terça-feira, 30 de junho de 2009
Chora, bebê!
Também na Argentina, as crianças são usadas por políticos em campanha. O bebê da foto, sabiamente, reage chorando à demagogia de Kirchner.
Veja a série "Demagogia às custas de crianças":
Não dá para ficar calado.
STJ: "As adolescentes de 12, 13 anos já eram prostitutas conhecidas".
É tão absurda a decisão que só cabe perguntar quem são, onde e como vivem, o que pensam, como convivem com a família e a sociedade esses cidadãos togados?
Não dá para ficar calado.
"Bolsa Ditadura"
Um livro imperdível sobre o que ocorreu em todos os países europeus após a Segunda Guerra Mundial é "Pós Guerra: uma história da Europa desde 1945", do historiador Tony Judt, editado pela Objetiva, 880 páginas.
Não dá para ficar calado.
Perguntas de uma jornalista.
- O que é um "pedófilo ocasional"?
- O que é "efebofilia"?
- Qual a diferença do sociopata pro pedófilo?
- Qual seria a melhor forma de explicar para uma criança sobre o "bom" e o "mal" toque? Como abordar esse assunto tão delicado, mas necessário, com essa criança?
- Qual a melhor forma de alertar as crianças com mais de 5 anos sobre sua segurança pessoal e sobre as principais situações de risco? Como conversar sobre isso com elas? Elas entendem? Será que não assustaríamos elas?
- Qual a sua opinião sobre a punição aos pedófilos no Brasil? O Sr. apoiaria, por exemplo, um cadastro de pedófilos no Brasil na Internet, como ocorre nos EUA (Megan Law)? E o rastreamento dos mesmos? O Sr. seria a favor da castração química? Se sim ou não, por que?
- O Sr. acha que os pedófilos deveriam ficar presos em hospitais psiquiátricos?
Não dá para ficar calado.
Senado. Vejam as charges que fariam a vergonha de qualquer cidadão de bem.
terça-feira, 23 de junho de 2009
No Pará, 25 mil denúncias (sic) de abuso sexual de crianças e adolescentes
Como sempre, a miséria, o apelo ao consumo, a ignorância e a baixa escolaridade, a baixíssima auto estima e a negligência e abandono dos pais, tornam as vítimas frágeis diante das ações criminosas de pedófilos, psicopatas, machistas e sem caráter.
Segundo a matéria, a Assembléia Legislativa do Estado do Pará criou uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre o assunto, no final de 2008, e já recebeu mais de 25 mil denúncias (vou repetir: mais de 25 mil denúncias!), inclusive contra um ex deputado estadual e até contra o irmão da governadora Ana Julia Carepa (PT). É bom recordar que no estado do Pará, na cidade de Abaetetuba, uma adolescente de 15 anos foi estuprada várias vezes ao ser colocada em cadeia, com vários presos. O caso teve repercussão nacional e foi enfocado aqui no site. (Leia a Notícia Comentada e veja o resultado de uma pesquisa sobre o assunto.)
Tudo isso é inaceitável e merece pronunciamento da governadora Ana Julia Carepa e medidas urgentes e de médio prazo para prevenir a violência sexual contra crianças do Pará. É uma vergonha para o Brasil.
Não dá para ficar calado.
Paula Oliveira, mitomaníaca, segue em tratamento psiquiátrico
Continua internada em clínica psiquiátrica em Zurique, Suíça, a brasileira que, há três meses atrás, simulou um ataque neonazista, que lhe teria causado várias lesões e interrompido sua pseudo gravidez (Leia a notícia.). Trata-se de um caso de mitomania, uma doença psiquiátrica. Talvez o caso mais conhecido nos tempos atuais de mitomania foi o que o ocorreu em uma pequena cidade francesa, próxima de Genebra, Suíça, em janeiro de 1993, quando Jean Claude Romand matou a mulher e os dois filhos, quando sentiu a possibilidade de ter a sua farsa (que durou 18 anos) descoberta. (Veja o filme e livro que contam a história.)
Independente de alguma punição pelo que fez, e antes de tudo, não pode ser esquecido que Paula Oliveira, de 27 anos, é uma doente psiquiátrica. Ela teve o objetivo de aferir algum lucro? Talvez. De toda forma é uma mitomaníaca.
