quarta-feira, 13 de abril de 2011

No Brasil um doente mental pode passar toda a vida sem tratamento

Finalmente uma opinião equilibrada sobre a chacina de Realengo. Políticos em nada e a própria mídia em quase nada estão colaborando para prevenir situações como essa. Leia o artigo abaixo.

Não dá para ficar calado.


O que pensam os especiais sobre o "monstro"?

Meu email ficou lotado com a tragédia de Realengo. Mas não de amigos horrorizados com o absurdo da situação ou questionando a segurança pública. Foi de mães, parentes e jovens portadores de necessidades especiais mentais que comigo conviveram quando coordenei a parte de comunicação da campanha do Romário. Me vendo como um elo entre eles e a imprensa, desabafaram e cobraram muiiito da imprensa. São depoimentos emocionantes. Confesso que levei dois dias para postar algo no face, porque o que aconteceu é uma barbárie e indefensável. Mas o que eles cobram é o que ainda não foi dito nas coberturas: a atitude, ao longo dos anos, da escola e dos parentes. No caso da escola, percebendo que ele era diferente - e esta percepção está em vários depoimentos de colegas e professores - não envolveram a família, a rede de saúde pública e a própria secretaria de educação, para que o jovem fosse acolhido e tratado, a fim de se evitar tal tragédia. No caso dos parentes do jovem, o total abandono, desde que nasceu, filho de mãe com problemas mentais - a questão genética já era um indício de que o menino tinha de ser monitorado. Mesmo sabendo - e foi o que o irmão admitiu, que ele tinha um comportamento estranho - não foi além de marcar uma consulta com um psicólogo.

Diz uma mãe: "Incluir dá trabalho, nos toma o tempo que nunca temos, dói, nos rasga a alma por dentro. Na sociedade com pressa para o sucesso, ninguém acolhe". Também há mensagens de jovens especiais que conheci e cujas mentes, desorganizadas em momentos de estresse, se questionavam se um dia, por serem especiais, poderiam fazer o mesmo. "Acho que no fundo, por ser meio esquisito, sou um monstro. Não paro de pensar que posso causar mal a alguém", relatou um jovem, jogando por terra anos e anos de conquistas no seu desenvolvimento na saúde mental. E aí, aliada a outra experiência recente que tive quando preparei um material para divulgação (não do Romário, a quem não mais atendo) sobre o Dia Mundial de Consciência do Autismo, percebi que o poder público pode e deve manter uma rede de educação e saúde - aliás, todos os órgãos - interligados na comunicação de casos de deficientes mentais. Na cidade que divulgo, é impressionante como cada caso de especial é detalhadamente conhecido por todos os órgãos. Vi uma diretora de escola ligar para o responsável pelas clínicas odontológicas públicas pedindo para que se pensasse em desenvolver uma escova de dente com cabo anatomicamente adaptado aos autistas mais graves, pois não tinham coordenação motora e hoje, depois de anos de conquista, eles já tentavam escovar os dentes sozinhos, tendo dificuldade apenas em segurar o cabo. Lá há centenas de autistas e esquizofrênicos gravíssimos, mas todos estão inclusos e monitorados.

Concordo com Fábio Lau quando diz "O assunto deve ser tratado com profundidade porque há de servir de alerta. A questão está em diagnosticar. E talvez este seja o maior pecado".

Vamos ficar passivos diante de tamanha monstruosidade em Realengo nos limitando a nos horrorizar e detalhar as cenas de barbárie ou vamos cobrar das autoridades públicas e das escolas o acolhimento obrigatório por parte deles?

O "monstro" já está morto. Mas uma política pública eficaz ainda nem nasceu.

Por: Leila Magalhães

Injustiça contra os filhos adotivos

Reproduzo aqui e-mail recebido no Observatório da Infância. Estou de pleno acordo com o Ricardo Medeiros.

Também estranhei a divulgação pela mídia do fato de ser o autor da chacina de Realengo filho adotado. O despreparo de alguns jornalistas é fato marcante. Infelizmente nosso espaço para reclamar, reagir e quem sabe corrigir é muito limitado. Não dá para ficar calado.


Injustiça contra os filhos adotivos

Um crime bárbaro aconteceu no Rio de Janeiro na semana passada. A imprensa correu para mostrar todos os detalhes, e a informação de que seu autor era filho adotivo logo foi dada. Qual a razão disso? Não acrescentou nada à notícia. Não esclareceu, não elucidou, não informou e não ajudou. Muito pelo contrário. Inúmeros casos ocorrem em que filhos biológicos cometem atrocidades, mas nunca se faz referência a essa condição.

