terça-feira, 6 de outubro de 2009

Copacabana Sitiada

Pela sua importância, reproduzo o artigo do jornalista Mauro Franco, editor do Jornal Posto Seis.

Não dá para ficar calado



Copacabana Sitiada

Estamos mudando nossa vida, nossos hábitos. Já evitamos andar por certas ruas, virar algumas esquinas, evitar certos horários, frequentar nosso comércio habitual, ir em certos locais, em decorrência da insegurança gerada pela população de rua. Alguns moradores nem saem mais à noite de suas casas temerosos pelo preciso encontro com aquele ou aquela agressiva pedinte que esmola e rouba em pontos habituais, conhecidos pelas autoridades.

Aquela já não é mais a nossa rua. Naquele ponto de ônibus não podemos mais pegar ou saltar para irmos ou voltarmos onde precisamos estar diariamente. Aquele horário da missa já não dá mais para ir. Enfim, esse nosso bairro já não mais nos pertence - nós, moradores que o mantemos, pagamos os impostos que contribuem para a sociedade.
Pontos comuns com os mesmos meliantes, conhecidos por todos nós, continuam nos achacando pedindo trocado, comida, salgadinho, fralda, leite, lata de refrigerante, enfim, tudo que possa servir de escambo para a famigerada droga. Há relatos de diversos alunos que tiveram que mudar suas rotinas para não serem mais molestados por esses indivíduos. Alguns já não podem mais sair de casa sozinhos, nem mesmo frequentar suas próprias ruas, pois sempre precisam "pagar o pedágio" para que fiquem livres. Quando não dão, perdem cadernos escolares, livros, material didático para seu aprendizado. Já imaginou o que é para este jovem e seus pais perceberem que se tornou impossível estudar naquela escola, já que nem mais ali conseguem chegar?
É lamentável por parte da população que insiste em dar coisas para a população de rua. Será que ela ainda não percebeu que esse trocado vai servir para comprar a faca que servirá para o assalto e até mesmo o assassinato de um jovem, idoso ou turista? Será que essa pessoa ainda não se conscientizou que ela está sendo conivente com este futuro crime?

E por parte da polícia e Guarda Municipal? Até quando teremos que relatar nestas páginas e nas reuniões das associações de moradores que as ruas Barata Ribeiro, Raimundo Corrêa, Leopoldo Miguez, Júlio de Castilhos, Barão de Ipanema, Dias da Rocha e até mesmo a Avenida Nossa Senhora de Copacabana se tornaram insuportáveis ao entardecer, principalmente nos domingos e feriados? O final de semana do feriado de 7 de setembro foi tenebroso em questão de segurança pública em Copacabana. Durante esses três dias tivemos diversos pequenos delitos realizados na esquina da Rua Barão de Ipanema com Av.N.S.de Copacabana, sequestro, assassinato. Em uma das situações uma adolescente que voltava de uma aula particular foi abordada pela já conhecida garota de rua que fica entre as ruas Raimundo Corrêa e Barão de Ipanema com agressão verbal, intimidação por faca, mas deu a sorte de entrar numa padaria e aguardar seus pais a buscarem. Resultado: não quer mais andar na rua e está com sério problema psicológico, deixando até de ir às aulas normais, portanto perdendo provas do bimestre. Quem vai arcar com este e outros problemas? O Estado? Se todos os moradores o acionarem por este problema, certamente estará falido em tempo recorde.

Até quando vamos ter que aguentar a corrupção e o assistencialismo político sem que nada seja feito para modificar este tenebroso quadro que nos ataca em nosso cotidiano? Se esta situação continuar assim, em menos tempo do que se espera não teremos mais a sociedade organizada e sim regiões tomadas por bárbaros/selvagens que não têm noção de civilidade, trabalho, honra.

Mauro Franco

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