terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Faustão troca bullying por bulimia. Ato falho?

Não vi mas fui informado por seguidores do blog e por e-mails que Faustão, a maior audiência da TV Globo, chamou bullying de bulimia (ato compulsivo de ingerir alimentos chegando ao vômito).

Considerando a enorme assistência do programa a TV Globo deveria corrigir o provável ato falho do animador, na realidade um grande desserviço à informação.

Não dá para ficar calado.

Dependentes químicos em clínica dos horrores

Em São Paulo, clínica para tratamento de dependentes químicos está sendo acusada de espancamento, cárcere privado, castigos,fome e choques elétricos. Um garoto de 11 anos, dependente de crack estava entre os pacientes internados.

Falta de vigilância associada à ganância e irresponsabilidade.

Não dá para ficar calado.

Gêmeos morrem afogados

Em São Paulo, dois gêmeos de cinco anos morreram afogados em uma piscina. Eles estavam em processo de adoção por um casal que detinha a guarda provisória. Os dois já estavam mortos quando os responsáveis os acharam.

Após 1 ano de idade o afogamento é uma causa importante de mortes de crianças. Crianças devem ser vigiadas todo o tempo. O assunto deve ser discutido: acidente ou negligência?

Não dá para ficar calado.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Suicídio: tema-tabu

Diariamente, 25 pessoas põem fim a suas vidas no Brasil. O número de tentativas de suicídio supera o de mortes em pelo menos dez vezes.

Na cidade de Campinas, SP, em cada cem habitantes 17 já haviam pensado em se matar e três efetivamente tentaram o suicídio.

Os dados acima foram divulgados no artigo "Tragédia silenciosa",do psiquiatra Neury José Botega, publicado em 6/12/2010 na Folha SP.

É lamentável que, apesar da realidade, o suicídio ainda seja um tema-tabu para a sociedade em geral e para os meios de cumunicação em particular.

Não dá para ficar calado.

A divulgação do bullying na imprensa

É impressionante o interesse da mídia pelo bullying. Somente eu tenho dado três entrevistas por semana sobre o tema. Mas há muitos profissionais que estão fazendo palestras pelo Brasil, promovendo reuniões e sendo procurados pela imprensa. O que está ocorrendo é muito bom. Lembro-me de que,quando em 2002 comecei a falar sobre bullying, havia rejeição até pela palavra, um evidente anglicismo. Há pouco anos atrás o bullying era praticamente desconhecido no Brasil. Hoje já se nota um exagero e até um desvirtuamento do termo. Qualquer violência contra criaças, especialmente na escola,tem sido chamado de bullying. Não é assim.

O bullying escolar (school place bullying) é uma situação de violência continuada de alguns alunos contra outros que não têm como se defender e sofrem muito com a discriminação e o isolamento que lhes é imposto por alguns com a complacência da maioria.

Falamos de bullying na escola, mas ele pode ocorrer no ambiente de trabalho (work place bullying) ou em qualquer instituição. Nesses casos é geralmente chamado de assédio moral. O cyber bullying, ou seja o bullying através da internet ou até do telefone celular (mobile bullying), pode envolver alunos de uma mesma escola, mas não se trata propriamente do bullying escolar. Por outro lado há várias outras formas de violência na escola, que não podem ser caracterizadas como bullying.

Não dá para ficar calado.

A infância e o governo Lula

"Em relação à atenção dada à infância brasileira, como você avalia os quase oito anos de governo Lula?"

Esta foi a pergunta feita na última pesquisa de opinião do Observatório da Infância. 58% considerou ruim ou péssimo(25%) e 42% bom ou ótimo(11%). Votaram 747 visitantes do site.

Não dá para ficar calado.

Morte absurda e evitável de menina de 12 anos


Em São Paulo, uma menina de 12 anos, Stephanie, morreu porque aplicaram na sua veia 50 ml de vaselina líquida. Ela estava recebendo hidratação venosa em um hospital da Santa Casa e o frasco de vaselina líquida foi confundido por uma auxiliar de enfermagem com o frasco de soro fisiológico. Os frascos, pelas fotografias publicadas nos jornais, são em tudo idênticos.

Fiquei perplexo e revoltado com o ocorrido. Em toda minha vida como pediatra em hospital de emergência nunca sequer ouvi falar de uma situação como essa. Vi sim muitos erros serem cometidos mas jamais o absurdo de gotejar vaselina líquida em uma veia. A embolia gordurosa provocada pelas gotículas de gordura mataram a menina Stephanie. Que hospital é esse que guarda juntos frascos idênticos de soro fisiológico e de vaselina líquida?

Não resta dúvida que a auxiliar de enfermagem foi induzida ao erro. Indo mais longe no raciocínio, será que a menina não poderia ter sido hidratada via oral em residência? O fato é que uma criança de 12 anos morreu por apresentar "dor de barriga e vômitos" causados por provável virose. Mas ela não morreu por nenhuma doença. Morreu em consequência de erros inadmissíveis.

Como médico sinto-me envergonhado e revoltado.

Não dá para ficar calado.

*Foto: Reprodução / TV Globo