Em 2002, Suzane Richtofen arquitetou o assassinato dos próprios pais, e a questão de ser filha biológica não foi levantada - e nem deveria. Por outro lado, ser pai ou filho adotivo nos casos de crimes fantásticos é mencionado de rotina nos meios de comunicação. Trata-se única e exclusivamente de um preconceito. E preconceito que é alimentado toda vez que o fato vem à tona. Certamente faz algumas pessoas hesitarem na hora de adotar um filho. Além disso, atinge a todos os adotivos, particularmente aqueles que estão começando a lidar com esse importante aspecto de suas vidas; que estão formando suas personalidades, época de questionamentos inimagináveis para a maioria das pessoas.

No Brasil não é permitido colocar o termo "adotivo" no registro de nascimento de qualquer pessoa. O mesmo deveria ser feito com relação a determinadas notícias que são veiculadas nos meios de comunicação. Enquanto isso não acontece, toda a mídia poderia refletir e fazê-lo por conta própria. Os filhos e pais adotivos agradeceriam a iniciativa.

O bullying na mídia

A chacina de Realengo levou o bullying para a mídia com intensidade. Isso é bom para repercutir o episódio e divulgar o tema para toda a sociedade. Mas é necessário atentar para o fato de o bullying sofrido na infância e juventude pelo homem de 23 anos que assassinou a tiros 12 crianças, é um dos fatores causais. É necessário antes de tudo dar destaque ao fato de um doente mental como ele não ter sido nunca tratado. As autoridades não podem fugir dessa realidade e a sociedade tem que ser informada da realidade. De toda forma a divulgação do bullying é fundamental para que as escolas sejam levadas a realmente se informarem sobre o assunto e se responsabilizarem pela prevenção, antes de tudo, e pelo combate ao bullying. Hoje em O Globo podemos ler a reprodução de frase do assassino: "A luta pela qual muitos irmãos no passado morreram, e eu morrerei, não é exclusivamente pelo que é conhecido como bullying". Também em O Globo o colunista Zuenir Ventura escreve sobre a tímida existência de prevenção do bullying nas escolas: "Fala-se pouco em combater, por meio de um controle rígido com inspetores e câmeras, esse provedor de ódio que é o bullying". Não dá para ficar calado.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Pesquisa da ABRAPIA sobre bullying

Em 2002, a ABRAPIA (Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência) aplicou uma pesquisa sobre bullying na cidade do Rio de Janeiro, envolvendo
5.337 alunos da 5ª à 8ª série do Ensino Fundamental de 11 escolas, sendo que 9 públicas e 2 particulares.


A qualidade técnica da pesquisa foi garantida pela participação do IBOPE.


Certos do pioneirismo da divulgação do tema bullying no Rio de Janeiro, e talvez no Brasil, e da importância daquela pesquisa também pioneira no Brasil, a equipe coordenada pelo Dr. Aramis Lopes Neto dedicou-se apaixonadamente ao trabalho. O resultado do amplo trabalho realizado foi publicado no livro (esgotado) "Diga NÃO ao bullying".


Não dá para ficar calado.


Hoje que estamos sendo intensamente procurados pela imprensa sobre o tema bullying e sobre o resultado da pesquisa, acho oportuno dar algumas informações básicas. Os resultados da pesquisa estão divulgado no site Observatório da Infância (http://www.observatoriodainfancia.com.br/).


Repassamos aqui apenas alguns dados da pesquisa para estímulo dos que se interessarem.

A idade média da população avaliada foi de 13,47 anos. Admitiram ter sido alvos de bullying 16.9%. 57% admitiu ter sido testemunha do bullying. Na pesquisa praticamente não houve predomínio de sexo. Ao contrário de outras pesquisas o local mais frequente para a prática do bullying foi a sala de aula (60.2%). Os tipos mais frequentes de bullying foram apelidar (54.2%) e agredir (16.1%).


Além do pioneirismo da pesquisa cujos resultados levaram ao início de uma divulgação intensa pela mídia brasileira do tema , hoje já impregnado na sociedade, é importante destacar o aspecto universal dos resultados. O bullying é universal e independe do país , da classe social ou das condições econômicas.