Veja também "Por que as pessoas mentem?", matéria da revista Época
Não dá para ficar calado.
terça-feira, 16 de junho de 2009
Filme indicado. "A morte inventada: Alienação parental"
O documentário é fundamental para o entendimento de uma situação que é frequente e que muito mal faz aos filhos de pais separados. Infelizmente ele não destaca uma realidade: a alienação parental da mãe pelo pai, enfatizando apenas a alienação da figura paterna. Contudo, a definição de uma das depoentes corrige em parte essa falha: "alienação parental é alterar a percepção da criança sobre o outro genitor (pai ou mãe), fazendo com que a criança passe a odiar o outro genitor" (pai ou mãe).
Acesse os textos do Observatório da Infância sobre o tema:
- Síndrome de Alienação Parental (Artigo)
- Alienação parental e saúde (Caso exemplar)
- Filhos da Ausência (Indicação de livro)
- Falsa denúncia de abuso sexual (Caso exemplar)
- Pais separados, guarda compartilhada (Artigo)
- Filhos de pais separados (Seção do Observatório da Infância)
- "Fui abusada pelo meu pai", "Falsa denúncia de abuso sexual", "Violência sexual". (Artigo)
- Falsas denúncias de abuso sexual infantil (Caso exemplar)
Não dá para ficar calado.
terça-feira, 9 de junho de 2009
Pesquisa do Senado sobre o projeto de redução da maioridade penal
Não dá para ficar calado.
Lula, Jobim e a leitura de jornais
terça-feira, 2 de junho de 2009
Cotas raciais e sociais
Abaixo, transcrevemos a entrevista da antropóloga Yvonne Maggie, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiros) e duas "Cartas dos Leitores" que se seguiram à entrevista. Uma de apoio, outra de condenação.
O GLOBO: O sistema de cotas é apresentado como forma de criar oportunidades iguais para todos. A senhora discorda. Por quê?
YVONNE MAGGIE: Porque ele faz parte de leis raciais que querem implantar no Brasil. E elas são inconstitucionais. A Constituição Federal proíbe criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. A do Estado do Rio também. Estou defendendo o estatuto jurídico da nação brasileira, com base no fato de que raça não pode ser critério de distribuição de justiça. Raça é uma invenção dos racistas para dominar mais e melhor.
Que critério usaram para criar tal sistema?
YVONNE: Surgiu no governo de Fernando Henrique Cardoso, propondo cotas para negros ou pardos, hoje chamados de afrodescendentes, sob o critério estatístico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Mas isso não significa que as pessoas se identifiquem com aquilo. Nós, brasileiros, construímos uma cultura que se envergonha do racismo.
Mas existe racismo no Brasil, não?
YVONNE: Eu nunca disse que não há racismo aqui. Mas não somos uma sociedade racista, pois não temos instituições baseadas em lei com critério racial. É interessante ver que o Brasil descrito nas estatísticas foi tomado como verdade absoluta. Há uma espécie de alucinação coletiva. Uma coisa é dizer que o Brasil é um país desigual, com uma distância muito grande entre ricos e pobres. Outra coisa é atribuir isso à raça.
Quais os motivos para a criação de leis raciais no país?
YVONNE: Outra alucinação: a de que a forma de combater a desigualdade no Brasil deve ser via leis raciais. Elas propõem dividir o povo brasileiro em brancos e negros. Há quem diga que o povo já está dividido assim. Digo que não. Afinal, 35% dos muito pobres no Brasil se definem como brancos. Qual é o melhor critério?
YVONNE: Em vez de lutar contra o racismo com ações afirmativas, colocando mais dinheiro nas periferias, o governo optou pelas cotas raciais reservando certo número de vagas na escola e, com o estatuto racial, no mercado de trabalho. Então, o país que não se pensava dividido está sendo dividido.
Seja como for, a ideia das cotas está ganhando adeptos.
YVONNE: Nem tanto. Pesquisa recente feita no Rio pelo Cidan (Centro Brasileiro de Informação e Documentação do Artista Negro), mostrou que 63% das pessoas são contra as cotas raciais. A maioria do povo brasileiro acha que todos somos iguais. Aprendemos isso na escola.
O objetivo era beneficiar negros e pardos. Agora no Rio já existem cotas para portadores de deficiência, para filhos de policiais, de bombeiros. A tendência é esse leque aumentar?
YVONNE: A lógica étnica ou racial não tem fim. Tudo surgiu porque houve pressão internacional com o sentido de combater o racismo. Mas quem domina os organismos internacionais são os países imperialistas, sobretudo Inglaterra e Estados Unidos, que têm uma visão imperialista de mundo dividido. Os EUA são um país dividido. Não pensam como nós. Lá a questão racial é a primeira identidade. Você pergunta “quem é você?”, e dizem: “sou afroamericano”, etc. Como não vivemos ódio racial no Brasil não sabemos o que é isso. O problema é que ao dividir e criar uma identidade racial, fica impossível voltar atrás.
