terça-feira, 3 de junho de 2008

Distrações digitais emburrecem a juventude, afirma especialista.

O jornal O Estado de São Paulo de 02/06/08, com o título acima, divulgou a opinião de Mark Bauerlein, 49 anos, professor da Universidade Emory, em Atlanta e ex-diretor de Pesquisa e Análise na Fundação Nacional para as Artes. Autor do livro "The dumbest generation: How the digital age stupefies young americans and jeopardizer our future" (A mais burra das gerações: como a era digital está emburrecendo jovens americanos e ameaçando o nosso futuro"). O livro recém lançado nos EUA vem causando polêmica.

Algumas afirmações do autor do livro merecem ser destacadas: "A tecnologia ligou os jovens de uma forma tão intensa que os relacionamentos com adultos estão diminuindo. Eles estão cada vez menos maduros, prolongando a adolescência até os 30 anos".

À pergunta, será que todos esses instrumentos digitais não trazem conhecimento também, ele respondeu: "Se eles usassem a internet para entrar no site da Galeria Nacional de Artes, seria maravilhoso; mas nove dos dez endereços da internet mais visitados por jovens são os sites de relacionamento. Os jovens tiraram toda sua concentração de livros, revistas, jornais, museus e tranferiram para as diversões virtuais".

E como lidar com essa onipresença de distrações digitais? - pergunta o entrevistador. "Não se trata de eliminar esses instrumentos da vida dos jovens, não se pode fazer isso; mas é preciso chegar a um equilíbrio".

Bauerlein valoriza a leitura obrigatória por algum período do dia. E nesse período de, por exemplo, uma hora por dia, nada de falar ao celular, mandar e-mail, ouvir música e navegar. "Uma pessoa não consegue ler enquanto faz outra coisa". E afirma que essas regras deveriam ser firmemente estabelecidas pelos pais.

A Folha de São Paulo de 28 de maio também divulgou materia de página inteira sobre o livro de Bauerlein, com o título "A internet me deixou burro demais". Segundo a Folha, os principais argumentos do livro são que na internet, os jovens dedicam-se só a sites que os aproximam de outros jovens, que pesquisas mostram que crianças e adolescentes lêem livro cada vez menos que a leitura na internet é superficial e tem como objetivo apenas encontrar materia e passá-la adiante. Bauerlein pegunta a seus críticos: "Quando um cientista diz que a tecnologia desafia as mentes e torna as pessoas mais espertas, eles está falando do MySpace? Ele sabe que os adolescentes passam muito mais horas em redes sociais do que estudando?"

Ótimo que o tema cause polêmica. Apenas porque é moderno, os pais não podem aceitar sem discussões que seus filhos sejam educados e adquiram conhecimentos que lhe são proporcionados predominantemente por outros adolescentes que estão na mesma situação de dependência da internet, que os seus próprios filhos.

Aliás, sobre o hábito de ler livros, Moacyr Scliar, escritor e médico, no jornal O Estado de São Paulo, de 28/05/08, com o título "Semeando o hábito da leitura", analisa alguns dados de pesquisas sobre hábitos de leitura de jovens no Brasil. Segundo ele, "a maioria dos jovens (70%) lê apenas por exigência curricular. Leitura não é vista como instrumento de progresso pessoal: 60% dos jovens não conhece ninguém que melhorou a vida por ler. Esses resultados dão boas sugestões sobre o que fazer para criar leitores. A família é nesse sentido uma verdadeira encubadora, e é preciso que os pais se conscientizem do seu papel. Ler para os filhos é estabelecer um vínculo afetivo e permite que a criança associe o objeto livro à figura protetora do pai e da mãe".

Pessoalmente, escolho esta última frase como um ensinamento que não deve ser esquecido pelos pais.

Não dá para ficar calado.

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