Reforço aqui o que tenho dito: o bullying escolar (school place bullying) ocorre na escola e é lá que tem que ser prevenido antes de tudo e tratado. Todas as crianças têm o direito de ter uma infância feliz e faz parte dela boas recordações da escola.


Não dá para ficar calado.

Tabagismo: uma doença pediátrica

O médico oncologista, do INCA, Roberto Gil, escreveu importante artigo que foi divulgado hoje 12/4 em O Globo. No artigo o médico desafia a sociedade a entender o mal que o tabaco faz a todos e à nossa infância e adolescência em especial. Afirma ele com conhecimento que o grande alvo da propaganda do fumo pela indústria tabagista são os jovens. Isso é perverso! Na medida em que adultos já conscientes do mal causado pelo fumo deixam seu vício a indústria criminosamente conquista os jovens consumidores. O tabagismo é um vício com enorme poder de destruição da saúde. Não permita que seu filho seja alcançado pela indústria tabagista ávida de lucros a qualquer preço. E para nós pediatras fica o desafio de ajudarmos a prevenir a série enorme de doenças causadas pelo vício de inalar substâncias tóxicas e comprovadamente cancerígenas. Não dá para ficar calado.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Entrevista de psiquiatra americano sobre violência nas escolas

O jornal O Globo publicou em 10 de abril uma importante entrevista com o psiquiatra americano Frank Ochberg, consultor do FBI e que orientou a direção da escola Columbine após o massacre 1999.

Sua fala é uma excelente orientação para as autoridades e os formadores de opinião aqui no Brasil, após a chacina de Realengo. Destacamos alguns pontos:

"Em todos os países do mundo a escola é segura, e mesmo a chance de ser morto pelo ataque de um psicopata é mais provável longe da escola".

"Temos que criar uma cultura de confiança e deixar para trás o código de silêncio que faz com que os alunos nunca relatem problemas ou situações de perigo a um adulto. Esta foi uma das grandes mudanças nos EUA após Columbine."

"Os detectores de metal são exceção. Em geral, aqui nos EUA, a resposta a esse tipo de incidente foi mais ampla, mais humanista."

"Se os procedimentos preventivos ajudarem a lidar com o bullying, já é uma boa coisa. Pode não prevenir chacinas, mas é uma boa coisa."

Não dá para ficar calado.

Wellington não foi o único doente mental sem tratamento no Brasil

Não é necessário fazer a dissecação do tema à exaustão para se concluir, por tudo que a mídia divulgou com detalhes, que o assassino de 12 crianças em escola no Realengo, era um psicopata não tratado em nenhum momento de sua vida de 24 anos.

Por que ele não foi tratado? Essa é a grande questão que envolve a responsabilidade da sociedade e sobretudo dos governos. Tudo indica que ele sofreu bullying na escola. Que sua mãe era alcoólatra e o abandonou. São múltiplas situações de perdas e de agressões com as quais ele conviveu durante toda a infância e adolescência.

Mas todas essas perdas não explicam e muito menos justificam a chacina. De nada adianta autoridades o classificarem de animal ou monstro. Não adianta responsabilizar as armas de fogo. São manobras diversionistas que desviam realmente a atenção de todos do problema maior: a inexistência de acesso, precoce e continuado, ao tratamento psiquiátrico, para todos os que dele precisam no Brasil. Talvez essa tragédia não tivesse ocorrido.

Não dá para ficar calado.

Ter filhos não é bricadeira

Ter filhos é assumir um compromisso, às vezes, muito difícil de ser cumprido e para toda a vida.

O que se dirá de um casal ter trigêmeos por fertilização in vitro? E agora?

Ter filhos é um decisão a ser tomada sem egoísmo, sem vaidade e com total consciência da responsabilidade a ser assumida. E antes de tudo pessoas não podem ter filhos ou adotá-los como solução para preencher suas lacunas afetivas.

Não dá para ficar calado.

Escolas podem ser condenadas a indenizar vítimas de bullying

Noticiou-se a punição pela Justiça brasileira de escolas onde crianças sofreram bullying. Isso não chega a ser novidade. Em muitos países as escolas têm sido condenadas a indenizar ex-alunos que foram vítimas de bullying.

Muitas escolas já se garantem contra condenações indenizatórias por conta de bullying, fazendo seguros. E a maioria das escolas já estão bem informadas sobre a existência do bullying e a necessidade de sua prevenção.

A vigilância constante para evitar uma situação tão frequente é fundamental. Cabe à escola proteger seus alunos, geralmente fragilizados e indefesos, contra o bullying.