O Brasil sucumbiu à pressão internacional?
YVONNE: A pressão talvez tivesse caído no vazio se não houvesse dinheiro americano nessa história. A Fundação Ford investiu milhões de dólares no Brasil, formando advogados, financiando debates, criando organizações não governamentais (ONGs). Não temos mais movimentos sociais. Quem luta em favor das cotas se transformou em ONG que recebe dinheiro do governo e da Fundação Ford. Juntou-se a fome com a vontade de comer. O governo inventa as ONGs, financia, e depois diz que as cotas são uma demanda do povo.
Como combater a desigualdade no acesso à universidade?
YVONNE: O Brasil tem que enfrentar a questão da educação básica de forma madura e consciente, investindo. Precisamos de recursos financeiros e humanos. Melhorar o salário dos professores e sua formação. E mudar a concepção de educação. Sem investimento não construiremos uma sociedade mais igual. Estamos criando uma sociedade mais desigual, escolhendo um punhadinho entre os pobres. Na verdade, a competição pelos recursos não é entre o filho da elite e o filho do pobre: ocorre entre os pobres.
Como a senhora vê a educação no Brasil?
YVONNE: A formação de professores e a concepção de educação são precárias. Não se obriga as escolas a ensinar. Obama acaba de fazer uma grande melhoria nos EUA: premia os bons professores. São os que ensinam melhor. E pune os maus. Quem não consegue fazer com que o seu aluno tire nota boa nas provas de avaliação externas, sai ou é reciclado.
Há luz no fim do túnel?
YVONNE: Sou otimista. Acho que as leis raciais não vingarão no Brasil. Creio que os congressistas têm mais juízo. E que em vez de lutar pelas cotas, o ministro da Educação deve fazer com que prefeitos e governadores cumpram as metas. Elas são excelentes. A idéia dele é fazer com que os municípios mais pobres recebam mais dinheiro. A opção é investir nas escolas e nos bairros mais pobres.
É possível conter o lobby das ONGs favoráveis às cotas?
YVONNE: É muito difícil ir contra grupos que se apresentam como o povo organizado. Temos que lutar pelo povo desorganizado, o povo que anda pela rua, que casa entre si, que joga futebol junto, que bebe cerveja, e não está o tempo todo pensando de que cor você é, de que cor eu sou. Povo é o que nos ensina que é melhor dar a mão do que negar um abraço.
Compartilho do ponto de vista da antropóloga Yvonne Maggie. Sempre estudei em escolas públicas, pois meus pais eram pobres, mas nem por isso deixei de me dedicar e passar no vestibular de uma universidade pública. E no meu tempo não existia acesso à internet. Atualmente, as possibilidades de se estudar sozinho (com livros ou via web) ou em cursinhos comunitários, é enorme. Após anos de formada, retomei os estudos na mesma universidade, em outro curso. Tenho colegas que são produtos do sistema de cotas raciais e, pasmem, não estudam, não se dedicam, não dão o melhor de si, ou seja, não valorizam a "facilidade" de entrar para uma universidade pública pelo sistema, e ainda se dizem discriminados. A dedicação ao estudo não tem a ver com a raça.
ANDRÉA DE S. NOGUEIRA MARQUES, Rio de Janeiro, RJ.
O Globo, 02/06/09.
A antropóloga Yvonne Maggie se aproxima da irresponsabilidade intelectual ao reduzir o debate de cotas a uma conspiração entre "racistas" e fundações internacionais para dividir o Brasil entre brancos e negros. Não bastando a perversa inversão de acusar de racistas aqueles que há mais de 60 anos lutam contra o racismo brasileiro e as suas consequências, reduz a uma "alucinação coletiva" décadas de estudos mostrando como o racismo compromete a trajetória de vida das pessoas, independentemente da sua condição social. A mobilização de setores importantes da intelectualidade e da grande mídia contra as cotas optou pela caricatura retórica, em vez de um debate sério sobre a eficácia ou não dessas políticas.
ATILA ROQUE, Brasília, DF.
O Globo, 02/06/09.
Você poderá dar a sua opinião sobre o tema na pesquisa do Observatório da Infância.
Não dá para ficar calado.