quarta-feira, 13 de abril de 2011

Injustiça contra os filhos adotivos

Reproduzo aqui e-mail recebido no Observatório da Infância. Estou de pleno acordo com o Ricardo Medeiros.

Também estranhei a divulgação pela mídia do fato de ser o autor da chacina de Realengo filho adotado. O despreparo de alguns jornalistas é fato marcante. Infelizmente nosso espaço para reclamar, reagir e quem sabe corrigir é muito limitado. Não dá para ficar calado.


Injustiça contra os filhos adotivos

Um crime bárbaro aconteceu no Rio de Janeiro na semana passada. A imprensa correu para mostrar todos os detalhes, e a informação de que seu autor era filho adotivo logo foi dada. Qual a razão disso? Não acrescentou nada à notícia. Não esclareceu, não elucidou, não informou e não ajudou. Muito pelo contrário. Inúmeros casos ocorrem em que filhos biológicos cometem atrocidades, mas nunca se faz referência a essa condição.

Em 2002, Suzane Richtofen arquitetou o assassinato dos próprios pais, e a questão de ser filha biológica não foi levantada - e nem deveria. Por outro lado, ser pai ou filho adotivo nos casos de crimes fantásticos é mencionado de rotina nos meios de comunicação. Trata-se única e exclusivamente de um preconceito. E preconceito que é alimentado toda vez que o fato vem à tona. Certamente faz algumas pessoas hesitarem na hora de adotar um filho. Além disso, atinge a todos os adotivos, particularmente aqueles que estão começando a lidar com esse importante aspecto de suas vidas; que estão formando suas personalidades, época de questionamentos inimagináveis para a maioria das pessoas.

No Brasil não é permitido colocar o termo "adotivo" no registro de nascimento de qualquer pessoa. O mesmo deveria ser feito com relação a determinadas notícias que são veiculadas nos meios de comunicação. Enquanto isso não acontece, toda a mídia poderia refletir e fazê-lo por conta própria. Os filhos e pais adotivos agradeceriam a iniciativa.

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