O Observatório da Infância já vem divulgando com destaque essa realidade. Leia artigo sobre o assunto, publicado no nosso site.

Não dá para ficar calado.

Crianças de 6 anos usando sutiã é condenável

O Observatório da Infância recebeu vários e-mails pedindo opinião sobre o uso de sutiãs por crianças de 6 anos. A moda é, logicamente, introduzida pelos pais.

Todas as crianças devem viver, no seu tempo, as diversas fases da infância e da adolescência. Pular etapas por irresponsabilidade dos pais ou oportunismo de negociantes, é condenável. A puberdade só costuma ser iniciada por volta dos 12 anos. E mesmo após o surgimento dos primeiros sinais de desenvolvimento das mamas nas meninas, a maioria ainda continua com uma sexualidade infantil.

Não dá para ficar calado.

Filme para ver, rever e discutir em grupo


O filme dinamarquês da diretora Suzane Bier, "Em um mundo melhor" (Haevnen - In a Better World) é imperdível.

Alguns críticos destacaram as situações de bullying muito bem mostradas no filme. Por isso o filme já deveria ser visto. Mas ele vai muito além do registro de cenas. O que deve preocupar a todos nós é como prevenir a violência, que é comum em todos os países e como reagir diante dela. A mensagem é de paz.

Não dá para ficar calado.

Agrotóxicos no leite materno

Passou meio desapercebida a notícia sobre uma pesquisa da Universidade de Mato Grosso, que evidenciou que o leite materno das mulheres da cidade de Lucas do Rio Verde, está contaminado por agrotóxicos. A Andef (Associação Nacional de Defesa Vegetal), segundo a imprensa, afirmou desconhecer os detalhes da pesquisa.

O problema é sério por não se saber sobre sua extensão e pelas possíveis consequências: abortos espontâneos, má-formação fetal e câncer. O assunto merece maior repercussão.

Não dá para ficar calado.

Autismo, nem tudo é azul

Este é o título do artigo de Cecília Mello publicado do dia 1 de abril na Folha de São Paulo. A sua leitura é obrigatória para todos nós. Confira abaixo.


Autismo, nem tudo é azul

O encarceramento de um autista é desastroso e talvez seja injusto, levando-se em conta que ele poderá não ter a consciência prévia do que fez.

Matéria recente do jornal americano "The Washington Post" causou impacto, por ser parte das preocupações das famílias de autistas. O júri de Stafford (Virgínia), considerou Reginald, 19, autista, culpado por agredir um policial e recomendou dez anos e meio de prisão. Uma mulher, sentada no plenário -que não era sua mãe-, soluçou.

Ela só chorou quando entrou no carro; havia ido aos julgamentos do dia e, ao ouvir a decisão, fez um paralelo entre o réu e o filho James, 17, também autista. Ele poderia ter feito a mesma coisa, disse, mostrando hematomas em seu corpo causados pelo filho, que, sem controle, entrara em estado de violência.

As causas do autismo -transtornos globais do desenvolvimento, caracterizados por alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e de comunicação e por repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo- continuam a ser objeto de amplo debate. Só os fatores genético e hereditário parecem ser consenso.

Mas o que pouco se debate é o crescente número de crianças autistas, que se tornam adultas e devem viver em sociedade. Há uma taxa de 1/110 para o espectro autista, sendo 1/70 quando avaliado o sexo masculino.
Não há um autismo, mas "transtornos do espectro do autismo", dadas a variedade e a complexidade de comprometimento. Há pessoas com retardo mental e total incapacidade de comunicação, mas há pessoas verbais, inteligentes, com excelente grau de autonomia. E mais de 50% não apresentam restrição global de QI.

Entretanto, o sofrimento é a dificuldade de interação social, pois, a par da insuficiência e até da impossibilidade de comunicação verbal, a comunicação não verbal é sempre prejudicada. Mesmo nos autistas de alto funcionamento e nos que têm síndrome de Asperger (forma mais branda de autismo), a interpretação literal e a redução de entendimento do implícito, da linguagem visual, gestual e corporal, enfim, estão presentes.

Há mais: estereotipias motoras, de fala, rejeição ao contato físico, dificuldade de fixação do olhar, necessidade de rotina, sofrimento em alterá-la e a enorme angústia de ter a consciência de ser diferente. Por fim, mas não tudo, a autoagressão.

