida dos pobres e pergunta, referindo-se ao Bolsa-Família: "Isso não é distribuição de renda? Isso não é investimento sadio?" Na opinião de Kamel isso é distribuição de renda, mas não é um investimento sadio. O Bolsa-Família transfere a renda que alguns produzem para outros. Portanto, distribui, mas não gera renda. Pode aumentar artificialmente o consumo, mas não a produção. E é um fenômeno que cessará de imediato, se o programa for suspenso: Os pobres serão eternamente dependentes do governo para continuar a comprar eletrodoméstico. O que faz um país crescer não é o aumento do consumo, mas da produção. E finaliza Kamel: "Num país pobre como o nosso, mas sem fome, investimento saudável é aquele que gera crescimento sustentável e cidadãos independentes: educação."
Leia também o artigo Adolescentes passam a ganhar 30 reais por mês, em nosso blog.
Não dá para ficar calado.


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