Diagnóstico precoce, acompanhamento médico, terapias cognitivas e corporais, com inclusão escolar e estímulo das habilidades, podem assegurar grandes melhoras, proporcionando até autonomia e integração social plenas.
Uma busca nas decisões criminais dos nossos tribunais pouco revelou. Estarão os autistas recebendo o justo julgamento pela "inadequação" de comportamento? Estarão sendo diagnosticados? As medidas de segurança estarão adequadas? E a execução? Qual o desfecho dessa história?

O encarceramento de um autista é desastroso. Pior, talvez seja injusto, considerando que ele poderá não ter a consciência prévia e lógica do resultado do ato que praticou. O soluço daquela mãe é a síntese: o sentimento de distância entre os aspectos reais de doença psíquica de alta incidência e larga variação e o despreparo da sociedade para lidar com o ajuste entre diferentes segmentos da população. O choro era de medo: pelo despreparo da sociedade para agir e reagir.

Por comodidade ou desconhecimento, a decisão isolou um autista do segmento definido como sadio para juntá-lo a outro, o dos delinquentes, que tiveram a intenção ou assumiram o risco de cometer crimes cuja significação conheciam.
Quantos autistas serão injustiçados para que a sociedade se sinta mais segura, antes de constatar que a correção pode ser questão médica, de educação e inclusão social?

Amanhã, no Dia Mundial do Autismo, cidades estarão iluminadas de azul, cor símbolo do autismo. Mas nem tudo é azul.

Cecília Mello é juíza federal do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, mãe de um Asperger de 19 anos, estudante de direito, é associada-fundadora da ONG Autismo & Realidade.

Depressão pós-parto

Matéria publicada em A Folha de São Paulo de 9 de abril destaca, com base em artigo publicado na conceituada revista norte americana "Pediatrics", que o risco de depressão pós-parto é maior para mães de gêmeos.

É importante destacar que a depressão pós parto é uma doença que leva a mãe a um grande sofrimento. A doença deve ser tratada com medicamentos que impõem a suspensão do aleitamento materno.

A respeito, a reportagem reproduziu uma frase exemplar : "é melhor dar a mamadeira sorrindo do que o peito chorando". Recentemente, uma cliente no consultório em situação similar me perguntou: "Mas o que acontecerá com minha filha se eu suspender meu leite?" Respondi: "Nada. Ela será feliz da mesma maneira."

Não dá para ficar calado.

Tragédia atômica e os "hibakusha"

A atual tragédia que se abateu sobre o Japão já teve precedentes. A destruição de duas cidades japonesas, Hiroshima em 6 de agosto de 1945 e Nagasaki em 9 de agosto de 1945, pelos norte-americanos e as consequências da irradiação sobre os sobreviventes é bem descrita no livro "O último trem de Hiroshima" de Charles Pellegrino (Leya). Morreram 150 mil japoneses no que foi chamado de "Jigoku" (inferno). Os sobreviventes das bombas de radium e plutônio que assistiram ao "Pikadon"(pika-clarão e don-explosão), passaram a ser discriminados por estarem contaminados pelas irradiações. Eram os "Hibakusha".

Hoje a imprensa voltou a falar nesses possíveis contaminados, não vítimas de uma dos grandes horrores da Segunda Guerra Mundial, mas de fenômenos da natureza. Não deixem de ler o livro citado acima.

Não dá para ficar calado.

Nova pesquisa sobre bullying

O Jornal de Pediatria, órgão oficial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), publicou no número 1/2011 importante artigo sobre bullying com o título "Prevalência e características de escolares vítimas de bullying".

O estudo foi realizado com 1075 estudantes de Pelotas(RS). Foi utilizado o questionário da instituição inglesa Kidscape. O trabalho evidencia o aspecto universal do bullying.

Confira o resultado do estudo em http://www.jped.com.br/conteudo/port_resumo.asp?varArtigo=2131&cod=2

A autora, Dra. Luciana de Ávila Quevedo divulga seu e-mail para correspondência: lu.quevedo@bol.com.br

Não dá para ficar calado.

Livro infantil recomendado

O Observatório da Infância recebeu da Geração Editorial o livro infantil "Segredo segredíssimo", de autoria de Odívia Barros com ilustrações de Thais Linhares. Trata ele de forma simples e objetiva da necessidade de a criança vítima de abuso sexual intra- familiar, contar sobre o que está acontecendo com ela. Recomendo para crianças, pais e educadores. Não dá para ficar calado.